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Carro elétrico e híbrido plug-in: carregar na rede pública é um teste à paciência dos consumidores

O automóvel elétrico já é a tecnologia mais vantajosa, sobretudo se carregar a bateria em casa. Nos postos da rede pública, o utilizador ainda enfrenta muitos obstáculos. Hoje, ninguém sabe ao cêntimo quanto paga ao carregar o carro. Mas o novo regime pode mudar isso.

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25 novembro 2025
Homem ao telemóvel encostado ao carro elétrico azul enquanto carrega na rede pública

iStock

Comprar carro não é grande negócio. Está parado 95% do tempo e, na maioria dos trajetos, leva apenas um utilizador. Mas, se for essencial, escolha um à medida das necessidades. 

Como revela o comparador da DECO PROteste, já existem muitos carros elétricos abaixo de 25 mil euros. Todos com autonomia suficiente para a cidade. Começa a formar-se uma equipa de bons elétricos à altura das famílias a quebrar a barreira do preço. A revolução já não é só tecnológica, é económica.  

Se comprar não é solução e precisa de um carro, avalie as propostas de renting que a DECO PROteste negociou.

Vendas de carros elétricos ultrapassam automóveis a combustão

Setembro de 2025 ficou na história da mobilidade elétrica em Portugal, segundo a UVE, Associação de Utilizadores de Veículos Elétricos. Os carros 100% elétricos ultrapassaram o total acumulado de novos registos de veículos a combustão (gasolina e gasóleo) pela primeira vez nas vendas. E a história repetiu-se em outubro.

Foram matriculados 4618 veículos novos, ligeiros de passageiros, 100% elétricos. Até outubro de 2025, os elétricos perfazem quase 29% das vendas de veículos ligeiros de passageiros em Portugal. Se juntarmos os híbridos plug-in, a fatia de eletrificação representa metade das vendas nacionais.

Duas perguntas simples antes de avançar para o carro elétrico

Pedro Faria, presidente do Conselho Diretivo da UVE, partilha como esclarece se o carro elétrico vale a pena: "Fazemos duas perguntas e sabemos logo. Pode carregar em casa? E a segunda é quantos quilómetros faz no dia-a-dia?" A maioria responde que tem alguma facilidade em casa ou no escritório. Nesse caso, luz verde para avançar. "E quem utiliza o elétrico com a poupança mensal à vista fica rendido", remata.

Saber quanto paga antes de carregar não é luxo, é um direito básico

O novo regime jurídico da mobilidade elétrica, que estará em transição até final de 2026, promete mudar profundamente a forma como os portugueses carregam os automóveis elétricos. A DECO PROteste acompanhou esta reforma, foi ouvida no processo e considera-a essencial para devolver simplicidade, transparência e previsibilidade a um sistema que se tornou complexo e pouco amigo do consumidor.

Até agora, carregar na rede pública significava enfrentar um labirinto de taxas e tarifas. O utilizador precisa de um contrato com um comercializador de eletricidade para a mobilidade elétrica (CEME), que lhe cobra a energia, as tarifas de acesso à rede e as taxas de gestão, enquanto o operador do ponto de carregamento (OPC) aplica a sua tarifa. A estes custos somavam-se ainda impostos e eventuais taxas de ocupação. Resultado: o consumidor só sabe o valor total a pagar depois de carregar o carro, um absurdo tendo em conta o que acontece nos postos de combustíveis.

O novo regime vai eliminar a figura da Mobi.E e dos CEME, permitindo uma relação direta. Esta mudança, aplaudida pela DECO PROteste, deverá facilitar a comparação de preços e acabar com a incerteza sobre o custo final do carregamento. Haverá finalmente a possibilidade de saber, antes de carregar, qual o valor a pagar, sublinha a organização, que vê na simplificação um passo importante para cumprir o regulamento europeu AFIR (Alternative Fuels Infrastructure Regulation).

A DECO PROteste lembra, contudo, que a mobilidade elétrica enfrenta um paradoxo: é uma alternativa mais sustentável, mas o custo do carregamento público tem aumentado. O Observatório da Mobilidade Elétrica da UVE mostra que, se carregar sempre na rede pública, percorrer 100 quilómetros no carro elétrico é mais caro do que no veículo a gasóleo.

A solução passa por um mercado mais simples e comparável, com menos taxas e informação clara sobre o preço por kWh, exibido antes do carregamento. A transparência é uma condição essencial para o sucesso.

Sim, pagamento com multibanco

A DECO PROteste defende que todos os postos, lentos, rápidos ou ultrarrápidos, permitam pagar com cartão bancário, sem necessidade de contratos ou aplicações.

Apesar dos avanços, carregar o carro elétrico na rede pública continua a ser uma operação pouco prática. Persistem falhas na cobertura, sobretudo no interior do País, e muitos postos ainda funcionam com carregadores lentos, o que prolonga o tempo de espera. Sem contabilizar o carregamento doméstico, a rede pública teria de ser 11 vezes maior do que a atual para suportar um parque formado na íntegra por veículos elétricos. A DECO PROteste considera urgente reforçar a rede pública com mais postos rápidos e superrápidos, garantindo maior disponibilidade e eficiência.

Já o carregamento doméstico mantém-se como a opção mais económica e previsível. Depende apenas da tarifa de eletricidade contratada e pode ser otimizado com algumas boas práticas: carregar durante as horas de vazio, optar por potências mais baixas e, quando possível, aproveitar a energia solar. Ainda assim, é importante uma avaliação técnica prévia para garantir a segurança da instalação e dimensionar corretamente a potência necessária.

Incentivos: aposta para continuar

Os incentivos preocupam. Há apoios à compra de carro elétrico e à instalação de carregador, mas a DECO PROteste considera que estes devem ser reforçados e previsíveis. O consumidor nunca sabe se o Governo vai "abrir" o apoio ou não.

O preço de aquisição dos carros elétricos continua superior ao dos veículos a combustão, mas o custo total ao longo da vida útil já é comparável, desde que não haja substituição da bateria. Uma redução de 10% no preço de venda, acompanhada de maior durabilidade das baterias, poderá tornar o carro elétrico a opção mais económica e racional para a maioria dos consumidores.

Para a DECO PROteste, o novo regime representa uma oportunidade decisiva para corrigir distorções e proteger o investimento dos consumidores. Mas alerta: a simplificação tem de ser real e acompanhada de regras claras.

Proteger o investimento exige contas bem feitas e uma noção real dos custos. Só com transparência, previsibilidade e uma rede acessível será possível acelerar a transição para uma mobilidade elétrica e sustentável.

Sem tempo a perder e quer fazer a escolha certa? Consulte o comparador da DECO PROteste e ou descarregue o e-book para dominar a matéria e ver os carros à medida do orçamento e das necessidades da família. Percorra muitos quilómetros com poupança a fundo.

Exigências dos consumidores para a mobilidade elétrica

Mais simplicidade, mais transparência e menos surpresas na fatura.

  • Urge simplificar o modelo da mobilidade elétrica e garantir transparência total nos preços. O consumidor deve saber antes de carregar quanto vai pagar por cada kWh, tal como acontece nos combustíveis.
  • Preço claro. O utilizador deve ter acesso imediato ao custo por kWh, com tarifas simples, uniformes e comparáveis entre operadores. É essencial reduzir o número de taxas e eliminar surpresas na fatura final.
  • Pagamento fácil. Todos os postos de carregamento devem permitir pagar com cartão de crédito ou débito, sem necessidade de contratos ou aplicações específicas.
  • Rede eficiente. A rede pública precisa de crescer e ser mais equilibrada em todo o território, com mais postos rápidos e superrápidos, capazes de reduzir tempos de espera e facilitar viagens longas.
  • Mais apoios. Enquanto o preço dos carros elétricos se mantiver elevado, devem ser reforçados os incentivos à compra e à instalação de carregadores domésticos, para acelerar a transição energética.
  • Transparência. As marcas devem disponibilizar informação clara sobre custos e durabilidade das baterias. Só com regras simples, preços previsíveis e uma rede acessível será possível consolidar a confiança do consumidor e garantir uma mobilidade elétrica justa e sustentável.

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