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Os bons vinhos nem sempre são os mais caros

A qualidade dos vinhos nacionais tem vindo a melhorar. Verifica-se também que os que obtêm melhores classificações tendem a ser mais caros. Mas há exceções. As análises e provas dos 1500 vinhos testados desde 2020 pela DECO PROteste permitem descobrir marcas baratas de muito boa qualidade.  

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21 janeiro 2025
Três copos de vinho, tinto, rosé e branco, sobre uma pipa de vinho, com uvas ao lado e uma vinha ao fundo

iStock

Muitos consumidores “medem” a qualidade do vinho pelo preço e escolhem determinados néctares mais caros para ocasiões especiais, certos de que serão de qualidade superior. A DECO PROteste analisou a qualidade e o preço de 1500 vinhos nos últimos cinco anos e revela que alguns surpreendem e deitam por terra todo e qualquer preconceito. Há vinhos baratos de muito boa qualidade. Se é subscritor do Guia de vinhos, tem acesso a todos os resultados para fazer boas escolhas e poupanças, tanto no livro impresso como no comparador online de vinhos.

Qualidade dos vinhos aumentou em cinco anos

Nos gráficos abaixo, verifica-se um acréscimo de qualidade nos vinhos das colheitas mais recentes, para todas as franjas de preços, sendo esta constatação mais marcante nos vinhos brancos. A leitura destes gráficos permite também concluir que a qualidade global dos vinhos sobe à medida que os preços aumentam. Tal poderá sugerir que existe uma ligação direta entre o preço e a qualidade.

 

Há cinco anos, os vinhos brancos mais baratos, com preços médios até 5 euros, não passavam da média qualidade (64% em média). Mas, nas colheitas mais recentes testadas em 2024, verifica-se que conseguem reunir uma boa apreciação global, com um resultado de 73%, em média. Já os vinhos com preços médios superiores a 10 euros obtêm uma avaliação global superior, atingindo a zona de muito boa qualidade (85 por cento). 

 

A qualidade média dos vinhos tintos até cinco euros segue a tendência dos brancos, tendo aumentado de 72% em 2020 para 76% nos testes mais recentes de 2024. E, uma vez mais, os vinhos mais caros tendem a ser de melhor qualidade. Os que custam em média mais de dez euros obtêm uma avaliação global média superior, de 82% em 2024.   

Os peritos da DECO PROteste congratulam os vinicultores pela melhoria sustentada de qualidade dos vinhos nacionais que têm produzido. Segundo as análises em laboratório, tal deve-se, em parte, a uma utilização mais cuidada de aditivos (sulfitos e dióxido de enxofre) por parte dos produtores.

Ainda assim, os analistas de mercado ressalvam que a amostra de 300 vinhos testados varia ano após ano. A escolha dos vinhos baseia-se na representatividade das marcas e na disponibilidade das colheitas na altura da publicação dos resultados. Como tal, as conclusões apontam apenas para uma tendência geral. Ao analisar mais em pormenor as marcas que se repetiram pelo menos três vezes ao longo dos cinco anos de testes, verifica-se que nem todas seguem esta tendência geral

Marcas com oscilações de qualidade ao longo dos anos 

A qualidade global média dos vinhos tem aumentado, mas não existe, na maior parte das marcas, uma relação linear de crescimento ou de decréscimo na qualidade global.

Numa janela de tempo de cinco anos, verificou-se um acréscimo de qualidade nos vinhos mais recentes em cerca de metade dos vinhos testados, em parte, graças a uma diminuição de conservantes, como já referido. Eis alguns exemplos que mostram oscilações na qualidade dos vinhos ao longo do tempo.

Alguns vinhos brancos que melhoraram

  • O Mula Velha de 2019 obteve o resultado de 50%, tendo o de 2023 ascendido aos 76%.
  • O Vale dos Barris passou de uma nota global negativa de 39% em 2019, para 68% na colheita de 2020, atingindo 80% em 2023.
  • O Contemporal, exclusivo do Continente, que tinha uma qualidade mediana em 2020 e 2021, passou a fasquia da boa qualidade na colheita de 2023, com 73% no resultado final.  
  • O Aveleda Alvarinho é outro exemplo de vinho que tem vindo a melhorar: a colheita de 2019 obteve 70%, já as de 2020 e 2021 subiram para 83% e o de 2022 para 83%. 
  • A qualidade global do Muralhas de Monção, por sua vez, passou de 65% em 2019, para 78% nas colheitas de 2020 e 2022.

Alguns vinhos tintos que melhoraram 

  • O Vidigueira Syrah de 2019 obteve 68% na Apreciação Global e o de 2021 chegou aos 90%.
  • A qualidade global do JP Azeitão Syrah, Castelão e Aragonez passou de 70% em 2019 para 75% em 2022.
  • O Esteva também tem vindo a melhorar, passando de 64% nas colheitas de 2018 e 219 para 75% em 2022. 
  • O Marquês de Borba, por sua vez, subiu de 75% em 2018, para 78% em 2020 e 83% na colheita mais recente, de 2022.

Outros vinhos, por sua vez, mantiveram uma qualidade relativamente constante ao longo dos anos, como nos exemplos que se seguem.

  • O tinto Sossego Touriga-Nacional, Aragonez e Syrah obtém apreciações globais de 73% e 74% para as colheitas de 2018, 2020 e 2022.
  • O Pacheca seguiu a mesma tendência, com resultados muito semelhantes entre 70% e 73%, nas colheitas de 2018, 2020 e 2021.
  • Por sua vez, o vinho branco Herdade do Rocim atingiu sempre resultados superiores a 83% nas colheitas de 2020, 2022 e 2023.

Pelo contrário, alguns vinhos ostentaram grandes oscilações de qualidade de ano para ano. Na verdade, são muitos os fatores que podem influenciar a qualidade de um vinho: o clima, as castas selecionadas, o grau de maturação das uvas utilizadas, o processo de vinificação e o tempo de estágio, por exemplo.

    Alguns vinhos brancos com oscilações

    • O QM Alvarinho 2019 obteve uma apreciação global de 70%, o de 2020 ascendeu aos 90%, baixando em 2022 para 80%. 
    • O Fiuza 3 Castas de 2019 atingiu a boa qualidade global de 76%, já o de 2020 desceu para 44%, tendo recuperado em 2022 uma nota final de 67%.
    • O João Pires 2019, por sua vez, obteve uma apreciação global de 65%, o de 2020 75% e o de 2021 80%, tendo o de 2023 descido para 69%.
    • O Papa Figos também apresentou oscilações, com 75% em 2021, 64% em 2022 e 83% em 2023.

    Alguns vinhos tintos com oscilações

    • O Cistus 2018 obteve uma apreciação global de 85%, o de 2019 de 66% e o de 2021 de 75%. 
    • O Periquita 2018 atingiu uma qualidade global de 75%, que se manteve sensivelmente em 2019 (73%), mas o de 2022 sofreu uma queda acentuada para 44%.
    • Por sua vez, o Quinta da Mimosa de 2017 obteve 77% na qualidade global, tendo a colheita de 2019 caído para 48% e a de 2022 superado a fasquia da muito boa qualidade, com 90% na nota final.

    Genericamente, ao longo destes cinco anos, foram poucos os vinhos com resultados negativos. Quando estes aparecem, não se devem a piores resultados na prova de degustação, mas, antes, a más notas nas análises laboratoriais, nomeadamente no parâmetro dos conservantes. Ainda que respeitem a lei no que toca aos valores de dióxido de enxofre, a DECO PROteste é mais exigente, por considerar que não são necessárias doses tão elevadas de conservantes.

    Vinhos brancos e tintos com muito boa qualidade até cinco euros 

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