Peugeot e-3008: teste completo ao novo SUV elétrico, com medições de autonomia, consumo e preços
O Peugeot 3008 reinventou-se na terceira geração. Está disponível com três motorizações (híbrido, híbrido plug-in e 100% elétrico) e dois níveis de equipamento (Allure e GT). Construção exemplar, espaço amplo e bagageira versátil brilham no renovado SUV elétrico, que custa desde 44 150 euros com a bateria de 73 kWh, a mais pequena.

O Peugeot 3008 “renovou-se” completamente por dentro e por fora na terceira geração. É o primeiro modelo do grupo Stellantis a utilizar a plataforma STLA Medium. Proposto pela marca como híbrido, híbrido plug-in e na versão totalmente elétrica, o Peugeot e-3008 é o protagonista deste ensaio.
Poupe com a seleção de carros elétricos e híbridos plug-in
A Peugeot disponibiliza este SUV compacto com duas opções de bateria: 73 e 97 kWh. No teste, foi ensaiado o modelo 100% elétrico na versão GT topo de gama, com a bateria mais pequena.
Consumo razoável, carregamento demorado
O Peugeot e-3008 destaca-se pelo consumo razoável (20,1 kWh/100 km) e pela autonomia prática de 440 quilómetros. Contudo, a potência de carregamento é modesta para um novo automóvel elétrico: demora cerca de 40 minutos para carregar a bateria de 10% a 80% em condições ideais.
O Peugeot e-3008 gastou, em média, 20,1 kWh aos 100 quilómetros. Em ambiente urbano consome cerca de 16 kWh/100 km, disparando em autoestrada para 22 kWh/100 km.
Apesar da potência elevada do motor (210 cv.), o desempenho dinâmico é contido. O peso elevado ajuda a explicar: com quase 2,2 toneladas, o Peugeot e-3008 é cerca de 200 kg mais pesado do que o Tesla Model Y com tração integral, um veículo maior.
Para um automóvel elétrico novo, esperava-se um carregamento mais rápido e uma autonomia real maior.
Preços do Peugeot e-3008 e dos principais rivais
Com 210 cavalos e bateria de 73 kWh, o Peugeot e-3008 tem um preço de 44 150 euros na versão Allure. O GT arranca nos 48 600 euros. Compensa pelo nível elevado de equipamento de conforto e segurança. Com mais potência (230 cavalos) e uma bateria maior (97 kWh) o Peugeot e-3008 Allure custa 49 150 euros. Já o musculado GT arranca nos 53 800 euros.

Com potência de 136 cavalos, o Peugeot 3008 híbrido a gasolina custa desde 33 650 euros. Com 195 cavalos, o híbrido plug-in a gasolina arranca nos 42 400 euros. O híbrido, por menos 10 mil euros do que o modelo 100% elétrico, é uma boa opção para a maioria dos consumidores. Se comprar não é solução e precisa de um automóvel, avalie as propostas de renting.
O Peugeot e-3008 não consegue destronar o Melhor do Teste no segmento, mas conquista uma posição de destaque entre a concorrência a poucos pontos de distância. Entre os principais rivais, o Renault Scenic E-Tech tem um preço mínimo menos doloroso (desde 40 690 euros). O Audi Q4 e-tron (desde 49 800 euros), o BMW iX2 (desde 57 600 euros) e o Mercedes EQA (desde 53 950 euros) são muito mais caros.
Prós do Peugeot e-3008
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Contras do Peugeot e-3008
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Construção e acabamentos confirmam reputação recente
A Peugeot conquistou uma boa reputação nos últimos anos ao nível da qualidade de construção, e o novo 3008 faz jus a essa imagem. O SUV compacto impressiona com a carroçaria meticulosamente acabada. Os únicos pontos menos positivos são a ausência de um revestimento na moldura das portas e a falta de um amortecedor a gás para facilitar a abertura do capô, que é bastante pesado.
No interior, o 3008 também convence pela montagem cuidada. Os elementos estão firmes e bem ajustados. Os materiais utilizados são de nível médio dentro da classe: na parte superior das portas e do tabliê há plásticos macios ao toque. Os generosos revestimentos em tecido no tabliê, nas portas e na consola central criam um ambiente sofisticado e de aconchego. Toda a parte inferior do carro está revestida, melhorando a aerodinâmica.
Utilização diária
Com um diâmetro de viragem de 11,2 metros e dimensões compactas (4,54 metros de comprimento e 2,11 metros de largura, incluindo espelhos), consegue manobrar o Peugeot e-3008 com facilidade em ambientes urbanos. Permite usar a bateria para fornecer energia a dispositivos elétricos. É possível, por exemplo, carregar uma bicicleta elétrica ou alimentar um eletrodoméstico.
A autonomia medida do Peugeot e-3008 é de 440 quilómetros, um valor mediano para um carro elétrico recente da classe compacta. A potência de carregamento rápido ficou abaixo das expectativas: o carregamento rápido da bateria de 10% a 80% demorou cerca de 40 minutos. Por exemplo, o Hyundai Ioniq 5 completa este carregamento em metade do tempo.
Por fim, a posição da porta de carregamento é controversa. Atrás, no lado esquerdo, é pouco prática em estacionamento longitudinal. A tampa é grande e pode representar um risco de segurança, sobretudo para ciclistas. A visibilidade traseira não é das melhores, devido aos pilares largos do tejadilho e ao vidro traseiro pequeno. O facto de não ter limpa-vidros traseiro agrava o problema em dias de chuva.
Bagageira ampla e muito versátil
O Peugeot 3008 conta com um espaço de carga bastante versátil: 440 litros de capacidade real ou 510 litros se remover a cobertura e usar o espaço até ao teto. Depois de rebater os bancos traseiros, conta com 1250 litros de arrumação ao aproveitar todo o espaço até aos bancos dianteiros. Tem um compartimento sob o piso da bagageira de 45 litros extra.
Na versão GT do Peugeot e-3008, a porta da mala abre-se e fecha-se eletricamente. Pode ser acionada de várias formas: botão na tampa, painel de controlo no tabliê, chave ou sensor de movimento com o pé. Com o Peugeot e-3008 ligado a um posto de carregamento, o sensor de movimento fica desativado.
Os bancos traseiros do Peugeot e-3008 são rebatíveis em três partes, permitindo uma configuração mais flexível para transporte de carga e passageiros.
A libertação do encosto é feita em alavancas na parte superior das costas dos bancos, acessíveis a partir do habitáculo. Na geração anterior, esta operação também podia ser feita a partir da bagageira, e os bancos tinham um mecanismo de rebatimento assistido por mola, facilitando a operação, que foi removido nesta geração. Os bancos rebatem facilmente e sem necessidade de remover os apoios de cabeça. Cuidado ao meter os bancos na posição original: os cintos laterais podem ficar presos.
Ecrã curvo de 21 polegadas no Peugeot e-3008 GT rico em conectividade
A disposição dos controlos e dos dois ecrãs de 10 polegadas é, no início, pouco intuitiva, mas acaba por se habituar depressa.
A Peugeot aposta há vários anos num caminho próprio na conceção do cockpit e, no 3008, aprimorou o chamado i-Cockpit. O design do habitáculo é agora formado por um único elemento contínuo, que na versão Allure inclui dois ecrãs de 10 polegadas.
O painel de instrumentos está acima do volante. O resultado é um volante invulgarmente pequeno numa posição bastante baixa. É uma surpresa agradável depois de encontrar um ajuste confortável para o banco e o volante. Condutores mais altos podem ter dificuldades e, em alguns casos, bater com o joelho no volante devido à posição.
Na versão GT, o 3008 vem equipado de série com um ecrã curvo de 21 polegadas, que integra o painel de instrumentos e o ecrã central tátil. Este ecrã de alta resolução impressiona com gráficos modernos, áreas táteis suficientemente grandes e uma resposta rápida. O acesso ao lado direito do ecrã é difícil para o condutor. Já o lado esquerdo do ecrã tátil pode ser melhorado em termos ergonómicos.
A estrutura do menu também não é das mais intuitivas, exigindo tempo de adaptação. Operações, como ativar o aquecimento dos bancos, continuam complicadas, dado que exigem múltiplas interações, em vez de uma simples tecla física.
Se tiver o ecrã curvo, há ainda um ecrã adicional abaixo das saídas centrais de ventilação, com seis campos para atribuir até 12 ícones para funções. Ao contrário dos modelos 208, 2008 e 308, o painel de instrumentos do 3008 não inclui a tecnologia de visualização em 3D – um sinal de que a Peugeot pode estar a abandonar esta funcionalidade. No geral, o painel de instrumentos é um pouco confuso e exibe um design demasiado elaborado.
Ponto positivo: ao contrário da maioria dos modelos, o 3008 exibe o mapa do sistema de navegação integrado à frente do condutor e a aplicação de mapas do Apple CarPlay.
Os comandos dos sistemas de apoio à condução, como o cruise control adaptativo, e do infoentretenimento estão integrados no volante. Encontra o pequeno seletor da caixa de velocidades entre o botão de arranque e as saídas centrais de ventilação. À noite, a falta de iluminação dificulta a sua localização.
Outro ponto a melhorar é a posição do botão dos piscas de emergência: discretamente integrado na consola central, não pode ser ativado sem desviar o olhar da estrada.
Na versão GT, a base de carregamento do telemóvel por indução – hoje quase indispensável – é incluída de série. Na versão Allure só está disponível como opcional de um pacote que custa 750 euros e inclui o ecrã panorâmico, a navegação conectada e duas tomadas USB-C atrás. O sistema de navegação integrado inclui informações de trânsito em tempo real e planeamento de rotas com carregamento – uma funcionalidade essencial num carro elétrico. Além disso, o assistente de voz é eficiente.
Habitáculo espaçoso, mas pouco versátil
Para um automóvel compacto, o Peugeot e-3008 “oferece” bastante espaço à frente. Mesmo ocupantes de com dois metros de altura encontram espaço suficiente. A largura do habitáculo na frente é suficiente. A perceção de espaço é afetada pelo forro escuro do tejadilho, pela volumosa consola central e pela linha de janelas elevada.
Atrás não é tão generoso. Com o teto panorâmico opcional, o espaço do modelo testado é ligeiramente menor do que no Peugeot 3008 sem o teto de vidro. A largura do habitáculo é totalmente adequada para dois ocupantes, mas muito apertada para três adultos.
A versatilidade limita-se ao rebatimento dos encostos dos bancos traseiros em três partes. Ao contrário de alguns SUV compactos, os bancos traseiros não podem ser deslocados longitudinalmente nem permitem ajustar a inclinação do encosto.
Tem várias opções de arrumação. Os compartimentos das portas são grandes e há bolsas práticas nos encostos dos bancos dianteiros, bem como suportes úteis para casacos.
Condução satisfaz, travagem exemplar
O conforto da suspensão deste SUV satisfaz, sendo agradável no dia-a-dia, mas a diferença para os modelos rivais com amortecimento adaptativo é notória. Em ambiente urbano, a suspensão poderia ser mais sensível, sendo prejudicada pelo impacto negativo das jantes de 20 polegadas de série. Em autoestrada, a capacidade de absorção das irregularidades é aceitável. No entanto, o Peugeot e-3008, como muitos outros carros elétricos, tende a reproduzir as imperfeições do pavimento. O desempenho do modelo a gasolina anterior convencia mais neste aspeto.
Tanto em linha reta como com obstáculos, o Peugeot e-3008 impressiona pela condução estável. A direção assistida não convence completamente. É direta e bem executada, ideal em longas viagens, mas falta-lhe precisão e feedback. A precisão é prejudicada com o volante pequeno – nem todos os condutores se habituam. Com o pedal do acelerador totalmente pressionado, são percetíveis leves interferências do motor na direção.
O Peugeot 3008 elétrico revela um ótimo desempenho na travagem. A circular a 100 km/h, precisou apenas de 34,3 metros para se imobilizar completamente numa travagem a fundo.
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