Wallbox: carregue o carro elétrico em casa

Mais de metade não cumpre requisitos de instalação

Apesar da confiança nos instaladores e na infraestrutura elétrica, apenas 43% das instalações cumprem as recomendações do fabricante e a legislação de segurança elétrica. No teste, verificou-se que é muito frequente não se utilizarem os equipamentos de proteção recomendados e não se separar o circuito da wallbox das restantes alimentações do quadro elétrico.

No entanto, adiantam os autores do estudo, isso não significa estarmos perante um perigo iminente: as instalações elétricas em Portugal são tipicamente bem executadas. Não é normal encontrar erros de execução por utilização de equipamentos incorretos. O fenómeno que se observou em quase metade das casas visitadas deve-se, provavelmente, à falta de conhecimento e formação das empresas mais pequenas que se especializaram em instalações elétricas. Desconhecem que estes equipamentos têm características particulares. Seja como for, os riscos de sobrecarga da instalação elétrica em casa ou de eletrocussão existem. Sugere-se cautela e manutenção. Por outro lado, a má instalação elétrica não limita a potência de carregamento.

Condutores não aproveitam a potencialidade dos fotovoltaicos

Outra conclusão surpreendente do estudo: quase metade dos lares visitados dispunham de produção solar para autoconsumo, tinham instalados os vulgarmente conhecidos por painéis fotovoltaicos. No entanto, só 10% tinham condições para tirar partido da gestão inteligente entre o carregamento das baterias e a produção solar. Fica a nota: se dispõe de eletricidade produzida a partir de energias renováveis em casa, deve carregar o carro durante o período solar para tirar partido desta fonte de energia renovável.

Quanto aos que não dispõem desta potencialidade, a poupança fica garantida a vários níveis com uma wallbox: a velocidade de carregamento é muito maior do que uma tomada convencional. Dependendo do modelo do veículo e da capacidade da wallbox, é possível carregar a bateria do veículo de 0% a 100% em apenas algumas horas. A wallbox deve ser ligada diretamente a um quadro elétrico da casa ou do local de trabalho. Tem um sistema de proteção integrado que evita sobrecargas e curto-circuitos, o que garante a segurança do carregamento. Além destas vantagens, as wallboxes têm funcionalidades inteligentes que permitem ao utilizador controlar e gerir o carregamento através de uma aplicação no smartphone. Isto inclui a programação do carregamento para as horas de menor tarifário, a limitação da potência e a monitorização do estado de carregamento e até a partilha com outros utilizadores.

Quanto custa carregar em casa?

É difícil estabelecer um valor cabal de poupança para o consumidor. Isso depende do tarifário de eletricidade que tem em casa. As economias vêm, antes de tudo, das características técnicas e do jogo que pode fazer entre esta sofisticação tecnológica e o seu tarifário.

Muitas wallboxes possuem funcionalidades inteligentes que permitem programar o carregamento para as horas de menor custo de tarifário. Tipicamente seria à noite, mas as horas de maior poupança terão de ser analisadas a cada momento. Um conselho útil, que decorre da experiência no terreno deste estudo, é a aposta dos consumidores na tendência de carregamentos longos, de potência baixa, que ocorrem preferencialmente fora dos períodos mais onerosos da energia elétrica. E, ainda, claro, quando existe menos consumo em casa, para que não precise de aumentar em demasia a potência contratada e instalada.

E quanto custa uma wallbox?

Os preços médios de uma wallbox andam na casa dos 500 euros. Se os somarmos ao custo da instalação, tudo rondará 850 euros.

Note-se que os consumidores que receberam a visita dos técnicos para este estudo podem ter poupado nesta fase, mas à custa da segurança, tendo em conta que a maioria das instalações foi feita sem recurso a empresas especializadas.

Quanto tempo para carregar?

Mais uma resposta com um "depende" à frente. As baterias dos carros elétricos comercializados em Portugal variam entre os 30 kWh e mais de 100 kWh. Se for de 30 kWh, espera-se que ofereça 30 kW de energia durante uma hora. Para esta potência, conte com uma autonomia máxima de 200 km de estrada. Naturalmente, como facilmente inferiu, quanto maior a potência da bateria, mais autónomo se torna o veículo. Ou seja, vai passar mais tempo na estrada sem pedir uma recarga.

Em que ficamos, para o tempo de carregamento? Voltemos à resposta que começa por um "depende". Nada como um exemplo: se a bateria do carro for de 75 kWh, pode demorar entre 3,5 e 20 horas a carregar. Tal vai depender da potência de carregamento: com uma tomada doméstica, a potência é de cerca de 2,3 kW, podendo chegar, na Europa, aos 3,7 kW. Portanto, para carregar uma bateria de 75 kWh, demoraria aproximadamente 32 horas.

Já com uma wallbox, a potência de carregamento é, em geral, de cerca de 7,4 kW, podendo chegar aos 22 kW, nas instalações trifásicas. Logo, para carregar uma bateria de 75 kWh, demoraria aproximadamente 10 horas numa instalação monofásica e 3,5 horas numa trifásica. Continuam a ser números pouco interessantes, se tiver pressa em pegar no carro. Estes tempos de carregamento são aproximados e podem variar de acordo com diversos fatores, como a temperatura e o estado de carga da bateria e a eficiência do veículo.

Se utilizar um carregador rápido em corrente contínua – os dos postos públicos, de modo 4 –, a potência de carregamento pode ultrapassar os 50 kW. Ou seja, para carregar uma bateria de 75 kWh demoraria aproximadamente 1,5 horas. Só que, neste caso, pagaria mais. Quanto? Outra vez, depende. Os postos públicos têm uma oferta que varia muito... Longe vão os tempos em que poderia carregar o veículo com pouco mais de 1 euro...

O que é o sistema de balanceamento de carga dinâmico?

As wallboxes dispõem de um sistema de balanceamento de carga dinâmico. É utilizado em estações de carregamento de veículos elétricos, onde existem vários carregadores instalados. Permite ajustar a potência de carregamento em tempo real, com base na capacidade disponível da instalação elétrica.

Estes sistemas monitorizam constantemente o consumo de energia de toda a instalação, seja em casa ou em edifícios de escritórios, por exemplo. Os mais sofisticados ajustam a potência de carregamento do veículo de acordo com a energia disponível, para evitar sobrecargas ou cortes de energia. Os mais simples atuam nos carregadores numa lógica de liga/desliga.

Vejamos um exemplo: se outros aparelhos na instalação estiverem a consumir muita energia, o sistema de balanceamento de carga dinâmico vai reduzir a potência de carregamento do veículo elétrico. Por outro lado, se houver muita energia disponível, o sistema aumentará a potência de carregamento até ao limite.

Cuidados antes de instalar uma wallbox em casa

• Conheça a capacidade da instalação elétrica em casa. Esta informação está indicada no quadro elétrico ou na sua fatura de eletricidade. A potência contratada terá de ser de 4,6 kVA/5,75 kVA, no mínimo.
• Quantifique a carga (potência) do veículo elétrico: a carga adicional de um veículo elétrico depende da potência do carregador.
• Consulte um profissional. Para uma avaliação precisa e segura, é aconselhável consultar um eletricista profissional ou uma empresa especializada em instalações de carregamento de veículos elétricos.

Como instalar wallboxes em condomínios?

Informe, por escrito, o condomínio com a antecedência de 30 dias da data pretendida da intenção de instalar um ponto de carregamento de veículo elétrico (PCVE), com ligação ao quadro de serviços comuns na garagem do edifício, a realizar por uma entidade certificada.

Deve aguardar pela resposta da administração do condomínio após a comunicação. O condomínio pode negar a instalação caso decida avançar com a obra no prazo de 90 dias após a comunicação. Ou se o condomínio já tiver um ponto de carregamento. O mesmo se aplica se a instalação puser em risco a segurança de pessoas ou bens ou se prejudicar a linha arquitetónica do edifício.

O condomínio deve informar a sua decisão ao condómino, por escrito, no prazo de 15 dias. Se a decisão for negativa, a mesma deve ser sempre fundamentada.

Num condomínio com PCVE comuns para utilização partilhada, cada utilizador é responsável pelos seus consumos de energia.

Avaria da wallbox: o que fazer

Resta saber o que pode fazer em caso de mau funcionamento ou avaria, antes de ligar o "botão de alarme" e chamar o técnico.

• Verifique se há mensagens de erro na wallbox (ou app).
• Reinicie o sistema.
• Verifique a alimentação elétrica, certificando-se de que todos os equipamentos estão com funcionamento correto.
• Consulte o manual do utilizador para a solução de problemas comuns.
• Registe todas as mensagens de erro, se capitular e tiver de chamar mesmo um técnico.

Quem opta pela mobilidade elétrica pode contribuir para a redução das emissões de CO₂, dando impulso à utilização de energias renováveis.

Mas há, ainda, um aspeto prático a ter em conta: se a sua casa estiver preparada para a mobilidade elétrica, a instalação de uma wallbox pode contribuir para a valorização do imóvel. Pode circular numa estrada de vantagens...