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Pequeno-almoço mais caro no último ano

Cereais integrais, café, queijo flamengo fatiado e pão de forma sem côdea revelaram o maior aumento de preço na última semana, que marcou o regresso de férias para muitos. Os cereais e o café fazem mesmo parte dos maiores aumentos no último ano. Veja quanto custa agora o cabaz alimentar monitorizado pela DECO PROteste.

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11 setembro 2025
pai com a filha num corredor de supermercado

iStock

O preço do cabaz alimentar monitorizado pela DECO PROteste registou uma ligeira subida na última semana. Entre 3 e 10 de setembro, o cabaz alimentar ficou 9 cêntimos (mais 0,04%) mais caro e custa agora 240,65 euros. Este é um dos preços mais elevados desde que a organização de defesa do consumidor começou a acompanhar o preço deste cesto de bens essenciais.

No início deste ano, a 1 de janeiro, o cabaz alimentar custava menos 4,48 euros (menos 1,9 por cento). Já em janeiro de 2022, os consumidores gastavam menos 52,95 euros (menos 28,21%) para comprar exatamente os mesmos produtos alimentares.

O típico regresso à rotina em setembro ficou mais caro: há um ano, a 11 de setembro, o carrinho de compras custava menos 13,05 euros (menos 5,73 por cento). E foram alguns dos produtos que compõem um pequeno-almoço comum que registaram um maior aumento percentual de preço,  quer na última semana (veja os detalhes mais abaixo), quer no último ano. Entre 11 de setembro de 2024 e 10 de setembro de 2025, os produtos com maiores aumentos estão em muitas mesas pela manhã: cereais integrais (mais 1,28 € ou 41%), café torrado moído (mais 1,55 € ou 41%) e ovos (mais 0,57 € ou 39 por cento).

Como é calculado o preço do cabaz?

Desde janeiro de 2022 que a DECO PROteste acompanha a evolução dos preços dos bens alimentares essenciais, analisando, todas as quartas-feiras, o custo total de um cabaz, com base nos preços recolhidos no dia anterior nos principais supermercados com loja online.

Começa-se por calcular o preço médio por produto em todas as lojas online do simuladorem que se encontra disponível. Depois, somando o preço médio de todos os produtos, obtém-se o custo do cabaz para um determinado dia. 

Veja a lista de 63 produtos que compõem o cabaz de bens essenciais

Carne

  • Lombo de porco
  • Frango inteiro
  • Febras de porco
  • Costeletas de porco
  • Bife de peru
  • Carne de novilho para cozer
  • Perna de peru

Peixe

  • Bacalhau graúdo
  • Dourada
  • Salmão
  • Pescada fresca
  • Carapau
  • Peixe-espada-preto
  • Robalo
  • Perca

Congelados

  • Douradinhos de peixe
  • Ervilhas ultracongeladas
  • Medalhões de pescada

Frutas e legumes

  • Laranja
  • Maçã gala
  • Maçã golden
  • Banana
  • Tomate
  • Couve-flor
  • Alface
  • Brócolos
  • Cenoura
  • Batata-vermelha
  • Curgete
  • Alho
  • Cebola
  • Couve-coração

Laticínios

  • Queijo curado fatiado embalado
  • Queijo flamengo fatiado embalado
  • Leite UHT meio-gordo
  • Manteiga com sal
  • Iogurte de aroma (pack de oito)
  • Iogurte líquido de morango (pack de quatro)
  • Ovos

Mercearia

  • Grão cozido
  • Feijão cozido
  • Óleo alimentar 100% vegetal
  • Azeite virgem extra
  • Sal grosso
  • Arroz carolino
  • Arroz agulha
  • Salsichas Frankfurt
  • Atum posta em azeite
  • Atum posta em óleo
  • Açúcar branco
  • Massa espirais
  • Esparguete
  • Polpa de tomate
  • Farinha para bolos
  • Cereais de trigo, arroz e aveia integrais
  • Flocos de cereais de mel
  • Cereais de fibra
  • Carcaça tradicional
  • Peito de peru fatiado
  • Fiambre da perna fatiado
  • Bolacha maria
  • Pão de forma sem côdea
  • Café torrado moído

Quais os produtos que mais aumentaram? 

Na última semana, entre 3 e 10 de setembro, os produtos cujo preço mais aumentou percentualmente foram os cereais integrais, o café torrado moído, o queijo flamengo fatiado embalado e o pão de forma sem côdea.

Se compararmos os preços desta semana com os da primeira semana do ano, a 1 de janeiro de 2025, a maior subida percentual de preço verificou-se em produtos como brócolos (mais 45%), o café torrado moído (mais 40%), a laranja (mais 31%) e os ovos (mais 28 por cento).

Já desde que a DECO PROteste iniciou esta análise, a 5 de janeiro de 2022, os maiores aumentos percentuais foram os da carne de novilho para cozer (mais 92%), os dos ovos (mais 81%), os da laranja (mais 81%) e os do café torrado moído (mais 78 por cento).

Preço do cabaz aumentou 5,20 euros desde o fim do IVA zero

Para conter a subida dos preços na alimentação em 2023, a 27 de março de 2023, o Governo assinou um acordo com o retalho alimentar e o setor da produção agroalimentar que se traduziu na isenção de IVA num cabaz com mais de 40 alimentos entre 18 abril de 2023 e 4 de janeiro de 2024. A lista de produtos com IVA zero foi definida com base nas recomendações da Direção-Geral da Saúde e incluía os alimentos mais consumidos pelas famílias em Portugal.

Veja a lista dos 46 tipos de produtos que tiveram isenção de IVA

Frutas (no estado natural)

  • Maçã
  • Banana
  • Laranja
  • Pera
  • Melão

Legumes (frescos ou refrigerados, secos, desidratados ou congelados, ainda que previamente cozidos)

  • Cebola
  • Tomate
  • Couve-flor
  • Alface
  • Brócolos
  • Cenoura
  • Curgete
  • Alho-francês
  • Abóbora
  • Grelos
  • Couve-portuguesa
  • Espinafres
  • Nabo
  • Ervilhas

Cereais e derivados, e tubérculos

  • Pão
  • Arroz (em película, branqueado, polido, glaciado, estufado, convertido em trincas)
  • Massas alimentícias e pastas secas similares, excluindo massas recheadas
  • Batata (em estado natural, fresca ou refrigerada)

Leguminosas (em estado seco)

  • Feijão-vermelho
  • Feijão-frade
  • Grão-de-bico

Laticínios

  • Leite de vaca em natureza, esterilizado, pasteurizado, ultrapasteurizado, fermentado ou em pó;
  • Iogurtes ou leites fermentados
  • Queijo

Carne e miudezas comestíveis, frescas ou congeladas

  • Porco
  • Frango
  • Peru
  • Vaca 

Peixe fresco, refrigerado, congelado, seco, salgado ou em salmoura, com exclusão do peixe fumado ou em conserva

  • Bacalhau
  • Pescada
  • Sardinha
  • Carapau
  • Dourada
  • Cavala

Gorduras e óleos

  • Azeite
  • Óleos alimentares vegetais
  • Manteiga

Outros

  • Ovos de galinha (frescos, secos ou conservados)
  • Atum em conserva
  • Bebidas e iogurtes de base vegetal, sem leite e laticínios, produzidos à base de frutos secos, cereais ou preparados à base de cereais, frutas, legumes ou produtos hortícolas
  • Produtos dietéticos destinados à nutrição entérica e produtos sem glúten para doentes celíacos

De acordo com a DECO PROteste, desde o último dia de isenção de IVA nos alimentos, a 4 de janeiro de 2024, o cabaz de 41 alimentos que tiveram IVA zero viu o seu preço subir 5,20 euros (mais 3,66%), de 141,97 euros para 147,18 euros, a 10 de setembro de 2025. 

As contas da organização de defesa do consumidor revelam que a dourada, a carne de novilho para cozer e os ovos foram os produtos que registaram as maiores subidas percentuais de preço desde o último dia da isenção de IVA, a 4 de janeiro de 2024, com aumentos de 36%, 36% e 35%, respetivamente.

Porque aumentaram os preços dos alimentos nos últimos três anos?

A invasão da Rússia à Ucrânia, de onde eram provenientes grande parte dos cereais consumidos na União Europeia (e em Portugal) veio pressionar o setor agroalimentar, que estava há já vários meses a braços com as consequências da pandemia de covid-19 e da seca. A limitação da oferta de matérias-primas e o aumento dos custos de produção, nomeadamente dos fertilizantes e da energia, necessários à produção agroalimentar, refletiu-se, por isso, num incremento dos preços nos mercados internacionais e, consequentemente, nos preços ao consumidor de produtos como a carne, os hortofrutícolas, os cereais de pequeno-almoço ou o óleo vegetal em 2022.

Taxa de inflação volta a acelerar em agosto

Os consecutivos aumentos dos preços ao consumidor, nomeadamente em produtos como a alimentação, contribuíram para o aumento da taxa de inflação para níveis históricos em 2022. No entanto, de acordo como Instituto Nacional de Estatística (INE), no final do ano passado, a taxa de inflação média anual terá ficado nos 2,4%, um valor bastante abaixo dos 4,3% de 2023 e dos 7,8% de 2022. Em abril de 2025, contudo, a taxa de inflação do País voltou às subidas, depois de três meses consecutivos a descer. De acordo com os dados do Instituto Nacional de Estatística, em julho fixou-se nos 2,6%, e, em agosto, atingiu os 2,8 por cento.

Para poupar nas compras semanais, pesquise os supermercados mais baratos e compare o índice diário das várias cadeias de distribuição para o mesmo cabaz de produtos, no simulador da DECO PROteste, disponível na plataforma Saber Poupar, em www.saberpoupar.pt. Pode pesquisar por distrito ou concelho e até selecionar o tipo de alimentos que costuma comprar.

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