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Jovens portugueses passam mais de três horas, em média, por dia na internet

Videojogos, contacto com os amigos e os pais, ouvir música… O que fazem os jovens ao telemóvel, na internet? Conheça as conclusões do inquérito da DECO PROteste.

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01 outubro 2025
jovens ao telemóvel

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A proibição do uso de smartphones nas escolas, em vigor desde o início deste ano letivo, procura dar resposta a uma série de preocupações de pais, educadores e psicólogos: estes aparelhos permitem o acesso à internet e “capturam” a atenção dos alunos. Mas a facilidade de conexão com os outros e com o mundo é também fonte de bullying e de violência online, marginalização e polarização. 

A DECO PROteste deu a palavra a jovens dos 12 aos 17 anos: entre os dias 3 e 7 de julho passado, fez um inquérito exaustivo, realizado em conjunto com as organizações de defesa do consumidor da Bélgica, Itália, Espanha e Polónia, à procura de respostas sobre hábitos e comportamentos online. Os adolescentes portugueses passam, em média, mais de três horas por dia na internet. Um terço dos 602 jovens com respostas válidas para o estudo admitiram passar até mais de quatro horas pregados ao ecrã.   

Informação, música e não só

E do que gostam mais de fazer na internet? A atividade mais referida (por 67% dos respondentes) foi o contacto com as pessoas mais próximas (amigos, familiares). Segue-se algo tão abrangente quanto aprender coisas novas (reconhecido por 60% dos inquiridos) e, muito perto, anda o usufruto da música, onde quer que se esteja, por 58% dos jovens participantes no estudo. O contacto com os pais em caso de necessidade também é mencionado por pouco mais de metade. 

Curioso é verificar que 32% dos jovens que integraram o estudo afirmaram gostar de criar conteúdo online, seja ele em forma de texto, música, vídeos ou imagens.

Onde estão os jovens, fora da internet?

Outra curiosidade: em média, nos últimos 12 meses, os jovens afirmavam terem participado em pelo menos cinco atividades pós-letivas diferentes, fora da escola. Ou seja, atividades offline, sem ligação à internet, como atividades com a família (em 97% dos casos) ou com amigos (94%). A prática desportiva também é responsável por uma fatia de leão em ocupações desligadas da internet: 82% dizem praticar desporto. 

Aprender uma língua estrangeira, dedicar-se à arte, entre outras atividades não letivas, parece também ser prática corrente para quase 60% dos inquiridos. A aprendizagem de um instrumento musical (49%) ou o voluntariado, para 34% deste universo, também fazem parte do núcleo de ocupações offline.

 

Redes sociais, as suspeitas do costume

Apesar de terem estado na berlinda mediática nos últimos anos, por serem fonte de conflito e de sérios problemas entre adolescentes, a prevalência da frequência de redes sociais surge apenas em quinto lugar no ranking das atividades online. Mas, este “apenas” é relativo: ainda assim, essa prevalência é de 94% entre os jovens que responderam ao inquérito. A frequência com que as usam é, em média, de quase seis dias por semana

As compras online também representam outro fator de relativa surpresa, por se tratar de menores de idade, sem poder de compra. Os pais devem puxar da carteira virtual para pagar despesas online de 57% dos jovens inquiridos. A maioria admite fazer compras quase duas vezes por semana, em média.

O streaming de vídeos e de música, em diversas apps, videochamadas e videojogos são outras atividades deste ranking, todas cotadas acima dos 90% das respostas válidas.  

 

 

E com que idade se iniciam no uso destas plataformas? Entre os inquiridos, a maioria afirma que começou antes dos 13 anos de idade. E por esta ordem: YouTube (82% identificam-no nas respostas), Whatsapp (para 75%), Instagram (56%), TikTok (50%) e Facebook (33%) e Snapchat (26%).

Setenta por cento dos jovens que integraram o inquérito dizem que usam as redes sociais sempre que podem. Quase metade acusa alguma privação sempre que isso não é possível: 48% queixam-se de algum aborrecimento quando não podem aceder à sua plataforma preferida. Para 27% essa privação parece ser mais grave – chegam a sentir ansiedade quando não conseguem estar conectados.

Videojogos, uma tendência sólida

A tendência dos videojogos também é uma constante na relação dos jovens com o mundo virtual. Oitenta por cento afirmam jogá-los online – a maioria rapazes, oriundos de famílias com recursos –, mas as atitudes perante esta forma de entretenimento variam consideravelmente.

Para quem acha que um jovem pré-adolescente encerra praticamente toda a sua vida em ecrãs, a realidade pode ser mais complexa. Um bom exemplo é, justamente, a relação que estabelecem com os videojogos: 41% preferem jogar online, mas 34% preferem encontrar-se, presencialmente, com os amigos. Mais de metade (53%) ainda parece pouco à vontade para assumir o tempo que despende em videojogos, escondendo-o dos pais. Mas 45% reconhecem ter perdido interesse em outras atividades por causa do tempo exigido pelos videojogos na net. Poderá usar-se uma palavra tão forte quanto “vício”? Mais uma vez, a realidade é complexa: 60% afirmam, ao mesmo tempo, que conseguem controlar o ímpeto de jogar videojogos.

 

 

Como foi realizado o inquérito?

O estudo foi realizado com jovens entre os 12 e os 17 anos de idade, de 3 a 7 de julho passado, com 602 respostas válidas. As respostas refletem a opinião dos inquiridos. 

 

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