Diversificação alimentar do bebé: quando começar, o que oferecer e regras essenciais
A partir dos 6 meses o leite em exclusivo já não cobre todas as necessidades nutricionais do bebé. A diversificação deve ser gradual, segura e variada, com ênfase em alimentos frescos, sem sal nem açúcar, e observação de sinais de intolerância ou alergia.
A partir dos 6 meses, o leite materno ou a fórmula deixa de ser suficiente para cobrir todas as necessidades nutricionais do bebé. A partir dos 4 ou 6 meses, o organismo já está apto a ingerir novos alimentos e é nesta fase que se inicia a diversificação alimentar: um processo gradual e fundamental para o crescimento saudável e para o desenvolvimento do paladar e da mastigação/deglutição.
Um alimento novo a cada 3 ou 4 dias
Na altura de diversificar a alimentação, introduza um alimento novo de cada vez, aguardando entre três e quatro dias antes de experimentar outro novo alimento, para identificar eventuais alergias ou intolerâncias.
Para acompanhar esta nova etapa, escolha uma cadeira de refeição segura e prática, de preferência, com um revestimento fácil de lavar, já que o bebé vai sujá-la.
A par da introdução de novos alimentos, deverá fazer uma redução progressiva do volume de lácteos consumidos, concretamente de leite.
No segundo semestre de vida, o somatório de todos os lácteos consumidos (leite, iogurte e queijo) não deve exceder 500 a 700 mililitros por dia.
Sal e açúcar proibidos até aos 12 meses
A oferta alimentar durante esta fase deve ser baseada na variedade e qualidade. Devem ser oferecidos apenas alimentos que integrem a cadeia alimentar e a roda dos alimentos. Isto significa que não devem ser oferecidos alimentos processados (por exemplo, bolachas), nem com adição de açúcar (por exemplo, sumos, sobremesas, bolos ou doces) ou sal.
O sal e o açúcar são proibidos durante o primeiro ano de vida.
Voltar ao topoO que é a diversificação alimentar e porque é tão importante
Depois dos seis meses, uma alimentação exclusivamente láctea não supre, por si só, as necessidades energéticas e de alguns micronutrientes (ferro, zinco, vitaminas do complexo B, entre outros), tornando-se necessária a introdução de outros alimentos.
A diversificação alimentar é o momento em que o bebé começa a experimentar novos alimentos, além do leite.
A nutrição nesta fase da vida tem um papel determinante na programação do paladar e das preferências alimentares (programação de comportamentos), bem como na saúde e no risco de doença futura (programação metabólica).
Voltar ao topoQuando e como começar
Após os 6 meses, é essencial introduzir outros alimentos para garantir as necessidades energéticas do bebé e de alguns micronutrientes, como o ferro e zinco.
Em outubro de 2023, a Organização Mundial da Saúde (OMS) publicou um novo guia para a alimentação complementar ao leite materno ou às formulas para lactentes de crianças entre os 6 e os 23 meses. Algumas das orientações diferem das de outras organizações internacionais, como as da Direção-Geral da Saúde (DGS) e do seu Programa Nacional para a Promoção da Alimentação Saudável.
Atualmente, não existe consenso quanto à melhor forma de introduzir os alimentos na alimentação do bebé, variando as recomendações entre entidades e profissionais de saúde.
Qual a idade recomendada para a introdução dos alimentos?
É o caso também da idade recomendada para a introdução de alimentos sólidos. As recomendações internacionais apontam para os 6 meses, mas a OMS indica que algumas crianças podem beneficiar dessa introdução alimentar numa fase mais precoce.
Na verdade, existem poucas evidências robustas em relação às vantagens de introduzir a alimentação aos seis meses ou dos riscos de fazê-lo antes disso.
A maioria dos estudos já publicados que comparam momentos para a introdução alimentar não encontrou diferenças significativas em indicadores como ganho de peso, anemia e doenças respiratórias ou alérgicas. Além disso, é preciso considerar as questões culturais e familiares. Nem sempre é possível amamentar em exclusivo até aos seis meses e as fórmulas para lactentes são caras.
Primeiros alimentos do bebé: o que dar e o que evitar
Os purés de legumes e as papas de cereais são boas opções iniciais. A fruta pode ser introduzida desde o início da diversificação, que, inicialmente, deve ser oferecida moída e preferencialmente crua (para não perderem as vitaminas termolábeis). A maçã, a pera e a banana devem ser as primeiras a ser introduzidas.
Habitualmente, a papa de cereais é o primeiro alimento a ser introduzido, por o sabor ser semelhante ao do leite, mas pode começar pelos purés de legumes. Não há, na verdade, uma ordem obrigatória. Deixe-se guiar pelas indicações do pediatra.
As papas podem ou não conter glúten. A introdução do glúten deverá ocorrer depois dos quatro meses. Por isso, se a papa o contiver, inicie a oferta com porções mais pequenas, em doses crescentes até aos 12 meses. A partir do 7º mês, podem introduzir-se pratos como a farinha de pau e a açorda, bem como o arroz e as massas.
O puré de legumes não deve incluir mais do que quatro legumes, distribuídos da seguinte forma: um do grupo dos legumes “base” (batata normal ou doce, chuchu, curgete, beringela ou couve-flor), um do grupo dos fornecedores de betacarotenos (cenoura ou abóbora), um do grupo dos ricos em antioxidantes (cebola, alho ou alho-francês) e um de folhas (alface, brócolos, couve-coração e feijão-verde).
A introdução da fruta pode ocorrer desde o início da diversificação alimentar. Mas não devem ser excedidas, inicialmente, uma peça de fruta por dia e, a partir dos 6 meses, duas peças de fruta por dia. Prefira fruta da época e variada. A pera, a maçã e a banana são os primeiros frutos a introduzir.
A partir dos 7 ou 8 meses, é importante aumentar a oferta de frutas menos moídas (cruas e cozinhadas), para estimular o treino das texturas.
Introdução da carne, peixe e ovo
A partir dos 6 meses, o bebé pode comer 30 g de carne ou peixe por dia.
- Carnes ideais para começar: frango, peru ou coelho.
- Peixes preferenciais: pescada, linguado, dourada, solha, maruca, pargo, tamboril, ou corvina.
O ideal é que o bebé coma carne quatro vezes por semana e peixe três vezes por semana.
Tradicionalmente, inicia-se a introdução com carnes de aves (por exemplo, frango, peru, avestruz) ou de coelho, menos ricas em ferro do que as carnes de bovino, mas também com menor teor de gordura saturada.
A carne e o peixe podem ser inicialmente adicionados ao creme de legumes, açorda ou farinha de mandioca, e, a partir dos sete meses, podem acompanhar arroz, massa ou cuscuz.
Introdução do ovo
O ovo pode ser introduzido na alimentação complementar do lactente a partir dos 6-9 meses (em bebés saudáveis e sem risco de alergia), garantindo-se que é bem cozinhado. De acordo com a Direcção-Geral da Saúde, a introdução do ovo deve ocorrer aos 8 meses e meio. Pode ser introduzido o ovo inteiro ou gradualmente::
- 1.ª semana: meia gema
- 2.ª semana: uma gema
- 3.ª semana: ovo inteiro (cozido)
O ovo deverá ser oferecido cozido, até três vezes por semana, em alternativa à carne ou ao peixe.
Voltar ao topoLeite de vaca: quando pode ser dado ao bebé?
Em outubro de 2023, a Organização Mundial da Saúde (OMS) publicou um novo guia para a alimentação complementar ao leite materno ou às formulas para lactentes de crianças entre os 6 e os 23 meses. Algumas das orientações diferem das de outras organizações internacionais, como a Direção-Geral da Saúde (DGS).
Segundo o novo guia da OMS, bebés entre 6 e 11 meses não amamentados podem consumir leite de vaca gordo em alternativa às fórmulas infantis.
A partir do ano de idade, a OMS recomenda o consumo de leite de origem animal, mas não as fórmulas infantis. E desde que a dieta seja variada e equilibrada.
As investigações científicas já feitas sobre crianças que consumiram de leite de origem animal crianças que tomaram fórmulas infantis não encontraram diferenças significativas entre os dois grupos no que respeita ao crescimento, desenvolvimento e incidência de doenças na infância.
Até à data, a DGS mantém que a introdução do leite de vaca seja feita a partir dos 12 meses de idade.
Voltar ao topo8 recomendações essenciais para o primeiro ano
- Introduzir um alimento novo a cada 3–4 dias, para detetar eventuais intolerâncias.
- Preferir alimentos frescos, de época e locais, e evitar a oferta de alimentos processados (por exemplo, bolacha maria).
- Não oferecer alimentos e refeições com sal e açúcar.
- Dar água várias vezes ao dia, caso o bebé aceite.
- Não adicione sal nem açúcar à comida. Um fio de azeite na sopa, já no fim da cozedura, dá-lhe sabor.
- Reservar a comida já pronta a consumir, como os boiões de carne, legumes ou fruta para viagens ou saídas. Não os deve usar para substituir refeições.
- Varie os alimentos oferecidos, promovendo a familiarização com o máximo de sabores e texturas. Por vezes, pode ser necessário oferecer várias vezes o mesmo alimento até à sua aceitação. Insista sem forçar. Ainda assim, é preciso insistir cerca de oito ou mais vezes para que a criança aprenda a gostar de um alimento novo. É importante não dissimular os alimentos rejeitados com outros, nem substituir a refeição por leite.
- Respeitar os sinais de fome e saciedade do bebé.
O que evitar nos primeiros 12 meses
| Alimento | Motivo |
|---|---|
| Mel |
Por apresentar um elevado teor de açúcares e pela possibilidade de conter toxinas ou germes perigosos.
|
| Sal e açúcar |
Sobrecarga renal, risco de hipertensão, condicionamento do paladar, risco de cáries e obesidade.
|
| Frutos secos inteiros |
Estão contraindicados até aos 24 meses pelo risco aumentado de engasgamento.
|
| Enchidos e processados | Alto teor de sal e gordura. |
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Questões frequentes
Posso dar água ao bebé antes dos 6 meses?
Não é necessário. Não deve ser dada água ao bebé antes dos 6 meses, desde que este esteja a ser amamentado em exclusivo ou receba leite adaptado preparado corretamente. Mesmo em dias quentes, o leite materno satisfaz plenamente as necessidades de hidratação do bebé.
Quando posso introduzir o glúten?
A introdução do glúten deverá ocorrer depois dos 4 meses, em doses crescentes, e até aos 12 meses.
Posso começar com creme de legumes em vez de papa?
O que fazer se o bebé rejeitar a comida?
É normal. Repita o alimento em dias diferentes, sem forçar. Pode ser preciso oferecer um novo sabor cerca de oito ou mais vezes para que a criança aprenda a gostar. É importante não dissimular os alimentos rejeitados com outros, nem substituir a refeição por leite. Afinal, o objetivo é educar a criança a comer de tudo. A persistência é a chave.
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