Termas de Luso: roteiro terapêutico de fim de semana desde 188 euros

No coração da Serra do Bussaco, onde a natureza sussurra histórias antigas, a água trilha o seu caminho por entre rochas de quartzo formadas há mais de 400 milhões de anos. Cristalina e carregada de minerais, esta água sacia a sede e atribuem-lhe propriedades curativas há séculos. É muito provável que já a tenha visto nas prateleiras do supermercado e provado. Chama-se Água de Luso, e está na base de uma das termas mais antigas do País.

O famoso "Banho"

Quando chegamos à vila de Luso, a cerca de oito quilómetros do centro da Mealhada, percebemos que tudo gira em torno deste bem natural. É o motor de atividade desta pequena localidade, bem como a serra.

As Termas de Luso remontam a 1852, altura em que foram construídas para melhorar as condições de higiene e a funcionalidade dos Banhos de Luso. Durante mais de um século, o local era frequentado por doentes oriundos de todo o País, que procuravam os benefícios terapêuticos do "Banho" para curarem doenças de pele e, com o tempo e o aumento de visitantes, viu-se a necessidade de melhorar estes famosos banhos. 

As termas começaram por ter nove quartos de banhos, com banheiras de porcelana. Entretanto, o espaço adaptou-se aos tempos modernos, disponibilizando 13 salas de tratamento, um Buvete (fonte) Termal e um Emanatório – equipamento que emite vapores de água mineral – construído sobre a nascente.

Espaço de cura física e mental

Assim que atravessamos a entrada das Termas de Luso, o mundo fica lá fora. Aqui, o tempo abranda, à medida que o corpo encontra conforto e a mente sossega. Muito se ouve falar das propriedades das águas de Luso, mas nada nos prepara para a experiência de beber diretamente da nascente ou de nos submetermos a um banho termal aquecido.

O antigo e simples "banho" deu lugar ao termalismo dos dias modernos. Identificando-se como medical spa, as Termas de Luso oferecem agora uma panóplia de tratamentos que vão desde o termalismo terapêutico ao spa termal e ao centro médico. Estes serviços funcionam durante todo o ano.

Os tratamentos são de nomes pomposos para quem está a dar os primeiros passos no termalismo: hidropinia, emanatório, ventiloterapia, hidrocinesioterapia… mas, na verdade, todos vão buscar à água a base para melhorar sintomas relacionados com doenças do foro respiratório, digestivo, renal, metabólico, dérmico e músculo-esquelético. A popularmente conhecida como "água milagrosa" pode não pôr fim a uma vida de problemas, mas quem frequenta as termas assegura que é uma ajuda que faz voltar a este lugar.

Termalismo em Portugal

As vantagens das águas termais são há muito reconhecidas e procuradas em Portugal. De facto, a história do termalismo recua até ao período romano, com a construção de balneários e infraestruturas junto a várias nascentes. Um bom exemplo é a romana Aquae Flaviae, que talvez conheça melhor como a cidade de Chaves.

No mundo medieval cristão, o uso das águas termais decaiu, dado que era associado a doenças e à falta de higiene, para ressurgir apenas durante o Renascimento e a Idade Moderna. Foi, aliás, no século XV que a rainha D. Leonor, mulher de D. João II, fundou o Hospital Termal das Caldas da Rainha, o primeiro do género no mundo.

No Portugal dos séculos XVIII e XIX, o termalismo viveu um período de grande desenvolvimento, com os avanços na medicina a valorizarem a atuação destas águas no tratamento de várias doenças. E é num tal contexto que surgem estâncias termais como as de Vidago, Pedras Salgadas e Luso.

Do spa à floresta

A visita a um local de termas não está necessariamente ligada ao tratamento médico. A procura ditou que as estâncias se adaptassem ao conceito de spa, para receberem outro tipo de público e se manterem relevantes.

Nas Termas de Luso, o spa termal inclui uma área de 1200 metros quadrados e sete salas onde são feitos rituais com água para massagem e relaxamento. Uma das maiores atrações está na piscina sensorial. Ao entrarmos naquele espaço quente, as luzes alternam entre o vermelho, o azul e o verde, num ambiente que mexe com os sentidos. Os olhos são impactados pela cor, enquanto o corpo e os músculos pelos jatos de água termal posicionados no interior da piscina.

Mas o relaxamento do corpo e da mente não termina no interior das Termas de Luso. Pode estender a experiência aos caminhos e trilhos da centenária Mata Nacional do Bussaco. Considerada monumento nacional, ganhou o estatuto da primeira floresta terapêutica da Península Ibérica, muito em parte devido à admirável flora, repleta de enorme eucaliptos e sequoias, bem como ao maior adernal do mundo. Tudo numa área protegida, que oferece o ambiente natural perfeito para apaziguar o corpo e a mente. Já para não falar na água, sempre presente, a acompanhar os caminhos da floresta e a brindar-nos com o seu som. Às vezes, a simplicidade da água pode ser mais poderosa do que qualquer remédio químico.

Informações úteis

O custo mínimo para estada a dois, de 24 a 26 de janeiro, é de 188 euros. Inclui alojamento no Luso e na área envolvente até 10 quilómetros em hotel de quatro estrelas, com pequeno-almoço. O preço foi recolhido online a 27 de novembro de 2024.

Visite na época média 

Apesar de estarem abertas todo o ano, visite as Termas de Luso durante a época média, entre março e junho. Provavelmente, encontrará o espaço mais tranquilo do que na época alta, e pode usufruir de um tempo mais ameno para explorar os trilhos da Mata do Bussaco.

Idade mínima para ir às termas

Não existe uma idade mínima para ir às Termas de Luso. Porém, é necessário que as crianças façam uma consulta médica prévia e estejam acompanhadas por um adulto.

Leve fato de banho e ligue o modo offline

Um roupão, toalha e chinelos são obrigatórios nas termas, e pode obtê-los na receção. Mas lembre-se de levar fato de banho e touca, se for fazer tratamentos que envolvam água ou as piscinas. O telemóvel fica desligado, e a conversa quer-se num tom mais baixo.

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