Aplicações de encontros: como funcionam e quais os riscos
As aplicações de encontros não são todas iguais. Saiba como funcionam, o que as distingue e como proteger-se dos riscos das dating apps.

Com milhões de utilizadores em todo o mundo, as aplicações de encontros têm vindo a tornar-se uma das formas mais comuns de conhecer potenciais parceiros românticos.
No entanto, à medida que a popularidade destas aplicações cresce, aumentam também as preocupações com a privacidade dos dados, com a segurança e com o impacto na saúde emocional dos utilizadores.
No meio de tantas opções disponíveis, pode ser difícil perceber qual a aplicação que melhor responde às suas necessidades — e, mais importante, em que plataformas pode confiar os seus dados pessoais e o seu bem-estar emocional.
Veja abaixo como funcionam oito das aplicações mais utilizadas em todo o mundo, perceba quais as que podem corresponder ao que procura e, sobretudo, como pode fazer uma utilização mais segura deste tipo de aplicações.
Como funcionam as aplicações de encontros?
A maioria destas aplicações funcionam de forma simples: o utilizador cria um perfil, indica o que procura e recebe sugestões de potenciais parceiros, que pode aceitar ou rejeitar. Se duas pessoas mostrarem interesse mútuo (o chamado match) podem então iniciar uma conversa.
Este sistema baseia-se frequentemente em funcionalidades gamificadas – ou seja, inspiradas em dinâmicas de jogo –, como o gesto de deslizar para a direita (para mostrar interesse) ou para a esquerda (para recusar), presente em aplicações como o Tinder e o Bumble. As sugestões de perfis são normalmente filtradas com base em critérios como idade, localização, interesses ou objetivos para a relação.
Apesar de muitas aplicações serem gratuitas na sua versão de base, todas funcionam com um modelo freemium: os utilizadores podem aceder às funcionalidades básicas sem pagar, mas para desbloquear ferramentas mais avançadas é necessário subscrever um plano pago. As subscrições variam bastante em preço (entre cerca de 6 euros por semana e os 78 euros por mês) e permitem, por exemplo, ver quem gostou do perfil, enviar mensagens sem que seja necessário haver match, usar filtros mais específicos ou navegar em modo incógnito.
Estas plataformas recorrem a várias estratégias para incentivar os utilizadores a aderirem aos planos pagos: limitam o número de interações diárias ou mostram uma grande quantidade de anúncios nas versões gratuitas. Também oferecem funcionalidades exclusivas, como o modo de viagem (que permite procurar pessoas noutras zonas geográficas), ou impulsionamentos de perfil, que aumentam a visibilidade nos resultados de pesquisa.
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Badoo
O Badoo apresenta-se como uma aplicação inclusiva, destinada a diferentes orientações sexuais e tipos de relação. Os filtros de pesquisa incluem idade, género, orientação sexual, religião e altura — mas não etnia ou posicionamento político. É necessário haver match antes de se poder trocar mensagens.
Esta aplicação segue um modelo freemium, ou seja, é possível criar um perfil de forma gratuita, mas para aceder a determinadas funcionalidades, é preciso subscrever um plano. Os planos pagos incluem o Badoo Premium e Premium Plus, com preços entre 5,99 euros (uma semana) e 89,99 euros (três meses).
A verificação do perfil é feita por e-mail e através de uma selfie, tornando-se obrigatória ao fim de alguns dias.
É possível denunciar comportamentos inadequados, bloquear utilizadores e limitar quem pode ver o perfil através de definições de privacidade. No entanto, funcionalidades como o modo incógnito ou a prioridade nos matches não estão incluídas nos planos gratuitos.
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Classificação

Apesar do seu alcance global e da sua abordagem inclusiva, a Badoo é prejudicada por limitações nas funcionalidades gratuitas e pela inconsistência das sugestões de match.
Bumble
O Bumble distingue-se por dar às mulheres o controlo sobre as interações: em relações heterossexuais, só as mulheres podem iniciar a conversa após o match. A aplicação posiciona-se como progressista e inclusiva, oferecendo também modos para amizades (Bumble BFF) e contactos profissionais (Bumble Bizz).
Permite configurar o perfil com informações detalhadas sobre orientação sexual, religião, estilo de vida e até ligações ao Spotify e ao Instagram.
A versão gratuita é bastante limitada: os utilizadores têm acesso a poucas interações diárias e não podem ver quem gostou do seu perfil. Para desbloquear funcionalidades como gostos ilimitados, modo incógnito, filtros avançados ou o Beeline (que mostra quem gostou do utilizador), é necessário subscrever um dos planos pagos. O Bumble Boost começa nos 8,99 euros por semana, o Bumble Premium custa 19,99 euros por semana e o plano mais completo, Bumble Premium+, chega aos 24,99 euros por semana.
O design é moderno e apelativo, e o processo de verificação de identidade é robusto.
Pontos fortes
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Pontos fracos
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Classificação

O Bumble é particularmente apelativo para mulheres e utilizadores entre os 20 e os 40 anos que procuram relações mais seguras e profundas e estão dispostos a investir para terem essa experiência. Ainda assim, os limites da versão gratuita e o elevado custo das subscrições podem afastar alguns utilizadores.
Grindr
Direcionada à comunidade gay, bissexual, trans e queer masculina, o Grindr é uma aplicação de encontros focada em ligações rápidas e geolocalização em tempo real. A sua principal característica é permitir a visualização de perfis por proximidade geográfica, sem necessidade de match para iniciar uma conversa. Não é possível procurar por orientação, identidade de género ou preferências políticas.
A versão gratuita inclui muitos anúncios em banners e ecrãs completos, o que afeta significativamente a navegação. Para os eliminar e aceder a funcionalidades como visualização de perfis ilimitados, ver quem visitou o seu perfil, ou envio de fotos que desaparecem após a visualização, é necessário subscrever o plano Grindr Unlimited. No Android, a subscrição custa 25,99 euros por mês. Já no iOS, o mesmo plano custa 39,99 euros por mês: um dos mais caros entre as aplicações analisadas, sem oferecer funcionalidades adicionais aos utilizadores Apple.
A experiência varia bastante entre sistemas: no iOS, a aplicação é mais fluida e tem melhor classificação por parte dos utilizadores, enquanto em Android é mais lenta.
Pontos fortes
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Pontos fracos
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Classificação

O Grindr destaca-se por estar focado na comunidade LGBTQ+ e por permitir o acesso por proximidade geográfica. Contudo, perde pontos devido ao excesso de anúncios e à escassez de filtros de pesquisa.
Happn
Esta aplicação aposta numa abordagem baseada na geolocalização em tempo real: só mostra perfis de pessoas com quem o utilizador se cruzou fisicamente, no mesmo espaço ou proximidade.
A criação de perfil é detalhada, exigindo quatro fotografias e resposta a várias perguntas. É possível indicar idade, género, orientação sexual, altura, peso, objetivos de relação e preencher um questionário de personalidade. Não recolhe dados sobre religião, etnia ou posição política. A verificação pode ser feita por SMS, mas também por vídeo.
As mensagens só podem ser trocadas após match, e incluem texto e chamadas de áudio e vídeo. Os utilizadores gratuitos têm acesso limitado a filtros e funcionalidades: por exemplo, só os subscritores podem ver quem gostou do seu perfil ou navegar sem anúncios. O plano Premium custa 24,99 euros por mês, e o plano Supreme sobe para 37,99 euros. Não oferece qualquer período experimental gratuito.
A aplicação exige a partilha contínua da localização, o que levanta preocupações de privacidade e segurança.
Pontos fortes
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Pontos fracos
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Classificação
O Happn diferencia-se por privilegiar ligações baseadas na proximidade física. Contudo, tem como pontos fracos o número reduzido de perfis disponíveis e o excesso de dependência da localização.
Hinge
O Hinge é uma aplicação para quem procura relações sérias e duradouras, sobretudo entre os 25 e os 40 anos.
A conta é criada com verificação por código SMS, e existe a opção de verificação adicional através de uma selfie. O processo de configuração é detalhado, com perguntas sobre idade, género, orientação sexual, religião, opiniões políticas, objetivos de relação, altura e etnia. Não é possível filtrar por orientação sexual ou traços de personalidade.
Para desbloquear funcionalidades como gostos ilimitados, ver todos os perfis que gostaram do utilizador, filtros avançados ou a função Skip the Line (para dar prioridade ao perfil), é necessário aderir a um dos planos pagos. A subscrição do plano Hinge+ começa nos 11,99 euros por semana, enquanto o HingeX custa 16,99 euros por semana.
Existem também planos mensais, trimestrais e semestrais com desconto. Funcionalidades adicionais como Boosts (14,99 euros por 24h) e Roses (entre 1,39 euros e 2,66 euros cada) estão disponíveis como extras avulso. A aplicação não oferece período experimental gratuito.
As mensagens só estão disponíveis se houver match. A aplicação permite mensagens de texto e áudio (mas não de vídeo), chamadas de voz e reportar comportamentos abusivos. Não permite o envio de imagens.
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Pontos fracos
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Classificação

O Hinge é uma boa escolha para quem procura relações estáveis e não se importa de pagar por uma experiência mais personalizada.
LOVOO
O LOVOO é uma aplicação com um público jovem e um ambiente visual atrativo, disponível para Android e iOS. Permite iniciar conversas sem necessidade de match, o que facilita as interações espontâneas. Permite envio de imagens e chamadas de vídeo. Os perfis podem ser descobertos através de sugestões da aplicação ou do Date Map, uma espécie de radar com utilizadores próximos. Contudo, esta funcionalidade é muito limitada nas contas gratuitas.
A versão gratuita impõe, aliás, bastantes restrições: a pesquisa é muito limitada, não permite selecionar uma cidade manualmente nem aplicar filtros, que só ficam disponíveis com a subscrição Premium. Esta subscrição custa entre 16,99 euros/mês (Android) e 24,99 euros/mês (iOS), sendo o preço mais elevado do que em muitas outras aplicações. Há um período experimental de apenas um dia, e a publicidade é bastante intrusiva, com anúncios em ecrã completo.
O processo de verificação do perfil inclui PIN (de seis dígitos) por SMS e, opcionalmente, uma selfie com um texto escrito à mão. A criação de perfil é relativamente rápida. A LOVOO não permite filtros por etnia, religião ou opiniões políticas.
Pontos fortes
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Pontos fracos
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O LOVOO é uma aplicação indicada para encontros casuais e experiências variadas, especialmente entre jovens adultos. Contudo, a sua versão gratuita é muito limitada.
Meetic
O Meetic é uma aplicação orientada para quem procura relações estáveis e compromissos sérios, sobretudo entre os 30 e os 50 anos. Além da vertente digital, diferencia-se por organizar eventos presenciais (como jantares ou atividades em grupo) que promovem o contacto presencial entre solteiros, algo raro entre as aplicações concorrentes.
No entanto, a experiência gratuita é extremamente limitada: os utilizadores não podem enviar nem responder a mensagens, ver quem os visitou ou gostou do seu perfil, nem aplicar filtros de pesquisa avançados. A navegação também é bastante restrita, mostrando apenas seis perfis por dia. Na prática, quase todas as funcionalidades relevantes estão bloqueadas para quem não subscrever.
A aplicação funciona quase exclusivamente por subscrição, com planos entre os 29,99 euros e os 77,99 euros por mês, dependendo do nível de acesso escolhido. Para quem quiser funcionalidades adicionais, como destacar o perfil ou ativar o Modo Oculto, há custos extra que podem ultrapassar os 10 euros mensais.
Pontos fortes
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Pontos fracos
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Classificação
O Meetic oferece funcionalidades relevantes para quem procura um compromisso sério, mas o acesso gratuito é extremamente limitado, tornando a aplicação quase inutilizável sem pagar.
Tinder
O Tinder é a aplicação de encontros mais conhecida ao nível global e continua a ser uma das mais utilizadas, sobretudo por um público mais jovem. Foca-se em ligações rápidas e informais, com uma navegação simples baseada no gesto de deslizar para a esquerda ou para a direita (o famoso swipe).
A criação de conta exige verificação por código SMS. A versão gratuita permite criar perfil, ver sugestões de utilizadores, dar match e trocar mensagens. No entanto, o acesso a funcionalidades mais avançadas — como mudar de localização, ver quem gostou de si, ou usar likes ilimitados — está reservado aos planos pagos. Os preços variam consoante o nível de subscrição: o Tinder+ custa 8,99 euros por semana e o Tinder Gold sobe para 13,99 euros por semana ou 24,99 euros por mês. É ainda possível comprar Boosts (a partir de 8,49 euros por 30 minutos) para aumentar temporariamente a visibilidade do perfil.
Os filtros gratuitos são básicos (idade, localização e género), e filtros como orientação sexual, religião ou etnia não estão disponíveis. Só é possível trocar mensagens após match, e a aplicação permite o envio de texto, mensagens de voz e imagens, mas não chamadas nem vídeo.
Estão disponíveis mensagens de texto, áudio e partilha de imagens, mas não existe modo incógnito: qualquer utilizador pode ver o seu perfil. É possível bloquear ou denunciar outros perfis.
A experiência gratuita inclui publicidade, com anúncios que surgem em ecrã completo. A dependência de funcionalidades pagas limita bastante a utilidade da aplicação sem subscrição.
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O Tinder é especialmente indicado para encontros rápidos e sem compromisso, sendo mais popular entre utilizadores jovens. A experiência é fluida e, uma vez que tem muitos utilizadores, o alcance é amplo. Contudo, a dependência de funcionalidades pagas traz muitas limitações.
Aplicações diferentes para objetivos diferentes
Badoo, Bumble, Hinge e Tinder são as aplicações mais completas em termos de funcionalidades de matching. Incluem necessidade de match para conversar, sugestões personalizadas, modo de viagem, modo incógnito, boosts de perfil e likes prioritários. Servem tanto para encontros casuais como para relações sérias.
Já Grindr, Happn, LOVOO e Meetic são as apps que privilegiam interações espontâneas, sem necessidade de match prévio. Têm menos funcionalidades premium, mas garantem o essencial, como enviar mensagens ou bloquear utilizadores.
Principais riscos associados às aplicações de encontros
Apesar de populares e acessíveis, as aplicações de encontros não estão isentas de riscos. Há casos de burlões escondidos por trás de perfis falsos, que tentam extorquir dinheiro ou usurpar identidades.
Fraudes e burlas financeiras
São comuns os perfis falsos que procuram estabelecer relações com o objetivo de pedir dinheiro, muitas vezes através de histórias inventadas, como emergências ou oportunidades de investimentos. Estas burlas podem causar perdas financeiras significativas. Além disso, existem mesmo aplicações e sites falsos concebidos apenas para recolher dados bancários dos utilizadores ou vender subscrições falsas.
Falsas identidades (catfisinhg) e perfis enganadores
O catfishing envolve a criação de um perfil com identidade falsa, usando fotografias e dados de outras pessoas. As motivações variam entre insegurança pessoal e intenções maliciosas, como manipulação emocional ou extorsão. Mesmo que não se trate de catfishing, muitos utilizadores deturpam dados como a idade, a profissão, o estado civil ou a aparência física (através de fotos antigas ou excessivamente editadas), o que pode gerar frustração e desconfiança nos encontros presenciais.
Riscos nos encontros presenciais
Ao contrário das relações com origem em círculos sociais, os encontros com desconhecidos através de aplicações implicam riscos reais, incluindo situações de assédio ou violência. Infelizmente, os dados mostram que uma percentagem significativa de utilizadores já foi vítima de assédio, agressão ou violência, tanto online como em encontros físicos.
Problemas de privacidade e segurança de dados
A partilha de localização e de informação pessoal pode expor os utilizadores a perseguições ou roubos de identidade. Algumas aplicações partilham dados com terceiros para fins publicitários, o que levanta questões éticas e legais.
Impacto no bem-estar emocional
A exposição constante à rejeição, a pressão para criar um perfil “perfeito” e a natureza viciante das aplicações podem afetar a autoestima e provocar ansiedade. A dependência do online pode prejudicar o desenvolvimento de competências sociais essenciais, como a empatia.
Assédio e abuso online
Desde o envio de mensagens ou imagens explícitas sem consentimento, até ao discurso de ódio e perseguição digital, os relatos de comportamentos abusivos continuam a ser frequentes, sobretudo, entre mulheres e grupos minoritários. Alguns utilizadores tentam forçar o envio de fotos ou vídeos íntimos, que podem ser usados para chantagem ou humilhação pública.
Como reduzir os riscos
- Evite partilhar dados pessoais sensíveis no perfil ou nas conversas iniciais.
- Utilize palavras-passe fortes e únicas, com autenticação em dois passos sempre que possível.
- Verifique a identidade dos matches através das redes sociais, procurando inconsistências.
- Marque os primeiros encontros em locais públicos e seguros e informe um amigo ou familiar sobre os seus planos.
- Confie na sua intuição: bloqueie e denuncie comportamentos suspeitos ou incómodos.
- Nunca envie dinheiro a pessoas com quem apenas manteve contacto online.
- Conheça bem as regras de segurança e os mecanismos de denúncia da aplicação que utiliza.
- Faça pausas na utilização da aplicação sempre que sentir cansaço emocional ou sobrecarga.
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