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Trilho dos Pescadores no Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina

Integrado na Rota Vicentina, o Trilho dos Pescadores revela o lado mais selvagem do Sudoeste Alentejano e da Costa Vicentina. Por entre vilas costeiras, antigos portos de pesca e arribas que desafiam as alturas, ponha-se a caminho.

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06 setembro 2024
Arriba e praia da Costa Vicentina - trilho dos pescadores

Marlene Marques/Marlene On The Move

A DECO PROteste desafiou Marlene Marques, do blogue Marlene On The Move para guiar os consumidores pelo Trilho dos Pescadores. Os pés enterram-se na areia mole, mas a paisagem selvagem, as ondas a quebrarem em baixo e a brisa do mar dão o alento necessário para continuar a viagem.

O Trilho dos Pescadores é desafiante: 226 quilómetros que se estendem de São Torpes a Lagos, acompanhando o litoral do Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina, dos quais 70% são feitos em terrenos arenosos muito exigentes fisicamente. Mas este é um caminho que fica na memória e que pode ser feito com tempo e em etapas. No final, vai conhecer ao detalhe aquela que é considerada uma das mais belas rotas do mundo.

Caminhos traçados por mão humana

O Trilho dos Pescadores ganhou o nome por incorporar os caminhos percorridos durante séculos pelas comunidades para acederem aos melhores locais de pesca. Ao longo do mesmo, encontram-se vestígios da presença destes homens e mulheres no litoral, desde antigas ruínas a pequenos portos de pesca e faróis históricos que ainda hoje orientam quem se faz ao mar.

Inserido na área protegida do parque natural que abrange o Litoral Alentejano e parte do Barlavento Algarvio, o cenário da rota enche-se de espécies de plantas endémicas costeiras, habituadas a um meio hostil e seco, muitas vezes massacrado pelos ventos salgados. Mas, na altura certa do ano, aquelas enchem as dunas de cores e cheiros que tornam este caminho único.

Pequenos rastejantes cruzam o trilho, uma presença que é, por vezes, bem-vinda nas tiradas mais longas, especialmente se fizer o caminho sozinho. Na verdade, nunca se está só no Trilho dos Pescadores – seja pela presença das aves, que pairam sobre as arribas que escolhem para nidificar, seja pelos inúmeros caminhantes que embarcam na aventura.

São Torpes, Vila Nova de Milfontes, Zambujeira do Mar e outras vilas emblemáticas

Existem duas abordagens ao Trilho dos Pescadores. A primeira é percorrer todas as 13 etapas em que se divide a rota, o que pode demorar 13 ou mais dias, dependendo do tempo de que precisar para descansar. A outra é escolher um ou mais dos trilhos que separam as localidades. Não tendo a experiência completa, consegue, no entanto, encantar-se com este desafiante trajeto.

Qualquer que seja a decisão, vai conhecer a essência do Litoral Alentejano e da Costa Vicentina, com incríveis praias e bonitas localidades.

As duas etapas mais fáceis encontram-se à partida e no final do Trilho dos Pescadores, nomeadamente as que ligam São Torpes a Porto Covo e Luz a Lagos, cada uma rondando os 10 quilómetros em terreno menos exigente. As outras, apesar de mais duras, levam a parar em algumas das aldeias e vilas mais emblemáticas da região.

Vila Nova de Milfontes é uma delas. Depois de sair de Porto Covo, a "Princesa do Alentejo" recebe de braços abertos todos os caminhantes que querem aproveitar o rio Mira e a praia que o acolhe, conhecer o Forte de São Clemente ou provar as iguarias alentejanas num dos restaurantes locais.

Também a Zambujeira do Mar entra para a lista de paragens obrigatórias no Trilho dos Pescadores, com a sua Praia Grande, que convida a mergulhar as pernas cansadas na água fria do mar, enquanto vê o pôr-do-sol e ouve os sinos da pequena capela, no topo da arriba, a chamar para a missa das 19 horas.

Da Zambujeira do Mar rumo a Odeceixe, o caminho passa por praias extraordinárias, como a dos Alteirinhos e a do Carvalhal, onde a vegetação chega à cintura, o som dos pássaros enche o ar e o mar espreita entre as arribas. A Praia da Amália é outro exemplo, assim conhecida por ser uma das praias de eleição da emblemática fadista, e cujo caminho até lá é encantador.

Já em Odeceixe, com a praia banhada pelo rio e pelo mar, o trilho atravessa o Largo 1.º de Maio, com o chafariz, os cafés e as esplanadas. Rumo à Praia de Odeceixe Sul, vale a pena perder mais um momento para subir ao antigo moinho, um testemunho da herança cultural e histórica daquela localidade.

Por último, depois de passar por sítios arqueológicos, como o Ribat da Arrifana, também conhecido como da Atalaia, um complexo religioso e militar medieval muçulmano, ou as ruínas de um povoado islâmico na Ponta do Castelo, entre a Carrapateira e Vila do Bispo, será tempo de enfrentar as encostas vertiginosas do Cabo de São Vicente e visitar o farol que marca o extremo sudoeste de Portugal Continental.

O trilho não acaba em Sagres

Há quem prefira terminar o Trilho dos Pescadores em Sagres, mas daqui existem ainda mais três paragens para completar o desafio e viver a experiência completa.

Agora, é tempo de as paisagens mais selvagens e de as arribas escuras darem lugar às falésias em tons de ocre e a um maior movimento de pessoas, em especial se fizer o trilho no verão. Porém, este é um Algarve mais natural, que passa pela Salema e pela Luz, acompanhando o mar até à icónica Ponta da Piedade e finalizando em Lagos. Mesmo de pernas cansadas e com o corpo coberto de areia, chega ao fim um trilho que o deixará de coração cheio.

Informações úteis

O custo mínimo para estada a dois em hotel, de 6 a 13 de setembro, é 1090 euros. Inclui alojamento em hotel de quatro estrelas, com pequeno-almoço, em Vila Nova de Milfontes (até 10 quilómetros). Os preços foram recolhidos online a 26 de julho. Para apenas duas noites (6 a 8 de setembro), com o mesmo cenário, o custo mínimo é de 330 euros.

O custo mínimo para campismo a dois, de 6 a 13 de setembro, é 239 euros. No Parque de Campismo Orbitur Milfontes, a área livre para instalar tendas, caravanas e autocaravanas é a opção mais acessível (60,20 euros). Há opções de alojamento no parque desde 378 euros.

Quando ir

Escolha as meias-estações, entre abril e junho e entre setembro e outubro, para evitar os meses de maior calor ou aqueles em que a chuva e o vento forte são uma constante.

Como chegar

O trilho tem início em São Torpes e termina em Lagos, ou vice-versa. Para lá chegar, pode viajar de carro, seguindo a A2 e as estradas nacionais, ou optar pelos autocarros da Rede Expressos e da FlixBus (mais táxi, no caso de São Torpes).

O que levar

Escolha calçado apropriado para terrenos arenosos e leve bastões de caminhada. É aconselhável roupa leve e confortável, chapéu, protetor solar e muita água para manter o corpo hidratado. Lembre-se de que vai fazer muitos quilómetros. Evite carregar a mochila.

Planear a estada

O acampamento selvagem é proibido. Terá de prever dormidas em parques de campismo ou em alojamentos locais. Se for na época alta, reserve com antecedência.

 

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