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Heranças: maioria dos portugueses não preparam a sucessão

Num inquérito realizado pela DECO PROteste, no qual participaram 872 pessoas, três quintos dos inquiridos revelaram que os entes queridos não prepararam a sucessão. Nem sequer uma conversa com os herdeiros sobre a repartição dos bens. Conheça os resultados do inquérito sobre formalidades após a morte e heranças.

Especialista:
20 dezembro 2024
Mulher pensativa sentada em frente ao portátil

iStock

Pensar em tratar de formalidades relacionadas com os bens a deixar aos herdeiros, enquanto ainda se está vivo, pode trazer um arrepio na espinha. Afinal, é preparar algo que, no geral, não se pretende: a morte. Talvez por isso, um dos resultados mais expressivos do inquérito que a DECO PROteste levou a cabo, entre maio e junho de 2024, acerca de formalidades após a morte e heranças, foi este: 62% dos falecidos não tinham preparado, de nenhuma forma, a sua sucessão.

Das ações sugeridas no inquérito, a mais frequente, mas que aconteceu em apenas 15% dos casos, foi uma conversa entre o ente querido e os herdeiros acerca da repartição dos bens, abordando aspetos como as formalidades a cumprir, a existência de um testamento, os impostos a pagar, etc. Menos de um décimo dos falecidos deixaram os documentos necessários reunidos e organizados. Apenas um em cada dez resolveu a questão fazendo partilhas em vida.

Formalidades após a morte decorrem em condições adversas

A vida, após a morte de um ente querido, é difícil. Logo depois do falecimento, pode haver sentimentos de choque, inconformação, tristeza profunda, e outros, que tomam conta da existência do enlutado. Contudo, é nesta fase que os herdeiros têm também de cumprir uma série de formalidades obrigatórias.

Se houver mais do que um herdeiro, é ao cabeça-de-casal que caberá administrar a herança até que seja feita a partilha dos bens. Esta pessoa terá de comunicar o óbito às Finanças até ao final do terceiro mês após a ocorrência, juntando a lista dos bens sujeitos a Imposto do Selo (contas bancárias, Certificados de Aforro, etc.) e comprovativos das entidades responsáveis.

Dependendo do património existente, esta formalidade pode obrigar a um périplo por várias entidades para obter os documentos necessários. Quando o processo não é preparado, o que, como vimos, é o mais frequente, os herdeiros podem nem sequer estar conscientes da totalidade dos bens, o que dificulta ainda mais o cumprimento daquela formalidade.

DECO PROteste exige mais tempo e menos burocracia para as formalidades após a morte

A DECO PROteste considera que três meses é um prazo demasiado curto para cidadãos que se encontram fragilizados reclamarem aquilo que lhes pertence. Arriscam, até, ficar sem alguns bens, por não saberem da sua existência, uma vez que, não sendo reclamados em tempo útil, são considerados abandonados a favor do Estado.

A organização de consumidores tem vindo a exigir a simplificação dos processos de identificação dos bens e a centralização da informação numa única entidade, com a obtenção de um mapa completo dos bens que compõem a herança. Essa centralização poderia ser feita, por exemplo, no Espaço Óbito, um balcão onde se pode tratar de assuntos relacionados com a morte de um familiar.

Tomar algumas medidas simples, em vida, pode aliviar a carga dos herdeiros e permitir-lhes um luto mais tranquilo. Mesmo assim, à semelhança do que aconteceu com os falecidos, 44% dos inquiridos afirmaram ainda não terem feito nada nesse sentido. Dos que já fizeram algo, 36% apostaram na subscrição de um seguro de vida.

Entre os inquiridos com mais de 65 anos, cerca de metade deles não fizeram, nem tencionam fazer, testamento ou partilhas em vida. Quanto a conversar com os herdeiros, 41% planeiam fazê-lo, enquanto 37% já o fizeram. Cerca de um terço indicou já ter os documentos necessários em ordem.

DESCUBRA OUTROS RESULTADOS DO INQUÉRITO A 872 PORTUGUESES

 

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