Dicas

Preparar a gravidez: a importância dos cuidados pré-concecionais

Muitos dos fatores que influenciam negativamente o futuro de uma gestação podem ser detetados, modificados ou eliminados antes de engravidar. Promover a saúde no período pré-concecional é uma forma de contribuir para o sucesso da gravidez. Saiba o que está em causa.

Especialista:
Editor:
10 setembro 2024
Vigilância medica antes gravidez

iStock

Os cuidados pré-concecionais fazem parte da prestação de cuidados primários em saúde reprodutiva. Abrangem atividades de promoção da saúde e cuidados específicos para o período antes da conceção. 

Este tipo de aconselhamento é a oportunidade que o médico tem para obter toda a informação possível que lhe permita estabelecer se há algum risco de anomalia reprodutiva numa determinada mulher ou casal. Caso existam problemas, a equipa médica vai sugerir as medidas que minimizem ou eliminem o risco, fazendo todas as recomendações pertinentes.

Por exemplo, é durante este acompanhamento que geralmente se identificam indivíduos e famílias de risco genético e referenciam para aconselhamento especializado casais com história familiar de anomalias congénitas, como trissomia 21, síndromes polimalformativos, defeitos do tubo neural, défices cognitivos, entre outras.

Apesar de terem como alvo preferencial as mulheres que desejam engravidar, os cuidados pré-concecionais devem abranger todas as mulheres em idade fértil. Mas também é necessário incluir os homens nesta intervenção e nas questões de saúde sexual e reprodutiva.

Como funciona uma consulta pré-concecional

Os cuidados pré-concecionais devem ser iniciados sempre que mulheres, homens ou casais manifestem em consulta que querem uma gravidez.

Todas as mulheres que planeiam engravidar devem ter acesso a uma consulta pré-concecional num prazo máximo de 90 dias após o seu pedido. Devem ir a esta consulta antes de parar a contraceção e devem programar logo uma consulta seguinte para avaliação dos resultados dos exames feitos e das intervenções propostas.

As mulheres grávidas também devem ter acesso a uma primeira consulta da gravidez entre as 6 semanas e 0 dias e as 9 semanas e 6 dias de gestação. 

De acordo com o Programa Nacional para a Vigilância da Gravidez de Baixo Risco, de novembro de 2015, uma consulta pré-concecional terá em conta vários aspetos:

  • recomendar a mulher, homem ou casal que mantenha a contraceção segura até terminarem as intervenções pré-concecionais adequadas à sua situação. Este fator depende do estado de saúde, dos hábitos, dos exames a realizar, entre outros;
  • realizar intervenções que determinem o risco concecional e os possíveis efeitos da gravidez sobre as condições médicas existentes, quer do ponto de vista da saúde materna, quer fetal. Detetados os riscos, serão feitas as modificações convenientes e, se necessário, o encaminhamento para os cuidados diferenciados;
  • recomendar o início da suplementação com ácido fólico, que se deve manter até ao final do primeiro trimestre da gravidez, e o aumento do aporte em iodo; 
  • recolher e registar toda a informação sobre os medicamentos utilizados pela mulher, assim como pelo outro progenitor;
  • referenciar o casal para a consulta de infertilidade, caso este concorde, se após 12 meses ou mais de relações sexuais regulares, e sem uso de contraceção, não ocorrer gravidez.

Material informativo a distribuir

As unidades de saúde onde decorre a consulta pré-concecional ou a primeira consulta da gravidez devem disponibilizar materiais informativos escritos sobre a gravidez, incluindo:

  1. modificações fisiológicas na gravidez;
  2. alimentação na gravidez;
  3. rastreios e exames recomendados durante a gravidez;
  4. hábitos e estilos de vida saudáveis na gravidez;
  5. planeamento do parto;
  6. aleitamento materno;
  7. sinais e sintomas de alarme que devem motivar uma observação não programada nos cuidados de saúde;
  8. suporte legal e apoios para a proteção da parentalidade.

As informações presentes nestes materiais escritos devem ser reforçadas e complementadas pessoalmente com os profissionais de saúde ao longo da gravidez.

Avaliação do risco gestacional

Na primeira consulta pré-concecional ou de gravidez, e em cada interação seguinte com as equipas de saúde, a mulher deve ser avaliada em relação ao risco gestacional. Esta avaliação é um fator determinante para a vigilância adequada da gravidez, assim como para a prevenção e o controlo atempado de complicações.

A avaliação do risco gestacional tem em conta a informação obtida a partir da história clínica e de exames laboratoriais e imagiológicos.

De acordo com a Direção-Geral da Saúde, no âmbito da consulta pré-concecional, devem realizar-se as seguintes intervenções:

  • determinação do grupo sanguíneo e factor Rh;
  • rastreio das hemoglobinopatias;
  • determinação da imunidade à rubéola e vacinação, sempre que necessário;
  • determinação do estado de portador de hepatite B e a vacinação, se aplicável;
  • vacinação antitetânica, se aplicável;
  • rastreio da toxoplasmose, da sífilis, da infeção por VIH e por citomegalovírus;
  • rastreio do cancro do colo do útero, se necessário;
  • outros testes laboratoriais, sempre que indicado.

Os dados serão registados no boletim de saúde reprodutiva/planeamento familiar e, posteriormente, transferidos para o boletim de saúde da grávida.

O risco gestacional deve determinar o plano de vigilância da gravidez, como a frequência das consultas, a necessidade de exames ou ecografias, ou a necessidade de vigilância acrescida, incluindo a transferência de cuidados para outras unidades de saúde.

São consideradas gravidezes de baixo risco todas aquelas em que não são identificados fatores de risco materno-fetais que motivam vigilância acrescida. Nesses casos, o acompanhamento realiza-se, por norma, nos cuidados de saúde primários

As mulheres que apresentam fatores de risco materno-fetais (por exemplo, se tiverem antecedentes de parto pré-termo, diabetes gestacional ou historial de condições e doenças coexistentes, como hipertensão arterial crónica, asma brônquica com crises sob medicação ou determinadas complicações da gravidez atual) devem ser acompanhadas em unidades hospitalares com cuidados obstétricos.

Nas gestações com vigilância acrescida, a periodicidade de consultas e de exames laboratoriais e ecográficos deve ser adaptada à situação clínica, de acordo com uma avaliação individual do risco.

7 dicas a adotar antes de engravidar

Antes de engravidar, há dicas que pode seguir para aumentar as hipóteses de uma gravidez bem-sucedida.

1. Marque uma consulta pré-concecional

O objetivo principal desta consulta é ajudar na preparação para a gravidez e na identificação de eventuais fatores de risco. Serão avaliados vários parâmetros e solicitados exames. O casal poderá fazer várias perguntas e receber conselhos para conseguir uma gravidez bem-sucedida.

2. Deixe o método contracetivo

Mediante aconselhamento médico, abandone o seu método contracetivo e preste atenção ao seu período fértil. Adote comportamentos sexuais seguros, prevenindo a transmissão de infeções sexualmente transmissíveis, as quais podem ser prejudiciais para o desenvolvimento de um bebé.

3. Mantenha um peso saudável

É aconselhável manter um peso equilibrado para reduzir o risco de complicações gestacionais futuras. A prática de exercício físico regular, juntamente com uma alimentação equilibrada, é essencial para uma futura gravidez saudável.

4. Não consuma tabaco, álcool e outras drogas

Se necessário, peça apoio médico para abandonar esses consumos, pois podem afetar a sua saúde e a do futuro bebé.

5. Reduza o consumo de cafeína

Beber café em demasia está desaconselhado na gravidez. Reduza o consumo de cafeína antes de engravidar.

6. Evite o stresse

Tentar engravidar pode gerar stresse ou ansiedade no casal. Ter uma rotina profissional e uma vida familiar tranquilas é essencial para que esta seja uma etapa feliz e não um gatilho para inquietação.

7. Procure ajuda médica se não conseguir engravidar

Não está a conseguir engravidar após 12 meses de tentativas? Não desespere. Procure acompanhamento médico para avaliar a situação e receber orientação adequada.

Gostou deste conteúdo? Junte-se à nossa missão!

Na DECO PROteste, defendemos os consumidores desde 1991. A nossa independência é a chave para garantir a qualidade da informação que disponibilizamos gratuitamente. 
 
Adira ao plano Subscritor para aceder a conteúdos exclusivos e a todos os serviços. Com o seu apoio, conseguimos continuar a disponibilizar mais conteúdos de valor.

Subscreva já e faça parte da mudança. Saber é poder!
 

 

SUBSCREVER

 

O conteúdo deste artigo pode ser reproduzido para fins não-comerciais com o consentimento expresso da DECO PROTeste, com indicação da fonte e ligação para esta página. Ver Termos e Condições.

Temas que lhe podem interessar