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Seguro para catástrofes naturais: saiba como proteger casa e carro antes que seja tarde

As cheias, os sismos e as tempestades não avisam antes de acontecer. Mas o seguro certo pode fazer toda a diferença entre um prejuízo arrasador e uma recuperação rápida. Descubra quais as coberturas que realmente o protegem.

Especialista:
14 novembro 2025
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Se quer garantir proteção total contra catástrofes naturais, deve contratar coberturas específicas no seguro multirriscos-habitação e no seguro automóvel facultativo.

Estas incluem tempestades, inundações, aluimento de terras e fenómenos sísmicos, coberturas que não estão incluídas nos seguros obrigatórios por lei. Estes são:

  • habitação – seguro para cobrir o risco de incêndio e apenas no caso de viver em condomínio;
  • carro – seguro de responsabilidade civil de 7 750 000 euros para danos a terceiros. 

Saiba como escolher as apólices certas e o que cada cobertura inclui (ou exclui). A melhor defesa contra uma catástrofe natural é um seguro completo. O custo adicional pode ser pequeno, mas a tranquilidade é incalculável.

Seguro da casa: coberturas essenciais contra catástrofes naturais

O seguro multirriscos-habitação é a melhor forma de proteger o imóvel e o recheio em caso de catástrofes naturais. É um pouco mais caro do que o de incêndio, mas muito mais abrangente.

PRINCIPAIS COBERTURAS RECOMENDADAS
Cobertura O que protege O que fica excluído
Tempestades Danos causados por ventos superiores a 90 ou 100 quilómetros por hora (consoante a apólice) e que provoquem estragos em edifícios sólidos num raio de cinco quilómetros

Danos em dispositivos de proteção, como persianas, portões, vedações ou marquises, salvo se o edifício for destruído

Estragos causados pelo mar e pela entrada das chuvas nos telhados, portas, janelas e terraços, salvo se estas estruturas ficarem danificadas pela tempestade (se deixar uma janela aberta e a chuva entrar e provocar danos, o seguro pode não pagar)

Inundações Danos resultantes de inundações provocadas por chuvas torrenciais (no mínimo, 10 milímetros em 10 minutos), rebentamento de diques e barragens, e transbordamento do leito de cursos de água

Estragos em dispositivos de proteção e causados pela ação do mar

 

Fenómenos sísmicos Tremores de terra, erupções vulcânicas, maremotos Edifícios com defeitos estruturais pré-existentes
Aluimento de terras Deslizamentos repentinos Estragos em edifícios com defeitos de construção ou problemas prévios em paredes, telhados ou fundações
Demolição e remoção de escombros Custos de limpeza após sinistro Despesas de demolição de qualquer parte do edifício que não esteja danificada, ainda que o segurado esteja legalmente obrigado a contratar
Privação temporária do uso da habitação Paga o transporte e armazenamento dos bens e alojamento alternativo durante a reparação  Danos causados pelo próprio segurado, por terceiros não autorizados, ou por bens que estejam ao ar livre

Como escolher a melhor apólice para a casa

  • A cobertura de incêndio, queda de raio ou explosão, que indemniza os danos causados por estes fenómenos, está presente na base de todas as apólices.
  • Quase sempre fazem também parte das coberturas de base dos seguros multirriscos-habitação: tempestades, inundações, aluimento de terras e demolição e remoção de escombros. Verifique antes de contratar o seguro.
  • A cobertura de fenómenos sísmicos é facultativa em todas as apólices, mas fundamental para garantir o pagamento de danos na sequência de tremores de terra, erupções vulcânicas ou maremotos.

Compensa contratar a cobertura de fenómenos sísmicos?

O preço depende do risco sísmico associado à cidade onde se situa o imóvel e do ano de construção do mesmo. Quanto maior for a probabilidade de ocorrer um sismo, mais cara se torna a cobertura de fenómenos sísmicos, mas, também, mais necessária.

As seguradoras usam uma tabela que classifica cada concelho do País em função de cinco categorias de risco. Os Açores e o Algarve são as regiões a que corresponde o risco mais elevado e, por isso, muitas seguradoras não aceitam subscrever esta cobertura no multirriscos-habitação. Aceitando, garantem uma indemnização até ao limite do capital seguro, impondo, regra geral, uma franquia mínima de 5% desse valor.

Quanto deve segurar? Evite erros comuns

Ao contratar o seguro multirriscos-habitação, o segurado deve avaliar corretamente os bens e indicar o capital seguro, que deve corresponder a:

  • imóvel valor de reconstrução (não o preço de mercado);
  • recheio – valor de substituição em novo.

Tenha em atenção que:

  • se o capital seguro for inferior ao valor de reconstrução do imóvel, a seguradora pode aplicar a regra proporcional e só pagar uma parte dos prejuízos;
  • se o capital seguro for superior ao valor de reconstrução do imóvel, pagará um prémio desnecessariamente elevado, pois a indemnização não terá em conta o valor que declarou, mas apenas o de reconstrução.

Seguro do carro: como incluir fenómenos naturais

O seguro obrigatório de responsabilidade civil tem uma apólice uniforme, definida por lei. É comercializado pelas seguradoras com as mesmas condições, à exceção do preço. Cobre danos causados a terceiros e danos corporais dos passageiros.

Para proteger o seu carro contra catástrofes naturais, precisa de adicionar a cobertura facultativa de "fenómenos naturais". Pode ainda contratar outras coberturas facultativas interessantes.

Coberturas mais relevantes para o automóvel

  • Fenómenos naturais: cobre danos no veículo na sequência de tempestades, inundações, terramotos, erupções vulcânicas ou aluimento de terras. Pode ser útil para quem vive em locais habitualmente sujeitos a inundações ou não tem garagem.
  • Danos próprios: protege contra choque, colisão, capotamento, incêndio, raio e explosão, e furto ou roubo. Adequada se o carro for novo ou tiver valor comercial elevado.
  • Vandalismo: cobre danos materiais causados por tumultos ou atos maliciosos. Indicada se residir numa zona problemática.
  • Assistência em viagem: útil em caso de avaria, acidente ou doença. Tem um custo anual baixo, é válida em todo o mundo e pode ser acionada mesmo que não viaje de automóvel.
  • Ocupantes: é a única forma de salvaguardar os danos corporais do condutor num acidente da sua responsabilidade.

Vale a pena adicionar a cobertura de fenómenos natuais ao seguro automóvel?

O seguro fica mais caro, mas os benefícios podem compensar, tendo em conta os possíveis danos a suportar.

Vantagens

  • Protege o veículo em situações climáticas extremas e de catástrofes naturais
  • Importante sobretudo para quem vive em zonas de cheias ou de elevada atividade sísmica
  • Pode evitar custos de milhares de euros

Inconvenientes

  • Aumenta o prémio anual
  • Nem todas as seguradoras aceitam veículos antigos ou de alto risco

Como provar um sinistro por catástrofe natural

Em caso de sinistro, comece a reunir provas logo que possível.

  1. Fotografe e grave vídeos dos danos.
  2. Recolha nomes e contactos de testemunhas.
  3. Conserve objetos e bens danificados.
  4. Contacte a seguradora de imediato.
  5. Guarde faturas de reparações urgentes.

Pode ser necessário provar junto da seguradora, através de um documento emitido pelo Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), que a força do vento e da chuva atingiu os mínimos exigidos.

O segurado deve enviar um e-mail à Divisão de Gestão Comercial do IPMA (comercial@ipma.com), especificando os dados de que necessita, indicando a razão do pedido e a data da ocorrência. Ser-lhe-á depois enviado um orçamento. Aceitando-o, recebe a informação pretendida. O custo é variável, mas poderá rondar os 85 euros.

Nos casos mais violentos e mediáticos, não é usual a seguradora pedir esta confirmação.

Como atuar em caso de sinistro

Veja quais as melhores decisões a tomar a seguir, tendo em conta diferentes cenários. 

Catastrofes naturais

Caso o segurado não aceite a decisão da seguradora, a forma mais fácil de reclamar é online. Também pode recorrer à plataforma Reclamar da DECO PROteste.

Em outubro de 2023 foi publicado um despacho através do qual o Governo solicitava à Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões (ASF) o desenvolvimento de um estudo com vista à criação de um sistema de cobertura de risco de fenómenos sísmicos. Esse relatório já foi entregue ao Governo.

De acordo com a ASF, a proposta inclui vários cenários e diversos níveis de severidade (risco reduzido, médio e severo). Visa “estabelecer um seguro obrigatório de risco sísmico, com capacidade financeira para acorrer a diferentes graus de destruição”. A contribuição do Estado poderá ocorrer “acima de um determinado patamar”. A proposta defende, ainda, a criação da certificação sísmica, em termos semelhantes aos da certificação energética.

Questões frequentes

Respondemos às principais dúvidas sobre a cobertura de catástrofes naturais nos seguros da casa e do carro.

O seguro obrigatório cobre cheias ou sismos?

Não. Apenas cobre incêndios (no caso da casa) e danos a terceiros (no automóvel). É necessário contratar coberturas adicionais.

Como saber se vivo numa zona de risco sísmico?

Consulte a classificação do concelho no site da Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões (ASF) ou do IPMA.

A seguradora pode recusar a cobertura sísmica?

Sim, em regiões de risco elevado ou em imóveis muito antigos.

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