Dicas

8 erros a evitar na alimentação das crianças

Uma criança saudável é, à partida, um adulto com bons hábitos. Conheça os oito erros que, por vezes, são cometidos no estilo de vida dos mais novos e que podem levar à obesidade infantil.

Especialista:
16 abril 2024
Mãe oferece salada a criança com ar enjoado

iStock

A obesidade infantil advém de más escolhas alimentares (preferência por gorduras e açúcares) e do sedentarismo. Quando a quantidade de energia ingerida é superior à energia gasta, o organismo acumula o excesso de energia sob a forma de gordura, proporcionando um aumento de peso e de volume de massa corporal na criança.

Não se esqueça de que não é suposto uma criança comer a mesma porção que um adulto e que as necessidades nutricionais variam com a idade.  

Conheça os cinco erros que deve evitar para prevenir a obesidade infantil. 

1. Saltar o pequeno-almoço quando os miúdos não têm fome

Estudos comprovam que quem toma regularmente o pequeno-almoço corre menos riscos de ter excesso de peso. Muitas crianças recusam-se a tomar o pequeno-almoço por falta de fome. Porém, deve insistir.

O ideal é reunir a família à volta da mesa todas as manhãs e preparar uma refeição que inclua pão (de preferência, de mistura), leite e fruta. Evite os cereais açucarados e os pães processados, recheados com doce ou cacau.

2. Enviar bolachas para o lanche

Um dos grandes erros é petiscar entre as refeições, especialmente se esses petiscos forem à base de bolachas, aperitivos ou batatas fritas, por exemplo – alimentos com elevado valor energético e baixo valor nutricional. Evite comprá-los.

Para combater a fome entre refeições, prepare uma lancheira abastecida com alimentos saudáveis: peças de fruta, iogurtes com pouco açúcar, pão de mistura com fiambre e queijo, entre outros. É crucial habituar o organismo a comer a cada duas a três horas.

Divida a quantidade de calorias ingeridas por cinco ou seis refeições:

  • pequeno-almoço;
  • lanche da manhã;
  • almoço;
  • lanche da tarde;
  • jantar;
  • ceia, se necessário.

Assim, evitará “disparates” alimentares por fome.

3. Não querem comer vegetais?

O feijão-verde não agradou aos miúdos? Corte-o em pedacinhos e misture-lhe um ovo cozido picado, por exemplo. Aposte em refeições coloridas, com vários sabores e texturas. A curiosidade e o sentido lúdico são inatos aos mais novos. Se a sua tentativa de os fazer comer determinado alimento não resultou da última vez, inove e faça diferente. 

Torne os seus filhos os seus aliados na hora da refeição, incluindo-os também na sua preparação. Mostre-lhes a composição adequada do prato:

  • metade deve ser preenchida com vegetais;
  • um quarto com hidratos de carbono (batatas, arroz, massa e leguminosas);
  • o restante com proteína (carne, peixe ou ovos).

Se está com dúvidas sobre o que devem comer e em que quantidades, lembre-se da famosa roda dos alimentos. Numa dieta equilibrada, há lugar para tudo.

As proteínas devem estar incluídas, tal como as gorduras monoinsaturadas (por exemplo, o azeite). A grande aposta deve ser em legumes, hortícolas, frutas e cereais integrais, tubérculos, leguminosas e frutos secos. E a água é um elemento fundamental para um estilo de vida saudável, pelo que deve consumi-la ao longo do dia. Opte por comer a fruta ao lanche ou depois das refeições.

A melhor forma de consumir legumes diariamente é através de saladas e sopas. Substitua a utilização de sal, na confeção dos pratos, por ervas aromáticas ou especiarias (a OMS recomenda a dose diária de cinco gramas de sal). Reduza os fritos e opte pelos cozidos e grelhados. 

4. Saltar a sopa 

Além de ser uma ótima forma de ingerir legumes, a sopa é um excelente meio de saciar, controlar o apetite e melhorar o trânsito intestinal. Mais de metade da população não ingere, pelo menos, 400 gramas diários de hortofrutícolas, segundo o Inquérito Alimentar e de Atividade Física, de 2015-2016. Nas crianças (72%) e adolescentes (78%), o desfasamento é ainda maior.

5. Demasiadas vezes carne 

O peixe deve ser mais prepoderante do que a carne. E a preferência deve ir para carnes brancas (peru, frango ou coelho), em quantidades moderadas. Antes de cozinhar, retire as peles e as gorduras visíveis das carnes.

6. Adeptos de comida processada?  

Evite dar às crianças comida processada, com açúcar ou rica em gordura saturada, carnes vermelhas e laticínios gordos, e prefira cereais integrais, fruta, legumes e peixe. Fuja também das refeições pré-confecionadas e dos molhos. O Inquérito Alimentar Nacional e de Atividade física, de 2015-2016, identificou que os alimentos ultraprocessados ocupam 24% da ingestão energética diária. Por exemplo, ingere-se, em média, 140 gramas de carne processada, quando a recomendação da OMS aponta para o mínimo possível.

7. Comer "porcarias" na escola: é normal? 

Em idade escolar, por vezes, é difícil controlar o que as crianças comem. Quando começam a ter algumas moedas no bolso, a tentação de comprarem guloseimas, fast-food ou refrigerantes é grande. Nestes casos, a melhor solução é falar abertamente dos benefícios de uma alimentação saudável e insistir que há produtos que, se forem consumidos com regularidade, podem levar à obesidade.

Acompanhe as ementas da cantina da escola e esteja atento às queixas dos seus filhos. Segundo as recomendações do Ministério da Educação e Ciência e da Direção-Geral da Saúde, as instituições de ensino devem disponibilizar refeições equilibradas, com sopa, legumes ou salada, carne ou peixe, fruta e água, e, ainda, opções vegetarianas.

8. Deixá-los jogar videojogos quando chegam a casa

Incentive os seus filhos a fazerem atividade física fora da escola. Brincar ao ar livre, praticar desporto e andar de bicicleta são algumas opções. Reduza o número de horas que a criança passa sentada no sofá a ver televisão ou a jogar videojogos.

A prática de atividade física aumenta o bem-estar e a resistência, as articulações ganham maior mobilidade, e o peso é mantido mais facilmente. Com o exercício físico vem também a apetência por uma alimentação mais saudável. 

A boa alimentação da criança começa na gravidez

Sabia que a missão de proporcionar um estilo de vida saudável às crianças começa na barriga da mãe? Comer bem, através de uma alimentação equilibrada e variada, durante a gravidez, é essencial para o bom desenvolvimento da criança. É na barriga da mãe que o feto vai tendo contacto com os diferentes alimentos ingeridos.

Após o nascimento, a perceção dos sabores do leite materno, que variam consoante a alimentação da mãe, traduz-se numa das primeiras experiências sensoriais do bebé. Aquando da introdução dos alimentos sólidos, a exposição precoce a frutas e vegetais pode ser importante nas preferências futuras das crianças.

Assim, direcionar os mais novos para um estilo de vida saudável passa por trabalhar o seu paladar. Os pais têm um papel essencial nos hábitos alimentares dos filhos. E, neste processo, o exemplo é fundamental: se os pais não comem sopa, dificilmente a criança vai querer.

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