Carros elétricos acessíveis: qual o melhor citadino até 25 mil euros?
Hyundai Inster, Fiat Grande Panda, BYD Dolphin Surf, Citroën ë-C3, Leapmotor T03 e Dacia Spring: seis carros elétricos citadinos disputam o título de melhor opção acessível. A DECO PROteste avaliou autonomia, consumo, conforto, segurança e equipamento. Todos querem conquistar a cidade e a carteira dos portugueses.
Até há dois anos, o catálogo automóvel do laboratório listava apenas três modelos por menos de 30 mil euros. Hoje já inclui seis modelos por menos de 25 mil euros.
Segmento dos citadinos elétricos muito agitado
A oferta de pequenos carros elétricos cresceu de forma significativa. E o chamado Automotive Package da Comissão Europeia promete acelerar ainda mais este tipo de automóveis.
BYD e Leapmotor no centro das atenções do consumidor
O número de modelos ainda não é tão vasto como o de equivalentes com motor de combustão, mas cresce rapidamente. Os fabricantes chineses como a BYD e a Leapmotor afirmam-se. Já os construtores alemães perderam a oportunidade: não têm qualquer carro capaz de competir ao nível do preço com os carros importados mais baratos. Mas tudo vai mudar em 2026.
A gama de carros pequenos com motores convencionais encolheu de forma acentuada. Desapareceram os modelos a gasóleo e séries inteiras foram eliminadas sem substituição. Um exemplo flagrante é o Ford Fiesta, descontinuado em 2023 após 47 anos de produção, oito gerações e 15 milhões de unidades vendidas.
Ao mesmo tempo, alguns modelos são mantidos em produção e recebem um novo design. Permanecem no mercado por mais algum tempo sem planos para um sucessor. O melhor exemplo é o Seat Ibiza que, tal como o Volkswagen Polo, está no mercado há oito anos, recebeu recentemente a segunda atualização e deverá manter-se em produção.
Evolução nas propostas das marcas e no preço são reveladoras
Além da evolução da oferta, a mudança dos preços nos dois tipos de motorização é muito significativa. No Opel Corsa, por exemplo, disponível com motor de combustão e elétrico desde 2020, a diferença de preço tem vindo a diminuir. Há um forte aumento em 2021 em ambas as versões, devido à Covid-19 e aos efeitos no mercado global (estrangulamentos no fornecimento, escassez de semicondutores, aumento acentuado dos custos de energia e das matérias-primas).
Enquanto o preço-base do Opel Corsa a combustão aumentou cerca de 4 mil euros ao longo de cinco anos, o preço-base da versão elétrica voltou ao nível inicial. Quando foi lançado, o Corsa elétrico mais barato custava o dobro da versão a gasolina; hoje, a diferença caiu de 15 mil para 13 mil euros.
Hyundai Inster, Fiat Grande Panda, BYD Dolphin Surf, Citroën ë-C3, Leapmotor T03 e Dacia Spring em confronto
O grupo do ensaio é composto por seis carros, entre os elétricos novos mais baratos. A DECO PROteste procurou as versões mais baratas disponíveis de cada modelo. No caso do BYD Dolphin Surf e do Dacia Spring, foi necessário ensaiar versões mais caras, dado que os modelos-base não estavam disponíveis.
Hoje, o Citroën ë-C3 também já está disponível com uma bateria menor a partir de 19 990 euros. Se comprar não é solução e precisa de um carro, avalie as propostas de renting.
| Modelo | Preço versão mais barata | Preço versão ensaiada |
|---|---|---|
| BYD Dolphin Surf | 22 318 € |
26 423 € |
| Citroën ë-C3 | 23 300 € |
23 300 € |
| Dacia Spring | 16 900 € |
18 900 € |
| Fiat Grande Panda Electric | 23 550 € |
25 000 € |
| Hyundai Inster |
24 900 € | 25 900 € |
| Leapmotor T03 | 18 500 € |
18 500 € |
O melhor e o pior dos automóveis elétricos em confronto
Destacamos os carros por ordem decrescente do veredicto global. O Hyundai Inster vence ao proporcionar a melhor relação entre preço e desempenho.
O Fiat Grande Panda Electric conquista a segunda posição do pódio, graças ao espaço e comportamento equilibrado. Citroën ë-C3 e BYD Dolphin Surf partilham o terceiro lugar. O modelo francês partilha a maioria dos pontos fortes e fracos com o Fiat, em grande parte idêntico do ponto de vista tecnológico, mas está equipado de forma muito espartana. O BYD destaca-se pela construção, equipamento e segurança, mas o carro chinês fica aquém nos tempos de carregamento e na afinação da direção.
- Os carros mais baratos (Dacia e Leapmotor) ficam muito aquém dos citadinos elétricos mais completos.
- Os carros elétricos pequenos têm hoje mais autonomia e versatilidade a preços muito mais baixos.
Hyundai Inster Comfort
O construtor sul-coreano é uma das marcas de referência na mobilidade elétrica e tem atualmente cinco gamas com propulsão elétrica. Com o Inster, a Hyundai apresenta o seu primeiro pequeno carro totalmente elétrico. Não é um desenvolvimento totalmente novo: já estava disponível desde 2021 na Coreia do Sul e na Índia como Hyundai Casper, com motor a gasolina.
Os testes demonstram muito bem porquê. Com apenas 3,83 metros de comprimento, o Hyundai Inster exibe um espaço surpreendente, mesmo na segunda fila. Apesar da escolha simples de materiais, destaca-se pela boa qualidade de construção e pela utilização intuitiva, que não depende apenas do ecrã tátil.
Em condução, o comportamento maduro impressiona: a suspensão é muito competente para um citadino, mantém-se estável e a afinação da direção é a melhor do grupo. Os travões poderiam ser mais eficazes: 37,5 metros numa travagem de emergência a 100 km/h já não é a referência no segmento.
Na vertente elétrica, lidera isolado e de longe: com o consumo mais baixo, proporciona a maior autonomia real desta batalha: 290 quilómetros. O Hyundai Inster também impõe o padrão no carregamento rápido e é o único a disponibilizar bomba de calor e pré-condicionamento da bateria a baixas temperaturas, ainda que opcional. O desempenho é dos melhores do grupo.
Com quatro estrelas no Euro NCAP, mesmo na versão de base, inclui de série entrada sem chave, cruise control adaptativo e sistema de navegação. Por 24 900 euros, o Hyundai Inster é a proposta mais convincente do teste e demonstra toda a experiência da marca na mobilidade elétrica.
Fiat Grande Panda Electric
O Grande Panda Electric é o segundo pequeno elétrico da Fiat, depois do 500e. O desempenho no teste é notável. Com cerca de quatro metros de comprimento, tem espaço generoso até cinco ocupantes.
A qualidade dos materiais é simples e o volante em plástico, mas a utilização é intuitiva, com botões físicos para funções essenciais. A ausência de botão de arranque é estranha num elétrico moderno. Em contrapartida, é um dos poucos a poder rebocar pequenos atrelados.
A autonomia medida foi inferior aos 250 km, sobretudo em autoestrada, onde o consumo sobe muito. O consumo médio é elevado (19,8 kWh/100 km). O carregamento rápido de 10 a 80% demora 35 minutos. O comportamento dinâmico é dos melhores, com excelente conforto de suspensão e a menor distância de travagem (35,5 m).
O motor garante boas prestações. O equipamento de segurança é modesto e o conforto deixa a desejar.
BYD Dolphin Surf Boost
O BYD Dolphin Surf é uma das estreias mais aguardadas de 2025. A BYD domina o mercado automóvel chinês (o maior do mundo em volume) e já ultrapassou a Tesla enquanto maior fabricante de carros elétricos.
Visualmente, o carro de cinco portas, com pintura marcante, impõe-se e com o desenho agressivo do para-choques dianteiro lembra o SUV de luxo Lamborghini Urus. A qualidade dos materiais é a melhor do confronto. Nenhum rival exibe superfícies em plástico macio.
A construção também merece poucos reparos: a BYD domina bem os processos de produção. O espaço interior é bom, inclusive atrás, mas a utilização é penalizada pela escassez de botões físicos.
A imprensa afirma com frequência que os fabricantes chineses lideram tecnologicamente a mobilidade elétrica, mas este carro não confirma essa ideia. O BYD Dolphin Surf apenas iguala a autonomia dos dois carros da Stellantis (Fiat e Citroën) e é superado pelo Dacia Spring no tempo de carregamento em postos rápidos.
Em estrada, destaca-se pelo conforto de suspensão e pelo menor ruído interior em ritmos elevados. Contudo, a direção é pouco precisa e a travagem é a pior do grupo (37,8 metros). Com um consumo elevado (19,2 kWh/100 km), é muito menos eficiente do que o Hyundai Inster. Ao contrário do rival sul-coreano, o BYD não tem pré-condicionamento da bateria, nem bomba de calor.
A versão testada é a mais cara do grupo, mas destaca-se pelo equipamento de série mais completo: bancos com imitação de pele com regulação elétrica, acesso sem chave, cruise control adaptativo e sistema de navegação. No conjunto, o BYD Dolphin Surf cumpre parcialmente as expectativas criadas e fica-se por uma posição intermédia na classificação.
Citroën ë-C3 You Conforto
Tal como a Fiat, a Citroën pertence ao Grupo Stellantis, que integra 14 marcas. Para explorar sinergias e reduzir custos, vários modelos assentam na mesma plataforma. É o caso do novo ë-C3, que partilha grande parte da tecnologia com o Fiat Grande Panda Electric, bem como com as versões elétricas do Opel Frontera, Jeep Avenger e Alfa Romeo Junior.
O Citroën ë-C3 distingue-se pelo conceito interior radical: em vez de ecrã central, existe apenas um suporte para smartphone. Obriga o condutor a usar o telemóvel para navegação e multimédia, uma solução discutível ao nível de ergonomia e segurança. A aplicação da marca acede aos dados do carro e tem em conta o nível de carga no planeamento de rotas.
O resultado convence: destaca-se pelo melhor conforto de suspensão. Conduz-se de forma calma e segura, mas é um pouco menos dinâmico do que o Fiat Grande Panda.
A autonomia é de 255 km, com consumo elevado, e o carregamento rápido demora 35 minutos. Com wallbox demora mais tempo do que o seu irmão italiano: o modelo francês carrega apenas a 7,4 kW, demorando sete horas a carregar, enquanto o Fiat Grande Panda Electric fica totalmente carregado em menos de cinco horas com carregador de 11 kW.
Os clientes pagam o preço atrativo com um equipamento muito espartano. É aconselhável optar por uma versão superior.
Leapmotor T03
Inspirado visualmente no Smart ForFour, o T03 é o mais curto do teste (3,62 m) e orientado para a cidade. Contudo, a carroçaria compacta tem consequências no espaço: o banco traseiro só é adequado para crianças em viagens mais longas. Tem a bagageira mais pequena.
A autonomia é reduzida (210 km) e o sistema de climatização obsoleto. A utilização via ecrã tátil é pouco prática e prejudica a segurança. A direção compromete a experiência de condução. A distância de travagem é aceitável.
O equipamento é generoso, mas vários sistemas funcionam mal. É barato, mas exige demasiados compromissos.
Dacia Spring Electric 65 Expression
Apesar da renovação em 2024, o Dacia Spring continua a revelar a sua origem como carro de baixo custo para mercados emergentes. A bateria de 26,8 kWh garante apenas 185 km de autonomia real. O carregamento é lento, mesmo em corrente contínua.
É muito ruidoso e pouco confortável. A segurança continua fraca, com resultados do Euro NCAP desatualizados, mas pouco animadores. O preço é o mais baixo dos seis, mas as limitações são significativas.
Os dois carros mais pequenos e baratos no final da corrida
Leapmotor T03 e Dacia Spring fecham a classificação. Os dois carros mais pequenos e mais baratos ficam nas últimas posições com uma margem considerável e só podem ser recomendados de forma limitada. Com equipamento aceitável, o Leapmotor T03 soma pontos pelo bom comportamento em estrada, mas acusa falhas ao nível da carga útil, do sistema de aquecimento e da funcionalidade dos sistemas de apoio à condução.
No Dacia Spring, a autonomia e o desempenho de carregamento continuam abaixo da média, tal como as características dinâmicas e o nível de segurança. O baixo consumo e as dimensões compactas são um pequeno consolo.
| Modelo | Bateria | Autonomia | Consumo | Distância de travagem | Mala |
|---|---|---|---|---|---|
| BYD Dolphin Surf | 43,2 kWh |
260 km | 19,2 kWh / 100 km | 37,8 m | 220 a 990 l |
| Citroën ë-C3 | 44 kWh | 255 km | 19,9 kWh / 100 km | 35,6 m | 290 a 1115 l |
| Dacia Spring | 26,8 kWh |
185 km | 16,7 kWh / 100 km | 35,7 m | 255 a 935 l |
| Fiat Grande Panda Electric | 44 kWh |
250 km | 19,8 kWh / 100 km | 35,5 m | 310 a 1100 l |
| Hyundai Inster |
42 kWh | 290 km | 15,9 kWh / 100 km | 37,5 m | 260 a 1015 l |
| Leapmotor T03 | 36 kWh |
210 km | 19,4 kWh / 100 km | 36,5 m | 185 a 835 l |
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