Carro elétrico vs. gasolina com tempo frio: testes revelam perda de autonomia e impacto ambiental real
Os automóveis elétricos não resistem bem à baixa de temperaturas: BYD Sealion 7 e Cupra Born perdem 16 e 33% de autonomia, respetivamente. Os testes do Green NCAP destacam os compromissos reais que os condutores de carros elétricos e a gasolina enfrentam no dia a dia.
Um grande carro elétrico ou um automóvel premium a gasolina? É cada vez mais difícil escolher a melhor opção à medida das necessidades. Os testes mais recentes aos carros elétricos BYD Sealion 7 e Cupra Born e aos modelos a gasolina BMW Série 5 e BMW X2 revelam a visão mais clara até à data sobre o impacto ambiental em utilização real e a eficiência efetiva destes quatro automóveis familiares.
Para ajudar os consumidores, o Green NCAP foca-se em dados essenciais da experiência de condução. Nos carros elétricos, as medições contemplam fatores como o desempenho do carregamento e o impacto da utilização do aquecimento na autonomia total. Nos automóveis convencionais, permitem estimar o consumo real de combustível. Os resultados demonstram que os climas frios têm impactos distintos tanto nos sistemas elétricos como nos de combustão, na condução quotidiana.
Frio penaliza a utilização do carro elétrico
O BYD Sealion 7 Comfort é um SUV de grandes dimensões com uma bateria de 82,5 kWh e um peso em marcha de 2225 kg. É capaz de enfrentar os desafios inerentes ao tempo frio que afetam os carros elétricos de maior porte.
A autonomia real em percursos mistos do BYD Sealion 7 desce de uns sólidos 400 km para 337 km em clima frio, o que corresponde a uma redução moderada de 16 por cento.
Compensa a perda de autonomia no frio com um bom desempenho do pré-aquecimento do habitáculo e uma eficaz retenção de calor. Contudo, iniciada a viagem, os testes revelam que a velocidade de carregamento fica aquém do anunciado pela BYD. O carro atingiu a potência máxima declarada de 150 kW no início da sessão, mas o tempo de carregamento rápido medido (de 10 a 80% da capacidade da bateria) foi 8 minutos mais longo do que os 32 minutos anunciados, o que lhe vale uma avaliação "fraca" na categoria.
Mais pequeno e mais leve (1839 kg), o Cupra Born não se sai melhor com temperaturas baixas. Com uma bateria de 60 kWh, o hatchback tem uma autonomia em percursos combinados de 328 km, que cai para 221 km em condições frias, uma redução significativa.
O Green NCAP destaca a precisão das leituras de consumo no computador de bordo do Cupra Born, com valores medidos de 27,1 kWh/100 km em autoestrada, 17,9 kWh/100 km em percursos mistos e uns respeitáveis 13,8 kWh/100 km em cidade. Já o BYD Sealion 7 revela uma fraca precisão nos dados de consumo exibidos. Recomenda-se a disponibilização de uma atualização de software para garantir que os condutores recebem informação clara e fiável.
Candidatos a combustão: previsibilidade à custa de emissões poluentes?
Enquanto os carros elétricos podem sofrer reduções significativas de autonomia com o tempo mais frio, os dois automóveis a gasolina da BMW (520i, de 1800 kg, e X2 sDrive20i, de 1620 kg) revelam um consumo de combustível previsível.
Ambos foram classificados como "adequados" em Consumo e Autonomia. Os carros com motor de combustão interna utilizam o calor residual do motor para aquecer o habitáculo. Registam apenas um aumento moderado do consumo em clima frio, em vez da dura penalização de autonomia medida na maioria dos carros elétricos.
O consumo estimado do BMW Série 5 aumenta de 6,8 l/100 km para 8,1 l/100 km com tempo frio. O BMW X2 passa de 7,1 l/100 km para 8 l/100 km. Esta penalização é moderada, oferecendo aos condutores maior confiança na autonomia real do que nos carros elétricos.
| Carro testado | Estrelas (1 a 5) | Apreciação Global (%) |
|---|---|---|
| Cupra Born | 4,5 | 86 |
| BYD Sealion 7 | 4 | 73 |
| BMW X2 |
2,5 | 49 |
| BMW Série 5 | 2,5 | 46 |
Sustentabilidade global: choque inevitável
A Classificação Global de Sustentabilidade do Green NCAP inclui emissões médias da indústria associadas à produção e às cadeias de abastecimento. Logo, evidencia a diferença ambiental entre os vários tipos de motorização.
O BYD Sealion 7 alcançou uma classificação notável de quatro estrelas, graças à ausência de emissões pelo escape e à boa eficiência energética para a classe. O Cupra Born atingiu um desempenho ainda melhor, ao conquistar quatro estrelas e meia e uma pontuação de 86 por cento.
Já os dois BMW a gasolina ficaram abaixo do patamar das três estrelas. Tanto o 520i como o X2 sDrive20i obtiveram duas estrelas e meia, com classificações de 46% e 49%, respetivamente. Contam com sistemas modernos no controlo de poluentes, mas apesar da tecnologia avançada as inevitáveis emissões resultantes da queima de combustíveis fósseis limitam de forma significativa o desempenho no Índice de Gases com Efeito de Estufa, evidenciando a vantagem ambiental ao longo do ciclo de vida dos carros elétricos.
BYD Sealion 7 e Cupra Born são opções muito apelativas
Combinam bom desempenho com menor impacto ambiental, uma vantagem clara para muitos compradores. Contudo, os condutores devem ter em conta as reduções significativas de autonomia durante os meses frios de inverno, sobretudo se residirem em regiões mais frias do País.
Por sua vez, os automóveis testados da BMW oferecem autonomia previsível e a conveniência de um abastecimento rápido. Mas continuam limitados pela pegada de carbono inerente à utilização de combustíveis fósseis.
O foco da indústria deve agora centrar-se no aperfeiçoamento da gestão térmica dos carros elétricos, para eliminar a ansiedade associada à autonomia em tempo frio. Com o Sealion 7, a BYD demonstra que o setor avança de forma decisiva na direção certa.
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