Bebé: quando introduzir os alimentos na dieta
Depois dos seis meses, o leite em exclusivo deixa de ser suficiente para assegurar as necessidades do bebé. É altura de começar a diversificar a alimentação. E é o início de uma nova etapa na descoberta de novos sabores e texturas. Saiba que alimentos deve dar ao bebé.

Até aos quatro ou seis meses, o bebé é alimentado só com leite (materno ou biberão). A partir dessa idade, o organismo já está apto a ingerir novos alimentos, em complemento do leite, como as papas de cereais, purés de fruta, legumes e sopas. A partir dos seis meses, o leite em exclusivo deixa de ser suficiente para assegurar as necessidades do bebé.
Na altura de diversificar a alimentação, introduza um alimento novo de cada vez, aguardando entre três e quatro dias antes de experimentar outro novo alimento, para identificar eventuais alergias ou intolerâncias. Para acompanhar esta nova etapa, escolha uma cadeira de refeição segura e prática, de preferência, com um revestimento fácil de lavar, já que o bebé vai sujá-la.
A par da introdução de novos alimentos, deverá fazer uma redução progressiva do volume de lácteos consumidos, concretamente de leite. No segundo semestre de vida, o somatório de todos os lácteos consumidos (leite, iogurte e queijo) não deve exceder 500 a 700 mililitros por dia. A oferta alimentar durante esta fase deve ser baseada na variedade e qualidade. Devem ser oferecidos apenas alimentos que integrem a cadeia alimentar e a roda dos alimentos. Isto significa que não devem ser oferecidos alimentos processados (por exemplo, bolachas), nem com adição de açúcar (por exemplo, sumos, sobremesas, bolos ou doces) ou sal. O sal e o açúcar são proibidos durante o primeiro ano de vida.
Voltar ao topoLeite de vaca: quando introduzir?
Em outubro de 2023, a Organização Mundial da Saúde (OMS) publicou um novo guia para a alimentação complementar ao leite materno ou às formulas para lactentes de crianças entre os seis e os 23 meses. Algumas das orientações diferem das de outras organizações internacionais, que incluem as seguidas pela Direção-Geral da Saúde.
É o caso da idade recomendada para a introdução de alimentos. As recomendações internacionais apontam para os seis meses, mas a OMS indica que algumas crianças podem beneficiar dessa introdução alimentar numa fase mais precoce. Na verdade, existem poucas evidências robustas em relação às vantagens de introduzir a alimentação aos seis meses ou dos riscos de fazê-lo antes disso. A maioria dos estudos já publicados que comparam momentos para a introdução alimentar não encontrou diferenças significativas em indicadores como ganho de peso, anemia e doenças respiratórias ou alérgicas. Além disso, é preciso considerar as questões culturais e familiares. Nem sempre é possível amamentar em exclusivo até aos seis meses e as fórmulas para lactentes são caras.
Outra das novidades do guia da OMS diz respeito à altura de o bebé começar a beber leite de vaca gordo. O guia da OMS sugere que, para lactentes dos 6 aos 11 meses não amamentados, podem ser utilizadas as fórmulas infantis ou o leite de vaca gordo. Já a partir de um ano, a OMS recomenda o consumo de leite de origem animal, mas não as fórmulas infantis. As investigações científicas já feitas sobre o consumo de leite de origem animal e fórmulas infantis não encontraram diferenças significativas entre os dois grupos de crianças no que respeita ao crescimento, desenvolvimento e incidência de doenças na infância.
Voltar ao topoPapa de cereais ou puré de legumes?
Habitualmente, a papa de cereais é o primeiro alimento a ser introduzido, por o sabor ser semelhante ao do leite, mas pode começar pelos purés de legumes. Não há, na verdade, uma ordem obrigatória. Deixe-se guiar pelas indicações do pediatra.
As papas podem ou não conter glúten. A introdução do glúten deverá ocorrer depois dos quatro meses. Por isso, se a papa o contiver, inicie a oferta com porções mais pequenas, em doses crescentes até aos 12 meses. Mais tarde, já pode incluir o pão branco sem fibra e as massas.
O puré de legumes não deve incluir mais do que quatro legumes, distribuídos da seguinte forma: um do grupo dos legumes “base” (batata normal ou doce, chuchu, curgete, beringela ou couve-flor), um do grupo dos fornecedores de betacarotenos (cenoura ou abóbora), um do grupo dos ricos em antioxidantes (cebola, alho ou alho-francês) e um de folhas (alface, brócolos, couve-coração e feijão-verde).
Voltar ao topoCarne ou peixe só aos 6 meses
A partir dos seis meses, também pode começar a juntar um pouco de carne ou peixe (cerca de 30 gramas por dia de um ou outro). O ideal é que o bebé coma carne quatro vezes por semana e peixe três vezes por semana.
Tradicionalmente, inicia-se a introdução com carnes de aves (por exemplo, frango, peru, avestruz) ou de coelho, menos ricas em ferro do que as carnes de bovino, mas também com menor teor de gordura saturada. A carne e o peixe podem ser inicialmente adicionados ao creme de legumes, açorda ou farinha de mandioca, e, a partir dos sete meses, podem acompanhar arroz, massa ou cuscuz.
Voltar ao topoOs primeiros frutos do bebé
A introdução da fruta pode ocorrer desde o início da diversificação alimentar. No entanto, importa referir que não devem ser excedidas inicialmente uma peça de fruta e, a partir dos 6 meses, duas peças de fruta por dia, preferencialmente da época e variada. A pera, a maçã e a banana são os primeiros frutos a introduzir.
Já a partir dos sete ou oito meses, será importante aumentar a oferta de frutas menos moídas (cruas e cozinhadas), para estimular o treino das texturas.
Voltar ao topoOvo inteiro ou gradualmente
A partir dos oito meses e meio pode ser introduzido o ovo inteiro ou gradualmente: meia gema na primeira semana; uma gema na segunda semana; ovo inteiro na terceira semana. O ovo deverá ser oferecido cozido, até três vezes por semana, em alternativa à carne ou ao peixe.
Voltar ao topo8 recomendações gerais para o primeiro ano
É importante seguir algumas recomendações na introdução dos novos alimentos no primeiro ano de vida do bebé.
- A introdução de novos alimentos deve ser feita com intervalos de três a quatro dias, para detetar eventuais intolerâncias.
- Prefira alimentos frescos, da época e locais, e evite a oferta de alimentos processados (por exemplo, bolacha maria).
- Não ofereça alimentos com sal ou açúcar, nem adicione à confeção culinária.
- A água deve ser oferecida várias vezes ao longo do dia, caso o bebé aceite.
- Não adicione sal nem açúcar à comida. Um fio de azeite na sopa, já no fim da cozedura, dá-lhe sabor.
- A comida já pronta a consumir, como os boiões de carne, legumes ou fruta, é útil, mas não deve substituir a alimentação preparada em casa. Reserve os boiões para as viagens ou saídas.
- Varie os alimentos oferecidos, promovendo a familiarização com o máximo de sabores e texturas. Por vezes, pode ser necessário oferecer várias vezes o mesmo alimento até à sua aceitação. Insista sem forçar.
- Os bebés são todos diferentes, respeite os sinais de fome e saciedade.
Por fim, se o bebé fizer fitas e mostrar desagrado pelo sabor ou pela textura de algum alimento, não desista à primeira. Várias investigações, entre as quais uma análise norte-americana de 40 estudos, publicada na revista médica Obesity Review, da Federação Mundial de Obesidade, chegam à mesma conclusão: é preciso insistir cerca de oito ou mais vezes para que a criança aprenda a gostar de um alimento novo. É importante não dissimular os alimentos rejeitados com outros, nem substituir a refeição por leite. Afinal, o objetivo é educar a criança a comer de tudo.
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