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Preço do azeite em queda, mas ainda caro

Desde 2022, o preço do azeite registou fortes subidas devido à quebra de produção em Espanha. Após atingir máximos históricos em 2024, começou a cair gradualmente. Saiba o que esperar do preço do azeite nos próximos meses.

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29 setembro 2025
azeite

iStock

Portugal está entre os maiores produtores e consumidores per capita de azeite do mundo. Os portugueses utilizam-no diariamente na culinária, o que fez com que o aumento do preço do azeite a partir de 2022 tenha tido um impacto direto nas famílias, que restringiram o seu consumo. Mas, após mais de dois anos a subir para valores impensáveis, o preço do azeite virgem extra está, finalmente, em queda.

O azeite está incluído no cabaz de 63 bens alimentares essenciais monitorizado pela DECO PROteste desde o início de 2022. A guerra na Ucrânia, iniciada a 24 de fevereiro, acentuou a subida drástica dos preços da alimentação à escala global.

Em Portugal, em apenas um ano de guerra, o cabaz alimentar passou de 183,63 para 226,60 euros, refletindo um aumento significativo (+23 por cento). O recorde do cabaz alimentar foi alcançado a 16 de julho de 2025, quando atingiu os 245,79 euros, mais 62,16 euros (+34%) do que custava antes do conflito.

Preço do óleo desce, azeite sobe até abril de 2024

A evolução dos preços dos alimentos não foi homogénea para todos os produtos. Alguns, como o óleo alimentar e o azeite virgem extra, tiveram comportamentos bastante distintos.

Em 2022, após uma subida significativa a partir de fevereiro, o preço do óleo começou a descer enquanto o preço do azeite virgem extra seguiu o caminho inverso. Esta valorização deveu-se, sobretudo à quebra da produção de azeitona provocada pela seca, com mais impacto em Espanha, o maior produtor mundial de azeite, o que pressionou a oferta e fez disparar os preços.

A partir de junho de 2023, o preço do óleo alimentar estabilizou, mantendo-se em valores até inferiores ao registado antes da guerra da Ucrânia. Contudo, o cenário foi bem diferente para o azeite virgem extra, cujo preço escalou até abril de 2024.

Quanto custa uma garrafa de azeite virgem extra?

A partir de 2022, o aumento gradual do preço do azeite foi impulsionado por vários fatores. A destacar a seca, que reduziu a produção de azeitona na bacia do Mediterrâneo (menos 40%, em 2022, em Portugal), a subida da inflação e dos custos energéticos, transportes e fertilizantes, devido, sobretudo ao início da guerra na Ucrânia.

Eis a evolução do preço médio de uma garrafa de azeite virgem extra 0,75 cl, na primeira semana de janeiro:

• 2022: 4,46 euros;
• 2023: 5,92 euros;
• 2024: 11,06 euros;
• 2025: 9,52 euros.

 

Como se pode constatar pelo gráfico, o preço do azeite foi subindo paulatinamente, desde o início de 2022. A 5 de janeiro desse ano, uma garrafa de 75 centilitros de azeite virgem extra custava, em média, 4,46 euros. Um ano mais tarde, a mesma garrafa valia, em média, 5,92 euros, ou seja, mais 32,67 por cento.

A 3 de janeiro de 2024, o preço já estava em 11,06 euros, um subida de 5,14 euros (+86,75%) face ao ano anterior. No dia 3 de abril, atingiu o valor recorde histórico de 12 euros. Este foi o período em que o preço do azeite mais pesou na carteira dos portugueses.

Embora o preço tenha descido nos meses seguintes, na primeira semana de 2025, uma garrafa de azeite custava 9,52 euros, ou seja, mais 5,06 euros do que no início de 2022. 

Qual o impacto do IVA Zero no preço do azeite?

O IVA Zero no cabaz alimentar essencial, implementado pelo Governo para fazer face à forte subida dos bens alimentares, ajudou a controlar a subida do preço do azeite, embora o efeito percebido tenha sido limitado.

A 17 de abril de 2023, véspera da entrada em vigor deste regime excecional do IVA, o azeite virgem extra custava 7,52 euros, em média. Apesar de uma ligeira descida inicial, a partir de setembro, o preço disparou e o impacto da medida deixou de se fazer sentir na carteira dos consumidores. Com efeito, no último dia da vigência da medida, 4 de janeiro de 2024, o preço do azeite virgem extra já atingia 10,65 euros, um acréscimo de 3,13 euros face a abril. Ou seja, um aumento de 41,61 por cento.  

Atualmente, comprar uma garrafa de 75 centilitros custa 6,87 euros (preço a 10 de setembro). Ainda assim, é mais caro 2,41 euros do que no início do ano em que deflagrou o conflito entre a Ucrânia e a Rússia. Isto é, cerca de 54% mais caro do que em 5 de janeiro de 2022.

Em resumo, o preço do “ouro líquido” continua bastante acima dos valores praticados nos primeiros meses de 2022, antes do choque inflacionista no setor alimentar ter impactado o orçamento familiar dos consumidores.   

Previsões para 2025: o preço do azeite vai baixar?

Passaram, entretanto, mais de três anos e meio desde que a DECO PROteste começou a monitorizar a evolução do preço do cabaz de produtos essenciais. Depois de o preço do azeite ter atingido, nos últimos dois anos, valores históricos, assiste-se agora a uma tendência de descida do preço.

De acordo com as Estatísticas Agrícolas 2024, do INE, em 2024, a produção nacional de azeite atingiu as 180 mil toneladas, o que representa a segunda maior produção desde que existem dados estatísticos. No primeiro semestre deste ano, havia perspetivas de um aumento da produção em 2025, em Portugal, mas as expectativas são, agora, mais moderadas devido aos meses consecutivos de calor que se registaram. Em declarações à Olive Oil Time, Jeremias Távora, director-geral da Olivo Gestão, afirmou que os produtores portugueses prevêem uma colheita semelhante à da época passada.

Em Espanha, o verão foi extraordinariamente quento e seco. É, por isso, uma incógnita se os preços vão estabilizar. No entanto, dificilmente voltarão aos valores que precederam 2022.

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