Preço dos combustíveis vai manter-se baixo: há 5 motivos
A incerteza provocada pela guerra comercial iniciada pelos EUA, com a imposição de tarifas aos produtos importados, levará à subida dos preços de vários bens. Mas, nos combustíveis, esta turbulência pode ter um efeito inverso e já está a provocar uma descida no preço da gasolina e do gasóleo.

O anúncio da aplicação de novas tarifas comerciais dos Estados Unidos da América (EUA) às importações de produtos provenientes de outros países, a 2 de abril, gerou preocupação nos mercados internacionais. A União Europeia (UE) estima que estas tarifas possam ter um impacto de 80 mil milhões de euros em taxas adicionais para vender aos EUA – em 2023, os EUA receberam cerca de 7 mil milhões de euros em tarifas pelos produtos enviados pela UE – e, em resposta, anunciou também a aplicação de tarifas de 25% para a importação de vários produtos dos EUA, como a soja, a amêndoa, o aço ou o alumínio. Esta retaliação teve como resposta uma suspensão das tarifas norte-americanas durante 90 dias, o que levou a União Europeia a suspender também as tarifas anunciadas aos produtos estadunidenses.
Com uma guerra comercial em curso, o custo de vida dos consumidores pode aumentar. Mas nem tudo são más notícias. Nos combustíveis, os preços da gasolina e do gasóleo podem manter-se mais baixos nas próximas semanas. Explicamos porquê.
1. Perspetiva de uma recessão abranda o consumo
O anúncio da aplicação de novas tarifas à entrada de produtos nos Estados Unidos da América, assim como os consequentes anúncios de retaliação dos outros países e de suspensão destas taxas, gera um ambiente de imprevisibilidade e de desconfiança na economia mundial. A incerteza causada por este volátil contexto internacional poderá levar a uma recessão, com perspetivas de uma diminuição do investimento por parte das empresas e dos rendimentos das famílias. A previsão de uma contração da economia reflete-se no consumo de produtos energéticos, como os combustíveis. Com menor consumo, sobrará oferta de petróleo no mercado, levando a uma redução de preços.
2. OPEP+ coloca mais petróleo no mercado
Países como os EUA, o Canadá ou o Brasil estão a produzir volumes recorde de petróleo, e a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP+) já anunciou que a partir de maio vai colocar mais petróleo no mercado. Estima-se, por isso, que este aumento da oferta de petróleo pressione uma descida de preços.
3. Preço do petróleo está a descer
Além do aumento de oferta de petróleo, que contribui para a descida dos preços, o setor energético reage sempre à atualidade e à situação geopolítica, algo a que já tínhamos assistido em janeiro, quando o preço do barril de petróleo atingiu os 81 dólares, depois de três meses a oscilar muito pouco, entre os 70 dólares e os 75 dólares. Essa subida provocou um aumento nos preços dos combustíveis para o consumidor. A tendência deverá agora repetir-se, mas no sentido inverso. Nas últimas semanas, o preço do barril de petróleo tem estado em valores próximos dos 60 dólares por barril.
4. Valorização do euro permite comprar petróleo mais barato
O preço do barril de petróleo é expresso em dólares nos mercados internacionais. Um dos efeitos da situação geopolítica atual tem sido a valorização do euro face ao dólar, ou seja, um único euro compra agora mais dólares. Isto significa que os europeus conseguirão comprar a mesma quantidade de petróleo por um valor inferior com apenas este efeito cambial.
5. Preços de referência da gasolina e do gasóleo estão em queda
Os dados divulgados pela Entidade Nacional para o Setor Energético (ENSE), que é responsável pela gestão das reservas estratégicas nacionais de petróleo e produtos petrolíferos e calcula todos os dias um preço de referência para os combustíveis em Portugal, mostram que os preços de referência da gasolina e do gasóleo têm estado a descer. A média dos preços apurada esta semana irá refletir-se já na próxima e assim sucessivamente, o que permite perspetivar que continuaremos com preços sem grandes alterações e ao nível dos registados em meados de 2023, o que representa uma das maiores descidas no preço dos combustíveis dos últimos anos.
Toda esta volatilidade irá perdurar e, por isso, é preciso acompanhar cada um dos cinco pontos mencionados anteriormente e que podem indiciar um movimento de descida nos preços dos combustíveis nos próximos tempos.
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