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Vinhos dentro da caixa: será que o bag-in-box vale mesmo a pena?

Continuam a ser alvo de preconceito entre os convivas mais tradicionais, mas os vinhos bag-in-box estão a ocupar um espaço cada vez mais relevante no mercado vinícola nacional. Será que vale a pena trocar a garrafa pela caixa? Conheça as vantagens e os desafios do formato bag-in-box. 

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19 novembro 2025
Copo de vinho tinto ao lado de uma caixa de vinho

iStock

Há quem lhe chame, de forma depreciativa, "vinho da torneira" ou "vinho de pacote", mas a verdade é que o bag-in-box está a conquistar cada vez mais espaço nas casas dos portugueses e nas prateleiras dos supermercados. Tudo porque o setor vitivinícola tem sido mais recetivo aos vinhos dentro da caixa, embora estes continuem a ser mal-amados entre os apreciadores mais conservadores. 

Apesar do preconceito, em Portugal, o bag-in-box ganhou expressão nas últimas duas décadas, deixando de estar associado apenas a vinhos de entrada de gama, os que noutros tempos se chamavam vinhos de mesa, e de baixo custo. Hoje, a promessa continua a ser tentadora: vinho mais barato, prático e com maior durabilidade depois de aberto. Mas será que ainda compensa deixar a garrafa de lado? 

O que é o bag-in-box?

Literalmente, é um saco dentro de uma caixa, e o nome diz tudo. No interior da caixa de cartão, um saco resistente e flexível protege o vinho do ar e da luz. À medida que o líquido é servido pela torneira que se encontra agregada, o saco contrai-se, impedindo a entrada de oxigénio, o grande inimigo do vinho. 

Este saco deve ter as seguintes propriedades:

  • inércia ao vinho (não reage, nem transfere odor e sabor);
  • resistência mecânica (não rasga, nem perde selagem);
  • barreira ao oxigénio e também à luz;
  • boa selagem das junções, incluindo em redor da torneira.

No exterior, a caixa também protege o seu conteúdo da luz e do calor. Embora o cartão não sirva de barreira ativa ao oxigénio, a caixa exerce papéis igualmente importantes para a conservação do vinho, confere estrutura, proteção e estabilidade no transporte e armazenamento.

Vantagens do bag-in-box

Dura mais tempo depois de aberto

Este é um dos seus maiores benefícios. Depois de iniciado o consumo, o vinho pode durar entre quatro e seis semanas, graças à ausência de oxigénio dentro do saco. Já em garrafa, depois de aberto, o vinho tende a oxidar rapidamente. A durabilidade pode também variar de acordo com o tipo de vinho: os tintos costumam conservar-se melhor do que os brancos e os rosés. 

Mais prático e leve

Dispensa saca-rolhas, a embalagem é leve, resistente e segura, não parte, e é fácil de transportar e de guardar. 

Mais económico e sustentável

O preço por litro pode ser até 50% mais baixo do que o da garrafa, tendo em conta que é mais barato de produzir e de transportar. Disponível em embalagens de três ou cinco litros, pode encontrar estes vinhos a partir de 1 euro por litro.

Sem desperdício

Perfeito para quem bebe vinho ocasionalmente e em pequenas quantidades, uma vez que permite prolongar o consumo sem desperdício. Também é uma boa alternativa para o segmento HORECA (hotelaria, restauração e cafés), para o serviço de vinho a copo. 

Desvantagens e limitações

Não serve para vinhos de guarda

O bag-in-box é indicado para vinhos jovens, prontos a beber. Não é adequado para o envelhecimento, ao contrário da garrafa.

O preconceito

Apesar de estar a mudar, ainda existe a perceção de que o bag-in-box é sinónimo de vinho barato. A garrafa ainda está associada a maior qualidade, enquanto as embalagens de cartão enfrentam o preconceito de menor qualidade. Além disso, as opções são ainda limitadas, concentrando-se em vinhos jovens e, por vezes, não certificados.

Temperatura e espaço

A medição da temperatura do vinho torna-se mais difícil nesta embalagem. Também a falta de espaço no frigorífico pode dificultar a refrigeração. 

Dicas para a melhor experiência com o bag-in-box

Criado em 1955, nos Estados Unidos da América, para líquidos industriais, o sistema bag-in-box foi patenteado para o vinho uma década mais tarde por Thomas Angove, produtor australiano. A Europa foi mais resistente na adoção do sistema, em parte devido à forte tradição do vinho em garrafa. Só a partir dos anos 1980, a embalagem de cartão começou a ganhar força, sobretudo nos países nórdicos. Por cá, só a partir do final da primeira década deste século começou a conquistar público, com cada vez mais produtores de vinhos certificados a adotar este formato.  

Para uma melhor experiência com o bag-in-box:

  • compre preferencialmente em estabelecimentos climatizados, onde as embalagens não estão expostas ao sol; 
  • leia bem os rótulos. Os vinhos com Indicação Geográfica (Vinho Regional) ou com Denominação de Origem são submetidos a um processo de certificação, pelo que devem garantir melhor qualidade; 
  • deve consumir o vinho jovem, uma vez que não melhora com o tempo; 
  • guarde a embalagem em local fresco, antes e depois de aberta, pois as oscilações de temperatura não são favoráveis. 
  • deve consumir os tintos entre os 16 e os 18ºC, e os brancos e rosés entre os 10 e os 12ºC.

Apesar de os vinhos em garrafa representarem o grosso da comercialização do vinho em Portugal, o formato bag-in-box impõe-se com uma presença cada vez mais visível e importante. Adaptável a diferentes ocasiões e perfis de consumo, o vinho dentro da caixa apresenta sempre preços mais acessíveis, mesmo quando comparado com o mesmo vinho nas habituais garrafas de 75 cl. Mas, por vezes, a tradição é sempre a mais difícil de ultrapassar. 

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