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Carros elétricos acessíveis: qual o melhor citadino até 25 mil euros?

Hyundai Inster, Fiat Grande Panda, BYD Dolphin Surf, Citroën ë-C3, Leapmotor T03 e Dacia Spring: seis carros elétricos citadinos disputam o título de melhor opção acessível. A DECO PROteste avaliou autonomia, consumo, conforto, segurança e equipamento. Todos querem conquistar a cidade e a carteira dos portugueses.

Editor:
29 dezembro 2025
Citroën ë-C3, Fiat Grande Panda Electric, Hyundai Inster, BYD Dolphin Surf, Leapmotor T03 e Dacia Spring em fila, de frente

Uwe Rattay/ADAC

Até há dois anos, o catálogo automóvel do laboratório listava apenas três modelos por menos de 30 mil euros. Hoje já inclui seis modelos por menos de 25 mil euros.

Nem todos superam com sucesso o desvio de obstáculos em velocidade elevada.  
Nem todos superam com sucesso o desvio de obstáculos em velocidade elevada.

Segmento dos citadinos elétricos muito agitado

A oferta de pequenos carros elétricos cresceu de forma significativa. E o chamado Automotive Package da Comissão Europeia promete acelerar ainda mais este tipo de automóveis.

BYD e Leapmotor no centro das atenções do consumidor

O número de modelos ainda não é tão vasto como o de equivalentes com motor de combustão, mas cresce rapidamente. Os fabricantes chineses como a BYD e a Leapmotor afirmam-se. Já os construtores alemães perderam a oportunidade: não têm qualquer carro capaz de competir ao nível do preço com os carros importados mais baratos. Mas tudo vai mudar em 2026.

A gama de carros pequenos com motores convencionais encolheu de forma acentuada. Desapareceram os modelos a gasóleo e séries inteiras foram eliminadas sem substituição. Um exemplo flagrante é o Ford Fiesta, descontinuado em 2023 após 47 anos de produção, oito gerações e 15 milhões de unidades vendidas.

Ao mesmo tempo, alguns modelos são mantidos em produção e recebem um novo design. Permanecem no mercado por mais algum tempo sem planos para um sucessor. O melhor exemplo é o Seat Ibiza que, tal como o Volkswagen Polo, está no mercado há oito anos, recebeu recentemente a segunda atualização e deverá manter-se em produção.

Evolução nas propostas das marcas e no preço são reveladoras

Além da evolução da oferta, a mudança dos preços nos dois tipos de motorização é muito significativa. No Opel Corsa, por exemplo, disponível com motor de combustão e elétrico desde 2020, a diferença de preço tem vindo a diminuir. Há um forte aumento em 2021 em ambas as versões, devido à Covid-19 e aos efeitos no mercado global (estrangulamentos no fornecimento, escassez de semicondutores, aumento acentuado dos custos de energia e das matérias-primas).

Enquanto o preço-base do Opel Corsa a combustão aumentou cerca de 4 mil euros ao longo de cinco anos, o preço-base da versão elétrica voltou ao nível inicial. Quando foi lançado, o Corsa elétrico mais barato custava o dobro da versão a gasolina; hoje, a diferença caiu de 15 mil para 13 mil euros.

Hyundai Inster, Fiat Grande Panda, BYD Dolphin Surf, Citroën ë-C3, Leapmotor T03 e Dacia Spring em confronto

O grupo do ensaio é composto por seis carros, entre os elétricos novos mais baratos. A DECO PROteste procurou as versões mais baratas disponíveis de cada modelo. No caso do BYD Dolphin Surf e do Dacia Spring, foi necessário ensaiar versões mais caras, dado que os modelos-base não estavam disponíveis.

Hoje, o Citroën ë-C3 também já está disponível com uma bateria menor a partir de 19 990 euros. Se comprar não é solução e precisa de um carro, avalie as propostas de renting.

Modelo Preço versão mais barata Preço versão ensaiada
BYD Dolphin Surf 22 318 €
26 423 €
Citroën ë-C3 23 300 €
23 300 €
Dacia Spring 16 900 €
18 900 €
Fiat Grande Panda Electric 23 550 €
25 000 €
Hyundai Inster
24 900 € 25 900 €
Leapmotor T03 18 500 €
18 500 €

O melhor e o pior dos automóveis elétricos em confronto

Destacamos os carros por ordem decrescente do veredicto global. O Hyundai Inster vence ao proporcionar a melhor relação entre preço e desempenho.

O Fiat Grande Panda Electric conquista a segunda posição do pódio, graças ao espaço e comportamento equilibrado. Citroën ë-C3 e BYD Dolphin Surf partilham o terceiro lugar. O modelo francês partilha a maioria dos pontos fortes e fracos com o Fiat, em grande parte idêntico do ponto de vista tecnológico, mas está equipado de forma muito espartana. O BYD destaca-se pela construção, equipamento e segurança, mas o carro chinês fica aquém nos tempos de carregamento e na afinação da direção. 

  • Os carros mais baratos (Dacia e Leapmotor) ficam muito aquém dos citadinos elétricos mais completos.
  • Os carros elétricos pequenos têm hoje mais autonomia e versatilidade a preços muito mais baixos.

Hyundai Inster Comfort

O construtor sul-coreano é uma das marcas de referência na mobilidade elétrica e tem atualmente cinco gamas com propulsão elétrica. Com o Inster, a Hyundai apresenta o seu primeiro pequeno carro totalmente elétrico. Não é um desenvolvimento totalmente novo: já estava disponível desde 2021 na Coreia do Sul e na Índia como Hyundai Casper, com motor a gasolina.

O Hyundai Inster tornou-se rapidamente um dos pequenos carros elétricos mais apetecíveis. 
O Hyundai Inster tornou-se rapidamente um dos pequenos carros elétricos mais apetecíveis. 

Os testes demonstram muito bem porquê. Com apenas 3,83 metros de comprimento, o Hyundai Inster exibe um espaço surpreendente, mesmo na segunda fila. Apesar da escolha simples de materiais, destaca-se pela boa qualidade de construção e pela utilização intuitiva, que não depende apenas do ecrã tátil. 

Em condução, o comportamento maduro impressiona: a suspensão é muito competente para um citadino, mantém-se estável e a afinação da direção é a melhor do grupo. Os travões poderiam ser mais eficazes: 37,5 metros numa travagem de emergência a 100 km/h já não é a referência no segmento.

Na vertente elétrica, lidera isolado e de longe: com o consumo mais baixo, proporciona a maior autonomia real desta batalha: 290 quilómetros. O Hyundai Inster também impõe o padrão no carregamento rápido e é o único a disponibilizar bomba de calor e pré-condicionamento da bateria a baixas temperaturas, ainda que opcional. O desempenho é dos melhores do grupo.

Com quatro estrelas no Euro NCAP, mesmo na versão de base, inclui de série entrada sem chave, cruise control adaptativo e sistema de navegação. Por 24 900 euros, o Hyundai Inster é a proposta mais convincente do teste e demonstra toda a experiência da marca na mobilidade elétrica.

Fiat Grande Panda Electric

O Grande Panda Electric é o segundo pequeno elétrico da Fiat, depois do 500e. O desempenho no teste é notável. Com cerca de quatro metros de comprimento, tem espaço generoso até cinco ocupantes.

Espaçoso, tem a maior bagageira com os bancos no sítio. 
Fiat Grande Panda Electric é espaçoso e tem a maior bagageira com os bancos no sítio. 

A qualidade dos materiais é simples e o volante em plástico, mas a utilização é intuitiva, com botões físicos para funções essenciais. A ausência de botão de arranque é estranha num elétrico moderno. Em contrapartida, é um dos poucos a poder rebocar pequenos atrelados.

A autonomia medida foi inferior aos 250 km, sobretudo em autoestrada, onde o consumo sobe muito. O consumo médio é elevado (19,8 kWh/100 km). O carregamento rápido de 10 a 80% demora 35 minutos. O comportamento dinâmico é dos melhores, com excelente conforto de suspensão e a menor distância de travagem (35,5 m).

O motor garante boas prestações. O equipamento de segurança é modesto e o conforto deixa a desejar.

BYD Dolphin Surf Boost

O BYD Dolphin Surf é uma das estreias mais aguardadas de 2025. A BYD domina o mercado automóvel chinês (o maior do mundo em volume) e já ultrapassou a Tesla enquanto maior fabricante de carros elétricos.

Visualmente, o carro de cinco portas, com pintura marcante, impõe-se e com o desenho agressivo do para-choques dianteiro lembra o SUV de luxo Lamborghini Urus. A qualidade dos materiais é a melhor do confronto. Nenhum rival exibe superfícies em plástico macio.

A construção também merece poucos reparos: a BYD domina bem os processos de produção. O espaço interior é bom, inclusive atrás, mas a utilização é penalizada pela escassez de botões físicos.

A melhor qualidade dos materiais dos seis carros em teste: acabamentos superam modelos premium europeus. 
A melhor qualidade dos materiais dos seis carros em teste: acabamentos superam modelos premium europeus. 

A imprensa afirma com frequência que os fabricantes chineses lideram tecnologicamente a mobilidade elétrica, mas este carro não confirma essa ideia. O BYD Dolphin Surf apenas iguala a autonomia dos dois carros da Stellantis (Fiat e Citroën) e é superado pelo Dacia Spring no tempo de carregamento em postos rápidos.

Em estrada, destaca-se pelo conforto de suspensão e pelo menor ruído interior em ritmos elevados. Contudo, a direção é pouco precisa e a travagem é a pior do grupo (37,8 metros). Com um consumo elevado (19,2 kWh/100 km), é muito menos eficiente do que o Hyundai Inster. Ao contrário do rival sul-coreano, o BYD não tem pré-condicionamento da bateria, nem bomba de calor.

A versão testada é a mais cara do grupo, mas destaca-se pelo equipamento de série mais completo: bancos com imitação de pele com regulação elétrica, acesso sem chave, cruise control adaptativo e sistema de navegação. No conjunto, o BYD Dolphin Surf cumpre parcialmente as expectativas criadas e fica-se por uma posição intermédia na classificação.

Citroën ë-C3 You Conforto

Tal como a Fiat, a Citroën pertence ao Grupo Stellantis, que integra 14 marcas. Para explorar sinergias e reduzir custos, vários modelos assentam na mesma plataforma. É o caso do novo ë-C3, que partilha grande parte da tecnologia com o Fiat Grande Panda Electric, bem como com as versões elétricas do Opel Frontera, Jeep Avenger e Alfa Romeo Junior.

O Citroën ë-C3 distingue-se pelo conceito interior radical: em vez de ecrã central, existe apenas um suporte para smartphone. Obriga o condutor a usar o telemóvel para navegação e multimédia, uma solução discutível ao nível de ergonomia e segurança. A aplicação da marca acede aos dados do carro e tem em conta o nível de carga no planeamento de rotas. 

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O preço de base é competitivo, mas o equipamento muito limitado. 

O resultado convence: destaca-se pelo melhor conforto de suspensão. Conduz-se de forma calma e segura, mas é um pouco menos dinâmico do que o Fiat Grande Panda.

A autonomia é de 255 km, com consumo elevado, e o carregamento rápido demora 35 minutos. Com wallbox demora mais tempo do que o seu irmão italiano: o modelo francês carrega apenas a 7,4 kW, demorando sete horas a carregar, enquanto o Fiat Grande Panda Electric fica totalmente carregado em menos de cinco horas com carregador de 11 kW.

Os clientes pagam o preço atrativo com um equipamento muito espartano. É aconselhável optar por uma versão superior.

Leapmotor T03

Inspirado visualmente no Smart ForFour, o T03 é o mais curto do teste (3,62 m) e orientado para a cidade. Contudo, a carroçaria compacta tem consequências no espaço: o banco traseiro só é adequado para crianças em viagens mais longas. Tem a bagageira mais pequena.

A autonomia é reduzida (210 km) e o sistema de climatização obsoleto. A utilização via ecrã tátil é pouco prática e prejudica a segurança. A direção compromete a experiência de condução. A distância de travagem é aceitável.

O equipamento é generoso, mas vários sistemas funcionam mal. É barato, mas exige demasiados compromissos.

Dacia Spring Electric 65 Expression

Apesar da renovação em 2024, o Dacia Spring continua a revelar a sua origem como carro de baixo custo para mercados emergentes. A bateria de 26,8 kWh garante apenas 185 km de autonomia real. O carregamento é lento, mesmo em corrente contínua.

É muito ruidoso e pouco confortável. A segurança continua fraca, com resultados do Euro NCAP desatualizados, mas pouco animadores. O preço é o mais baixo dos seis, mas as limitações são significativas.

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Seis novos carros no maior confronto de sempre e o mais desejado pelos consumidores.

Os dois carros mais pequenos e baratos no final da corrida

Leapmotor T03Dacia Spring fecham a classificação. Os dois carros mais pequenos e mais baratos ficam nas últimas posições com uma margem considerável e só podem ser recomendados de forma limitada. Com equipamento aceitável, o Leapmotor T03 soma pontos pelo bom comportamento em estrada, mas acusa falhas ao nível da carga útil, do sistema de aquecimento e da funcionalidade dos sistemas de apoio à condução.

No Dacia Spring, a autonomia e o desempenho de carregamento continuam abaixo da média, tal como as características dinâmicas e o nível de segurança. O baixo consumo e as dimensões compactas são um pequeno consolo.

Modelo Bateria Autonomia Consumo Distância de travagem Mala
BYD Dolphin Surf 43,2 kWh
260 km 19,2 kWh / 100 km 37,8 m 220 a 990 l
Citroën ë-C3 44 kWh 255 km  19,9 kWh / 100 km 35,6 m 290 a 1115 l
Dacia Spring 26,8 kWh
185 km  16,7 kWh / 100 km 35,7 m 255 a 935 l
Fiat Grande Panda Electric 44 kWh
250 km 19,8 kWh / 100 km 35,5 m  310 a 1100 l
Hyundai Inster
42 kWh 290 km  15,9 kWh / 100 km 37,5 m  260 a 1015 l
Leapmotor T03 36 kWh
210 km 19,4 kWh / 100 km 36,5 m  185 a 835 l

 

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