Farmácia ou parafarmácia: onde há medicamentos de venda livre mais baratos?
Nas grandes superfícies, é possível poupar quase 3 euros por embalagem em alguns medicamentos de venda livre. Regra geral, fica mais caro ir à farmácia.
- Especialista
- Susana Santos e Teresa Rodrigues
- Editor
- Ricardo Nabais e Filipa Rendo

Desde 2005, os medicamentos de venda livre passaram a ser vendidos noutros espaços, fora das farmácias, como parafarmácias, situadas ou não em grandes superfícies. O seu preço deixou de ser fixado pelo Estado desde esse ano, momento a partir do qual a DECO PROTESTE passou a seguir a marcha do mercado a par e passo.
Este é um dos temas em debate no podcast POD Pensar. Aurélio Gomes discute sobre o custo da saúde em Portugal com João Pereira, professor catedrático de Economia da Saúde, e Susana Santos, farmacêutica, responsável pela área da saúde da DECO PROTESTE, e perita do grupo de saúde do BEUC (Bureau Européen des Unions de Consommateurs).
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Medicamentos mais caros nas farmácias
Ben-u-ron, Daflon, Voltaren, entre muitos outros, estão na lista dos mais vendidos. Ora, se precisar de comprar qualquer um dos medicamentos enumerados num hipermercado, irá gastar, em média, de acordo com a amostra da DECO PROTESTE, menos do que se optasse por ele numa tradicional farmácia:
- o Ben-u-ron 500 mg custava 2,52 euros num hipermercado (contra 2,79 euros nas farmácias);
- o Daflon 1000 mg disponível numa embalagem de 30 comprimidos representava uma despesa de 18,84 euros (mais 2,52 euros nas farmácias);
- e o Voltaren Emulgelex Gel 20 mg/g, em embalagem de 180 gramas, 21,35 euros nas parafarmácias (nas farmácias, 23,36 euros).
O estudo da DECO PROTESTE consistiu num questionário para a recolha dos preços dos medicamentos nos diversos pontos de venda, durante o mês de março. Assim tem sido desde 2006.
A amostra foi constituída por 26 medicamentos. Apesar das diferenças dos preços – e os três exemplos dados atrás acompanham uma regra quase sem exceção –, a verdade é que as pessoas ainda se dirigem mais às farmácias para comprar estes medicamentos. Segundo dados do Infarmed, as farmácias continuam com o maior volume de vendas, 78% do mercado. No entanto, na esmagadora maioria dos casos, compensa mais ao consumidor adquiri-los nos espaços de saúde dos hipermercados ou supermercados, onde a amostra estudada custa, em média, 218 euros. Nos outros locais de venda, como nas parafarmácias, esta amostra custa 232 euros. Nas farmácias e farmácias online custa, em média, 245 euros e 252 euros respetivamente.
Todos os medicamentos estão mais caros
O inquérito comparou os preços deste ano com os de 13 produtos analisados em 2018. Em média, todos os medicamentos estão mais caros. Mas o que qualquer leitor gostaria de saber é quem lidera estas margens de aumento: o maior registou-se no Trifene 200, 20 comprimidos, que está 89% mais caro em 2023 por comparação com 2018. Passou dos 4,21 euros que custava, em média, há cinco anos para 7,94 euros, no ano da graça de 2023. Seguem-se outros campeões de vendas, as pastilhas Strepfen mel e limão de 24 unidades (45% mais caras), e o creme vaginal Gino-Canesten, atualmente 35% mais caro do que em 2018. No polo oposto, o Fluimucil 600 mg, 20 unidades, aumentou apenas 5% em relação a 2018, e o Biafine 100 ml ficou-se por uma subida de 5% (9,92 para 10,40 euros).
Preços dos medicamentos diferentes por distrito
E há diferenças a assinalar, especialmente nas farmácias, onde o mesmo medicamento pode sofrer uma variação considerável. Aliás, o preço médio de todos os 26 medicamentos da amostra do estudo faz pensar que pode ser uma questão de sorte ou azar residir em determinado distrito.
O que se quer dizer com isto? Se viver em Bragança, a média deste cabaz de produtos fica em 196 euros. Já se residir algumas centenas de quilómetros a sul, em Beja, esta mesma média passa para 252 euros. Traçando a média para Portugal Continental, estes 26 medicamentos custariam 237 euros. Castelo Branco, Guarda e Santarém são os distritos mais baratos.
Comprar online é mais caro...
Ao contrário do que se possa pensar, comprar online não é mais barato. Se escolher adquirir assim estes medicamentos, a regra mantém-se: serão mais caros. Mais vale, neste caso, uma deslocação à farmácia ou a outro ponto de venda físico...
Onde pode encontrar mais barato? Quatro cadeias de hipermercados fizeram parte deste estudo. Não existem diferenças de preços significativas entre as várias lojas de cada cadeia. Para o conjunto de medicamentos em estudo, os espaços Saúde e Bem Estar da Auchan gozam de melhores preços. Seguem-se os Espaços BemEstar, do Pingo Doce, e Wells (1% e 3% mais caros face à Auchan, respetivamente). O El Corte Inglés destaca-se por ser 9% mais caro face à concorrência.
Na verdade, a diferença de preços entre as grandes superfícies e as farmácias tem sido constante ao longo dos anos. Foi exatamente o que aconteceu entre 2018 e 2023: a percentagem situa-se nos 14%, entre os preços praticados nas farmácias e os que as parafarmácias nas grandes superfícies apresentam.
Porém, há que fazer uma ressalva: nem todas as parafarmácias responderam ao inquérito que serve de base ao teste. E há que assinalar, pelo menos, uma exceção à regra quase absoluta dos preços médios mais baratos nos estabelecimentos presentes em hipermercados: o Thrombocid Gel 15 mg mantém-se irredutível nas farmácias, onde custa 9,95 euros, em média, contra 10,18 euros nas parafarmácias em grandes superfícies e centros comerciais. Haja alguma diferença num universo quase linear.
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