Há cada vez mais SUV e carros compactos elétricos: o que mostrou o salão automóvel de Bruxelas

O Salão Automóvel de Bruxelas de 2025 arrasou a concorrência e fez história ao apresentar um conjunto considerável de novos carros importantes de produção e concept cars. Focada em carros comuns, a exposição misturou sentido prático, estilo, robustez e elegância. Os elétricos a bateria continuam a marcar a agenda, mas não faltou a variedade de motorizações. Ainda há vida nos combustíveis fósseis, embora muitos modelos se apresentem “hibridizados”.

Poupe com a seleção de carros elétricos e híbridos plug-in

Com mais de 307 mil visitantes, o Salão Automóvel de Bruxelas reafirmou-se como uma referência. Com um número recorde de presenças e uma atenção mediática internacional sem precedentes, deixa uma marca como um dos maiores eventos de automóveis da Europa.

Renault 5 renasce 100% elétrico

Mais de 100 expositores e 63 marcas pintaram 56 mil metros quadrados de inovação: 7 estreias mundiais, 14 estreias europeias e 7 carros de conceito/protótipo, além de uma seleção de 45 carros de sonho e desportivos.

Em 2025, a capital belga recebeu a 101.ª edição do salão de 10 a 19 de janeiro. Foi o palco escolhido para revelar o vencedor do Carro do Ano na Europa. O Renault 5 E-Tech elétrico e o irmão Alpine A290 foram eleitos. Uma dobradinha para a marca, depois da vitória do Renault Scenic E-Tech elétrico em 2024. O prémio representa o reconhecimento da estratégia de eletrificação da marca e a evolução na qualidade dos novos carros. Este anúncio conferiu ao salão o estatuto à escala europeia. Para os belgas sempre foi um momento alto do ano: com descontos exclusivos, este salão representa um terço das vendas anuais naquele país.

 

Invasão de SUV e elétricos para todos

Sete horas, 10 de janeiro, -3ºC, 20 minutos a pé até ao salão. Escrito nas estrelas: foi o salão certo, na cidade certa, à hora certa. A covid abalou o mercado, e as consequências ainda fazem mossa. Há vidas reais e magia nos salões automóveis, e Bruxelas foi a prova de que o mercado e os consumidores precisavam para voltar a viajar. Estreias mundiais e europeias, muitas novidades e até a divulgação do Carro do Ano Europeu deu-lhe um novo protagonismo. As novas marcas chinesas deram muito mais do que um ar da sua graça. Destacaram-se pela enorme quantidade de propostas e tecnologia no equipamento de série.

Consciente do momento-chave, a indústria uniu-se e deu sinais de que o carro elétrico não é uma missão impossível. Na lista final de sete candidatos ao título de carro do ano, cinco apresentavam-se como 100% elétricos.

No calendário anual dos salões, Bruxelas passou durante muitos anos quase despercebido. Paris, Frankfurt, Munique e Genebra davam cartas. Agora, as marcas encontraram uma nova casa na capital europeia, tendo levado novos automóveis de produção e conceitos quase finalizados. Os superdesportivos e os hipercarros também marcaram presença, como o Rimac Nevera R (de 2107 cv), o Lamborghini Temerario (que responde até 10 000 rpm) ou o saltitante BYD Yangwang U9, mas o que mais brilhou na capital belga foram os automóveis para o dia-a-dia, com muitas propostas elétricas. Aumentam os rumores de que o fim dos carros a combustão pode ser adiado para uma data mais à frente do que 2035. E por isso os motores térmicos também visitaram o salão. A indústria está pronta para qualquer cenário.

 

Sete estreias mundiais, entre as quais o Alfa Romeo Junior Ibrida Q4 e Alfa Romeo Junior Veloce Q4. A marca espera atingir um novo patamar com as variantes de tração integral e mecânica híbrida assente num motor a gasolina sobrealimentado de 1,2 litros e um segundo motor elétrico. Para emoção extra, este SUV compacto dispõe agora variante Veloce Q4 com 280 cavalos.

Já com o Nº8, o primeiro 100% elétrico da DS, a marca francesa criou um automóvel com as proporções de um sedã. Foi apresentado como o automóvel mais eficiente do grupo Stellantis. A marca levou a sua nova abordagem ao luxo elétrico. Com design francês, este é um carro impossível de ignorar na estrada. No interior, com um ecrã tátil de 16 polegadas, exibe abundância de formas, ângulos, materiais e tecnologia. Por fora, atenção especial à aerodinâmica. Estará disponível com tração dianteira ou integral, com bateria de 74 kWh ou 97,2 kWh.

No início de 2024, o construtor francês incluiu o ChatGPT de série em toda a gama. No interior do DS N°8, basta fazer uma pergunta, como se estivesse a falar com um ser humano. Através da inteligência artificial, o ChatGPT é capaz de responder. Precisa de mais informações antes de uma visita? Como manter a criança ocupada durante as próximas horas? Assiste como fonte de informação e ajuda a encontrar um local e pedir ao sistema de navegação que programe o destino.

Carros à medida

Noutros campeonatos, destaque para a estreia do Microlino Spider, uma solução de mobilidade urbana. Apresentou-se descapotável. A versão Spider tem apenas dois lugares.

Škoda Enyaq e o Škoda Enyaq Coupé adotaram a nova linguagem do emblema, incluindo elementos do novo Škoda Elroq. A principal diferença está na dianteira. Aproveitando a boleia do facelift do modelo, com melhorias aerodinâmicas e maior autonomia, a marca anunciou uma lista de equipamento de série mais generosa, apresentando mexidas no interior, novos materiais (mais amigos do ambiente) e a atualização do software e tecnologias. A popularidade deste SUV familiar vai aumentar.

O Toyota Urban Cruiser, segunda aventura elétrica da Toyota, deixou-se ver pela primeira vez. É um SUV compacto, com um habitáculo generoso, graças a uma distância entre eixos de 2,7 metros, e funcional, a beneficiar de bancos traseiros deslizantes. Há duas opções de capacidade de bateria (49 kWh e 61 kWh), tração dianteira e integral.

 

Embalada pelas vendas do C3, a Citroën levou a Bruxelas o novo C3 Aircross, agora com sete lugares, e o novo e-C4. Porém, o que a marca destacou foi o concept do Citroën C5 Aircross. Estreou-se no Salão de Paris em 2024, mas Bruxelas foi uma segunda oportunidade. Estilo impressionante é o que espera a próxima geração. Adapta o design do C3 e adiciona um toque mais apelativo.

Já a Lancia, a abrir espaço nos vários mercados europeus, andou a piscar o olho com o novo Ypsilon, não deixando de evidenciar a veia desportiva. O Ypsilon Rally4 HF marca o regresso aos ralis em 2025. A marca é famosa pelo talento em rali, e o novo carro de competição é baseado na plataforma do Peugeot 208. Com motor turboalimentado de 1,2 litros, transmissão manual de cinco velocidades, não vai competir na elite dos ralis.

Novidades promissoras da Ásia

A grande pedrada no charco foi dada pela Leapmotor, a marca chinesa que se juntou ao grupo Stellantis. Além do C10, um SUV grande e vistoso, e do T03, modelo urbano, a Leapmotor apresentou a tecnologia REEV (Range Extender Electric Vehicle). No total, o C10 REEV tem autonomia superior a 950 quilómetros. A marca expandiu-se rapidamente na Europa. E planeia lançar novos modelos nos próximos três anos.

 

Também da China, destaque para o BYD Atto 2, um elétrico, focado na cidade, abaixo do SUV familiar Atto 3, o primeiro carro da BYD em Portugal. De série, chegará alimentado por uma bateria de 45,1 kWh que oferece uma autonomia oficial de 300 quilómetros. Com lançamento previsto no final de fevereiro e quatro opções de cor, vai custar a partir de 29 990 euros. Prático e confortável, é o SUV da BYD mais acessível de sempre.

 

Novo Mazda 6e desvendado

Do vizinho Japão, a Mazda levou uma berlina executiva, a destoar do mar de SUV. O Mazda 6e será proposto em duas versões, ambas de tração traseira: a base com bateria de 68,8 kWh e autonomia para 479 quilómetros, e o 6e Long Range, com bateria de 80 kWh e autonomia para 552 quilómetros. Os SUV compõem a maior parte da gama da Mazda, mas a marca não desistiu das berlinas executivas. O Mazda 6e é apenas o segundo carro elétrico da marca, seguindo o crossover MX-30. A Mazda eliminou o painel de comandos físicos: traz um ecrã tátil de 14,6 polegadas e um painel digital de 10,2 polegadas, a par do head-up display de realidade aumentada.

 

A Suzuki está pronta para a transição elétrica: o novo Suzuki eVitara tem duas opções de bateria e uma versão de tração integral com talento todo-o-terreno. Demorou mais tempo do que a concorrência para lançar um carro elétrico, mas chegou o ano da Suzuki.

A sul-coreana Hyundai levou três novidades do 8 ao 80: do adorável Inster, citadino elétrico, com autonomia anunciada de 350 quilómetros, ao Ioniq 9, com mais de cinco metros de comprimento e mecânica 100% elétrica. O exterior é arrojado e futurista. Além de muito espaço, aposta na tecnologia com cancelamento ativo de ruído da estrada e um assistente de IA.

 

O Hyundai Inster é um modelo 100% elétrico compacto com um design único, tecnologia avançada, muita versatilidade. Promete liderar o segmento na autonomia e está disponível para encomenda por 19 250 euros, ao qual é preciso juntar o IVA. Com uma bateria de 42 kWh ou de 49 kWh (long range), é alimentado por um motor que debita 97 cv na variante base e 115 cv na versão Long-Range. Este elétrico compacto promete impressionar nos consumos.

 

Lendas do passado regressam elétricas

Na Renault, duas estrelas brilharam mais. Já se pôde espreitar o interior do concept do Twingo com ecrã central de 10,1 polegadas, painel de instrumentos de sete polegadas, comandos físicos de climatização e um banco traseiro deslizante como na primeira geração. O novo Renault Twingo elétrico vai chegar à estrada em 2026 com preço de entrada inferior a 20 mil euros.

 

No ensaio em Portugal, o Renault 5 E-Tech elétrico sobreviveu com sucesso às provas de um fim de semana em família e garantiu 300 quilómetros de autonomia. Com bateria de 52 kWh, a versão Techno custa desde 33 mil euros. Com bateria de 40 kWh, o preço arranca nos 27 500 euros. A marca já prometeu uma versão de 25 mil euros no verão.

A DECO PROteste revelará em breve o veredicto do laboratório com preços e testes dos novos modelos a chegar a Portugal.