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Carros elétricos fabricados na China são mesmo bons e seguros?

BYD, MG, Xpeng e companhia: o número de automóveis elétricos de fabricantes chineses a circular nas estradas portuguesas continua a aumentar. Mas quanto valem, na verdade? E como está a rede de oficinas e peças de substituição? Há riscos e fragilidades que merecem a atenção dos consumidores.

Editor:
23 julho 2025
eletricos da china

Para a Brilliance, 2007 foi um ano de desastre absoluto: a marca chinesa tentou entrar no mercado europeu com o modelo BS6, e a iniciativa terminou na sala de testes de colisão, segundo as normas Euro NCAP. A célula de sobrevivência do carro colapsou com consequências graves para os ocupantes. A estreia tornou-se impensável.

Hoje, o cenário é muito diferente: várias marcas chinesas chegaram a Portugal nos últimos anos, e outras estão a caminho. Por exemplo, no primeiro semestre de 2025, a BYD já ocupa uma posição de destaque no top 5 das marcas com mais vendas, em confronto direto com Tesla, Peugeot e BMW. A oferta de modelos cresce todos os meses. Mas qual é o desempenho real dos carros chineses?

Boa classificação nos testes, mas não são low-cost

Os carros melhoraram e de forma significativa, como revelam os testes. Os modelos mais recentes estão longe de ser carros baratos, ultrapassados e inseguros. Pelo contrário, a maioria atinge a nota máxima nos testes de colisão do Euro NCAP. Este organismo independente avalia a proteção e os sistemas de segurança dos automóveis vendidos na União Europeia (a DECO PROteste é cofundadora do Euro NCAP, através da participação na International Consumer Research and Testing).

Com design apelativo, as carroçarias “escondem” quase sempre motorização 100% elétrica, com tecnologia de baterias bem desenvolvida e autonomia aceitável. A qualidade de construção nada fica a dever a muitos rivais já estabelecidos. O bom nível de equipamento de série já é habitual. E as garantias alargadas reforçam a confiança do consumidor.

MG4 Electric aprovado: à venda por 26 750 euros, é um dos compactos mais em conta. 
MG4 Electric aprovado: à venda por 26 750 euros, é um dos compactos mais em conta.

Xpeng G6 é o melhor da marca e surpreende nas vendas nacionais. 
Xpeng G6 é o melhor da marca e surpreende nas vendas nacionais.

Quando há problemas, os construtores chineses costumam resolvê-los rapidamente: por exemplo, o Smart #1 apresentou de início dificuldades em manobras de desvio rápido. O controlo de estabilidade não funcionava de forma eficaz. Já no Ora Funky Cat (atualmente, GWM Ora 03) detetou-se a produção de faíscas durante o carregamento. Ambos os casos foram resolvidos com celeridade.

Ao contrário dos fabricantes mais experientes, ainda falta por vezes algum rigor no acabamento e na afinação final. Mais de 20 automóveis chineses foram testados. Quase todos conseguiram uma boa classificação, o que os torna “recomendáveis”. Os fabricantes corrigiram os defeitos do passado. No comparador de carros elétricos e híbridos plug-in, pode ver os modelos já testados com preços, medições e veredicto final.

A Nio chegará a Portugal no último trimestre de 2025, através do Grupo JAP, mas vários modelos já foram testados. E destacaram-se de forma notável, sobretudo os modelos ET5, ET5 Touring, ET7 e EL8. Com preços entre 50 mil e 95 mil euros, é difícil falar de uma concorrência low-cost para marcas como a BMW ou a Mercedes-Benz.

Botões físicos e sistemas de apoio ao condutor

Vários detalhes podem ser alvo de melhorias. Uma crítica comum em quase todos os carros testados é o funcionamento pouco fiável dos sistemas de apoio ao condutor. Desenvolver sistemas complexos e robustos, como o cruise control adaptativo ou o assistente de manutenção na faixa, exige uma grande experiência dos fabricantes.

Assistência à condução pouco fiável

A MG, a BYD e a Nio dão mais importância à mera presença dos sistemas do que à sua real eficácia. Assistentes de faixa com comportamentos erráticos, fraco reconhecimento de sinais de trânsito, intervenções pouco sensíveis na condução e avisos sonoros exagerados para riscos inexistentes levam o condutor a perder a confiança na tecnologia. Muitos acabam por desligar os sistemas. Poderiam ser úteis, mas tornam-se irritantes devido a falhas e alarmes constantes.

A Nio gaba-se de ter 33 sensores instalados nos modelos. Contudo, a maioria dos assistentes não funciona com grande fiabilidade. Ainda assim, os modelos mais recentes já revelam melhorias significativas.

NIO ET7 armado com 33 sensores e ecrã tátil central para quase tudo. 
NIO ET7 armado com dezenas de sensores e ecrã tátil central para quase tudo. 

Botões físicos em extinção

Este ponto foi alvo de críticas nos testes: quase todas as funções são controladas através de um ecrã tátil, sendo raros os comandos físicos. Outros problemas incluem:

  • letras demasiado pequenas em alguns menus do ecrã;
  • traduções confusas ou em falta;
  • menus complexos ou mal estruturados;
  • bugs de software.

Até o rádio apresentou falhas em alguns modelos. No Aiways U5 e U6, o rádio não funcionava e no MG Marvel R o sinal era fraco. Uma descoberta surpreendente, dado que os fabricantes chineses costumam ser elogiados pelos avanços em eletrónica e software.

Os sistemas de climatização também acusaram falhas. Nio ET7 e EL7 não conseguiram aquecimento suficiente no interior. O mesmo aconteceu com o BYD Atto 3 e o MG4, concorrentes diretos do Volkswagen ID.3.

Rede de standes suficiente?

Algumas marcas apostam nos canais de venda tradicionais, enquanto outras têm apenas lojas de exposição em grandes cidades. A rede de oficinas e concessionários dos fabricantes chineses apresenta níveis de desenvolvimento bastante distintos.

As marcas mais bem posicionadas são a BYD e a MG, com uma rede bem estruturada em quase todo o País (entre 20 e 24 pontos de venda, respetivamente). Nalguns casos, trata-se de concessionários multimarca.

Oficinas e peças sobresselentes são dor de cabeça?

O para-brisas estalou? A situação é relatada com frequência por clientes. Algumas peças podem demorar várias semanas a chegar. Resultado: a reparação após um acidente arrasta-se por muito tempo. As peças de carroçaria, em particular, são difíceis de obter, o que resulta em longos períodos de imobilização do automóvel.

Nem todas as marcas têm um armazém próprio de peças sobresselentes em Portugal. Podem assim depender do envio a partir de centros noutros países, quando falta, por exemplo, um guarda-lamas.

Risco de falência e desvalorização

O futuro de alguns fabricantes continua incerto. Se o fabricante ou o importador oficial abandonar o mercado, o cliente fica sem uma entidade direta. E quem se responsabiliza por eventuais pedidos de garantia?

Se o carro tiver sido comprado a um concessionário, este assume a obrigação contratual. É obrigado a prestar assistência. Na compra online, muitas vezes, o contrato é feito com o fabricante e não com o stande. E quanto à disponibilidade de peças suplentes em caso de falência? Os donos de carros recentes correm o risco de não ter acesso a peças de substituição, se a marca desaparecer. Além disso, poderá deixar de haver oficinas ou técnicos especializados que conheçam o modelo e saibam repará-lo.

É difícil estimar com rigor a desvalorização dos carros de marcas chinesas. Não existem dados seguros sobre a disponibilidade de peças, a qualidade a longo prazo dos modelos e a procura futura no mercado de automóveis usados. Estes são os fatores que mais influenciam a desvalorização do automóvel.

Se o fabricante sair do mercado, um veículo dessa marca será muito difícil de vender. Pode fazer sentido optar por soluções de renting, em vez da compra definitiva, sobretudo no caso de marcas recentes ou pouco consolidadas.

Vaivém de marcas chinesas

Mal começaram e já desapareceram. Por exemplo, a marca Human Horizons tentou destacar-se com o notório HiPhi Z, mas já saiu do mercado. Fazer uma previsão geral sobre o futuro dos fabricantes chineses é complicado. Dado o elevado número de marcas, a concorrência feroz culminará numa seleção de sobreviventes.

O futuro financeiro da Aiways já é incerto: a produção foi suspensa durante meses. Por outro lado, marcas como BYD, MG ou Smart dispõem de grandes reservas financeiras ou de empresas-mãe com forte capacidade financeira e apresentam uma situação económica sólida, o que lhes permite resistir à forte pressão competitiva e de preços que domina o mercado automóvel.

Automóveis de construtores chineses testados

68 Boa
qualidade
Escolha
acertada
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Carros elétricos
Preço de referência  31 700,00
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68 Boa
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Carros elétricos
Preço de referência  35 690,00
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72 Boa
qualidade
Testado
Carros elétricos
Preço de referência  38 950,00
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69 Boa
qualidade
Testado
Carros elétricos
Preço de referência  42 490,00
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67 Boa
qualidade
Testado
Carros elétricos
Preço de referência  45 990,00
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62 Qualidade
média
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Carros elétricos
Preço de referência  48 165,00
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72 Boa
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Testado
Carros elétricos
Preço de referência  48 489,00
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71 Boa
qualidade
Testado
Carros elétricos
Preço de referência  62 990,00
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70 Boa
qualidade
Testado
Carros elétricos
Preço de referência  77 690,00
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