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Automóvel elétrico, bateria e garantia: o que escondem as marcas?

As vendas de carros elétricos dispararam, e 2035, com o fim anunciado para carros a gasóleo e gasolina, é já amanhã. Mas o que acontece quando acaba a garantia da bateria? E se avariar, quanto custa reparar? Os consumidores continuam sem respostas. As marcas sabem pouco ou não revelam muito.

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30 setembro 2024
Mulher jovem carrega um carro elétrico branco no exterior, com árvores ao fundo

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As baterias dos carros elétricos têm um número limitado de ciclos de carga e uma vida útil ainda reduzida. As marcas prometem oito anos ou 160 mil quilómetros sem sobressaltos com 70% como nível mínimo de capacidade da bateria. Esta é a garantia-padrão. Mas e depois? O que acontece quando a garantia acabar? O retrato piora quando comparado com as soluções que visa substituir, os automóveis a combustão interna, com vida útil de mais de 15 anos e uma desvalorização mais suave. Para guiar o consumidor na transição para uma mobilidade elétrica ao alcance de todos, a DECO PROteste questionou as marcas. Objetivo: caracterizar as condições que os fabricantes e vendedores disponibilizam e examinar as garantias.

O trabalho incidiu também nas condições de posse e utilização, como seguros, reparação, disponibilidade de peças de marca/concorrência e prestadores de serviço. Em suma, saber tudo sobre quem vende, quem assiste, quem assegura e quem incentiva. Entre janeiro e abril de 2024, a DECO PROteste identificou os principais atores no mercado e enviou questionários aos fabricantes. Foram entrevistados responsáveis das partes interessadas, entre marcas com maior relevância e outras que estão a dar cartas.

Conclusões da investigação: preço, autonomia e melhorias urgentes nos carros elétricos

O que escondem as marcas?

Tesla, BMW, Volvo, Dacia e Renault não responderam ao questionário da DECO PROteste. E quase todas as marcas evitaram a pergunta "Quanto custa trocar a bateria no pós-garantia?" ou chutaram para o lado. Exemplos: "A troca aplica-se em casos extremamente raros"; "A pergunta é enganadora para o consumidor" e "opção de reparação por módulos, cujo preço varia entre 1000 e 2000 euros". A DECO PROteste ouviu de tudo, até um brutal "Sem informação disponível", mas não ouviu aquilo que pediu. Faltou saber, rigor e transparência.

Mercedes-Benz, BMW e Tesla lideram corrida elétrica

O mercado regista aumentos significativos na venda de elétricos e híbridos. A tendência é acompanhada pela promessa de veículos elétricos e híbridos mais sustentáveis e apoiada pela orientação da Comissão Europeia, que definiu que, a partir de 2035, as vendas de automóveis novos devem ser exclusivamente deste tipo de veículos. Entretanto, no mundo real, na estrada, salta uma contradição entre a mensagem de sustentabilidade e o estado de maturidade tecnológica, sobretudo das baterias, com autonomia reduzida, preço elevado e dúvidas sobre a durabilidade. 

O desafio da renovação do parque automóvel é enorme e os 10 anos que nos separam de 2035 são curtinhos. Números redondos, os portugueses compram 80 mil elétricos ao ano e 120 mil que não são.

O parque automóvel português aumenta desde 2010. Em 2022, os veículos ligeiros de passageiros correspondiam a 5 778 584 unidades. Quase todos movem-se a combustíveis fósseis. Os carros elétricos e híbridos plug-in ainda são uma pequena fatia.

Mas 2023 fez história ao anunciar uma inversão a curto prazo, em que os veículos a combustíveis fósseis deixarão de comandar as vendas. Foram vendidos 199 623 automóveis ligeiros de passageiros. E o conjunto da frota eletrificada teve uma grande expressão no mercado português (42%) com os elétricos na frente. Estes e os híbridos plug-in ultrapassaram os motores a gasóleo.

O carro elétrico já não ocupa um nicho. É uma tendência de mercado. Em 2023, destaca-se um primeiro grupo de marcas que venderam mais elétricos e híbridos: a Mercedes-Benz, seguida pela BMW, Tesla e Toyota, todas com mais de 5 mil elétricos vendidos. Entre os 100% elétricos, a Tesla arrecada mais vendas, seguida pela BMW e, em terceiro lugar, a Peugeot, a Mercedes-Benz e a Volkswagen.

Já em relação aos híbridos plug-in verifica-se a mesma tendência no domínio de marcas premium, com a Mercedes-Benz em primeiro lugar, BMW em segundo lugar e Volvo em terceiro. Nos híbridos, a Toyota é a líder do mercado na categoria, seguida pela Ford, Nissan e Fiat. Em suma, as 10 marcas mais relevantes foram Mercedes-Benz, BMW, Tesla, Toyota, Peugeot, Ford, Nissan, Volvo, Renault e Fiat.

 

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