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Diabetes tipo 2 e obesidade: que relação?

A obesidade ou o excesso de peso estão presentes na esmagadora maioria dos adultos que têm diabetes tipo 2. Alterar o estilo de vida, perdendo peso, fazendo uma alimentação equilibrada e aumentando a atividade física, faz parte dos planos de prevenção e de tratamento.

01 agosto 2023
Mulher com excesso de peso corre num jardim

iStock

A diabetes é uma doença crónica em que o organismo não consegue regular os níveis de glicose (um tipo de açúcar) no sangue. Existem várias formas de diabetes, sendo a diabetes tipo 2 a mais comum.

Cerca de 90% dos adultos com diabetes tipo 2 têm excesso de peso (sobrepeso) ou são obesos. Pensa-se que uma pessoa com sobrepeso tenha três vezes mais hipóteses de desenvolver diabetes; esta incidência aumenta para sete vezes nos indivíduos com obesidade. Estima-se igualmente que, em 2030, 9,5% da população adulta sofrerá de diabetes tipo 2, em grande parte devido à obesidade.

O que é a diabetes tipo 2?

Para o nosso organismo funcionar, tem de haver glicose a circular no sangue. A glicose funciona, portanto, como um “combustível”, que é fornecido pelos alimentos que ingerimos. No entanto, este açúcar não pode estar presente em demasia, pois tal é prejudicial à saúde. Para regular a quantidade de glicose, contamos com o pâncreas.

O pâncreas produz insulina, uma hormona que facilita a entrada da glicose nas células, onde depois é utilizada ou armazenada para utilização posterior. Se houver uma falha ao nível da insulina, a glicose deixa de passar para as células de forma eficiente, ficando acumulada no sangue.

É isto que acontece nas pessoas com diabetes tipo 2: a insulina não é produzida em quantidade suficiente, ou deixa de ser eficaz junto das células (que apresentam resistência a esta hormona). O doente diabético tende a viver num estado permanente de hiperglicemia, ou excesso de açúcar no sangue, que pode ter consequências nefastas para o funcionamento do organismo.

É o tipo mais comum de diabetes (mais de 90% dos casos em todo o mundo) e ocorre principalmente em adultos.

Quais são os sintomas de diabetes tipo 2?

Os primeiros sintomas de diabetes tipo 2 são discretos, motivo pelo qual a doença pode passar despercebida durante vários anos. Os sintomas mais comuns são:

  • urinar com muita frequência (poliúria) e/ou durante a noite (noctúria);
  • sede excessiva (polidipsia);
  • apetite anormal (polifagia);
  • perda de peso não intencional;
  • fadiga;
  • sensações anormais como picadas, formigueiro ou dormência (parestesias);
  • infeções de pele e/ou urinárias;
  • manchas escuras na pele (acantose nigricans).

O que provoca a diabetes tipo 2?

Existem vários fatores de risco para a diabetes tipo 2. Como já foi referido, um dos mais importantes é o sobrepeso ou a obesidade.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde, uma pessoa tem sobrepeso com um índice de massa corporal (IMC) acima de 25 quilos por metro quadrado (kg/m2) e sofre de obesidade se este índice estiver acima de 30 quilos por metro quadrado. O IMC é medido dividindo o peso (em quilos) pelo quadrado da altura (em metros). Por exemplo, uma pessoa com 1,60 metros de altura e que pese 63 quilos tem um IMC de 24,6 kg/m2 – ou seja, tem um peso ideal.

CALCULE O SEU IMC

Outros fatores são:

  • sedentarismo;
  • diabetes mellitus gestacional anterior;
  • pré-diabetes (quando a glicemia está acima do normal, mas ainda em níveis que não podem ser considerados diabetes);
  • idade avançada;
  • história familiar de diabetes;
  • síndrome dos ovários policísticos (distúrbio hormonal).

Porque é que a obesidade é um fator de risco para a diabetes tipo 2?

Este processo é complexo e ainda não foi completamente compreendido. Explicando de forma muito simples, sabe-se que a obesidade leva ao aumento do armazenamento de lípidos (gorduras) nos tecidos adiposos, que a dada altura deixam de ter capacidade de reter mais energia. Como consequência, estes tecidos libertam ácidos gordos livres.

Ao permanecerem no sangue, os ácidos gordos livres comprometem a produção de insulina pelo pâncreas e promovem resistência muscular e hepática àquela hormona. O resultado desta desregulação é, como já foi explicado, uma permanência no estado de hiperglicemia.

Como prevenir e tratar a diabetes tipo 2?

A prevenção e o tratamento da diabetes tipo 2 e da obesidade andam de mãos dadas. As intervenções no estilo de vida são fundamentais:

  • perda e/ou controlo do peso: perder de 5 a 10 por cento do peso inicial já pode fazer uma diferença significativa;
  • atividade física: ajuda a estabilizar os níveis de açúcar no sangue, melhora a sensibilidade das células à ação da insulina, ajuda a controlar os níveis de colesterol, melhora a função cardíaca e pulmonar, ajuda a controlar o peso e a melhorar a força muscular;
  • alimentação saudável: está demonstrado que dietas equilibradas e de baixo aporte calórico podem contribuir para a remissão da diabetes.

As alterações no estilo de vida podem ser complementadas com a toma de medicamentos. Tendo em conta a forte associação entre excesso de peso e diabetes tipo 2, o foco de um tratamento adequado deverá ter em conta, pelo menos, a prevenção do ganho de peso adicional. Nesse sentido, a seleção de antidiabéticos de ação neutra ou que auxiliem a redução do peso deve ser privilegiada.

A cirurgia bariátrica e metabólica pode ser considerada como uma opção de tratamento para doentes obesos e com diabetes do tipo 2, já que possibilita um controlo glicémico satisfatório e reduz os fatores de risco cardiovasculares.

Se está a lutar contra excesso de peso e/ou diabetes tipo 2, aconselhe-se com o seu médico sobre qual é a melhor estratégia para si.

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