Peniche: o que visitar e alojamento desde 268 euros para fim de semana
Peniche vai além do surf e do peixe fresco. Entre falésias imponentes, fortalezas históricas e ilhéus selvagens, a cidade é hoje um símbolo de liberdade. Descubra o lado mais autêntico nesta viagem.

O som das gaivotas ecoa pelas ruas de Peniche. Está presente por toda a parte. Quem lá vive ou trabalha já nem repara neste som estridente que sobressai sobre o barulho do mar. É o mesmo som que há mais de 50 anos percorria os corredores e celas dos antigos blocos prisionais do Forte de Peniche, um som de liberdade que fez sonhar os mais de 2600 homens que por ali passaram entre 1934 e 1974.
Abril é o mês em que se comemora a liberdade e a democracia em Portugal – e que melhor sítio para o fazer do que no Museu Nacional Resistência e Liberdade na Fortaleza de Peniche?
O Forte de Peniche, em conjunto com o Forte de Caxias e o Aljube, em Lisboa, eram as três prisões políticas onde se viam detidos aqueles que discordavam da política praticada durante o regime do Estado Novo. Esta visita é um testemunho de resiliência, de coragem e de esperança.
Museu Nacional Resistência e Liberdade renovado
Ao chegar ao Museu Nacional Resistência e Liberdade, o visitante depara de imediato com um mural com as centenas de nomes dos homens que ali estiveram detidos. Presos que se cruzavam pelos corredores, que ouviam rumores revolucionários, alguns dos quais acabariam por sair dali e fazer parte da história política portuguesa.
O museu, que reabriu portas em 2024, pelas comemorações dos 50 anos do 25 de Abril, apresenta vários núcleos de exposição. A visita começa pelo Parlatório, o espaço que servia de ligação com o exterior e onde os detidos recebiam familiares e amigos, sob o olhar atento dos guardas prisionais. Aqui, palavras de ordem estão escritas nos vidros das cabines, como gritos que surgem no silêncio desta sala austera.
O percurso leva os visitantes para o interior do edifício principal, subindo escadas gastas pelo tempo, até ao Pavilhão Prisional C, com a exposição de longa duração, passando depois para as celas de alta segurança, no piso 2, onde pouco mais de uma dúzia de passos separam a porta da janela, e pelos pavilhões D e B, este último com as celas de onde saíram os presos políticos libertados a 27 de abril de 1974. A visita termina numa sala onde cânticos revolucionários ecoam, provenientes de ecrãs que mostram imagens de arquivo da Revolução dos Cravos.
Rumar livremente por Peniche
Ao sair do Forte de Peniche, um peso levanta-se. Talvez tenha sido essa a sensação de liberdade sentida por quem ali esteve preso. É com esse sentimento que lhe propomos que parta agora à descoberta de Peniche. A começar pelo Bairro do Visconde, a apenas 500 metros da fortaleza. Aquele que começou por ser um bairro de pescadores expandiu-se no século XX, de modo a acomodar os que chegavam de fora para trabalhar na pesca e na indústria conserveira, mas o tempo não apagou as suas características nem o seu charme.
Ali, vai sentir a génese de Peniche, nas casas simples de fachada colorida, nos desenhos e elementos decorativos alusivos à pesca, nos estendais com aroma a roupa lavada, que se mistura com a brisa do mar, sempre à espreita no final das ruas.
Este é um percurso para ser feito sem pressa, apreciando os detalhes, percorrendo a arriba e trocando um "bom dia" e dois dedos de conversa.
Terra de bordadeiras e renda de bilros
Peniche é terra de bordadeiras, uma arte defendida com orgulho. A estátua a homenagear as rendilheiras foi erguida no Jardim do Centro, onde os bancos são decorados com desenhos de renda e onde tem lugar a Mostra Internacional de Renda de Bilros (este ano, de 11 a 13 de julho), que reúne artesãos de vários países.
É lá que também encontra a Escola Municipal de Renda de Bilros, mesmo ao lado do Posto de Turismo. Se for durante a semana, em horário escolar, verá as mais antigas artesãs em atividade. Reúnem-se aqui diariamente, para darem continuidade a esta arte, apesar de a maioria já estar reformada. Os seus dedos continuam jovens como no dia em que deram o primeiro torcido e, de bilros em punho, dão vida a padrões e desenhos elaborados. A 10 minutos, por detrás da Igreja de São Pedro, está o Museu da Renda de Bilros, local onde pode ficar a conhecer ainda melhor esta arte e o que representa para Peniche.
A liberdade das ondas
Peniche tornou-se também uma terra de surfistas. Por onde quer que ande, a probabilidade é grande de encontrar pessoas com uma prancha de surf debaixo do braço. Há muito que a localidade atrai surfistas de todo o mundo, graças à qualidade das suas praias e ondas, tendo ficado ainda mais conhecida com a realização anual de uma das etapas do Circuito Mundial de Surf.
A Ilha do Baleal é um dos locais onde se sente a verdadeira essência do surf. Descontraia numa esplanada enquanto observa as ondas e os surfistas ou, quem sabe, enquanto ganha coragem para se aventurar na experiência de deslizar sobre o mar.
Da Praia de Supertubos ao Baleal, são cerca de cinco quilómetros de litoral que recebem centenas de surfistas todos os dias. E pode vê-los a dominar as ondas, livres, ao som do mar e das gaivotas.
Informações úteis
O custo mínimo para estada a dois, de 25 a 27 de abril, é de 268 euros. Inclui alojamento em hotel de quatro estrelas com pequeno-almoço. O preço foi recolhido online, a 20 de fevereiro, para Peniche e área envolvente (até cerca de cinco quilómetros).
Como chegar
A partir de Lisboa, faça uma viagem de carro pela A8 ou apanhe um autocarro da Rodoviária do Oeste, que tem ligação direta a partir do Campo Grande. Se vier do Norte, o acesso faz-se pela A1, A17 e A8.
Ir em abril
Esta é a altura ideal para conhecer Peniche. Evita as multidões do verão e aproveita uma atmosfera mais autêntica da cidade. Contudo, tenha em consideração que as temperaturas podem rondar os 12°C a 18°C. Por isso, leve um agasalho.
Entregue-se aos sabores do mar
Em Peniche, os sabores do mar são as verdadeiras estrelas. Aproveite a viagem para experimentar a caldeirada de peixe, o arroz de marisco ou o polvo à lagareiro. O peixe fresco grelhado é também uma aposta segura em quase todos os restaurantes, sobretudo na zona do porto de pesca e da Avenida do Mar.
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