Medicamentos: como usar bem

É frequente tomarmos alguns medicamentos por iniciativa própria, sem recomendação de nenhum profissional. Esta atitude pode ser correta para os fármacos de venda livre, usados em problemas de saúde passageiros. É a chamada automedicação, que tem benefícios, mas também apresenta riscos. Saiba em que situações pode tomar medicamentos sem recomendação médica, como ler um folheto informativo e os cuidados a ter com os medicamentos.
Alguns problemas de saúde, como a diarreia ligeira e a constipação, podem ser tratados através de medidas simples, sem recurso a fármacos. Não pressione o médico a passar-lhe sempre uma receita. Por vezes, não é necessário.
Os idosos são um grupo particularmente sensível aos medicamentos, porque, em geral, tomam mais, o seu organismo sofre alterações e já não consegue desempenhar as suas funções como antes. Esquecimento e abandono do tratamento sem falar com o médico são problemas que aumentam com a idade, segundo vários estudos. Damos alguns truques para ajudar a que os medicamentos cumpram a sua função, com o mínimo de riscos.
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Para continuar, deve entrar no site ou criar uma conta .Uma ferida, dores de cabeça ou musculares e febre ligeira são algumas das situações em que tomamos medicamentos sem consultar o médico. Mas só deve fazê-lo três a sete dias seguidos.
O Infarmed, organismo responsável pelos medicamentos no nosso país, apresenta, no seu site, a lista de problemas de saúde passíveis de automedicação. Isto significa que podem ser tratados sem recorrer ao médico, através dos chamados medicamentos de venda livre ou não sujeitos a receita médica. Em geral, são situações que duram pouco tempo, como dores de cabeça ligeiras ou moderadas, febre ligeira (até três dias), queimaduras superficiais e picadas de inseto, entre outras.
Nestes casos, os medicamentos servem, sobretudo, para aliviar os sintomas e o mal-estar associado. Permitem ao doente controlar a sua saúde, sem recorrer aos serviços de saúde. Mas "venda livre" não quer dizer inócuo. Todos os medicamentos têm efeitos secundários e, se tomados em doses superiores às recomendadas, podem causar intoxicações. Por isso, é indispensável que leia atentamente o folheto informativo e siga à risca as indicações. Se tiver dúvidas, por exemplo, sobre o medicamento adequado, a quantidade a tomar e o horário, fale com o farmacêutico.
Suspenda a automedicação e consulte o médico se:
- os sintomas duram há mais de três (febre) a sete dias;
- piorou ou teve recaídas;
- sente dores muito fortes;
- experimentou mais de um medicamento, sem sucesso;
- surgiram efeitos indesejados;
- tem ansiedade, tremores, depressão ou outros problemas psicológicos.
Caso tome medicamentos receitados, não recorra a outros sem falar com o seu médico ou farmacêutico. Se estiver grávida, a amamentar ou tiver recém-nascidos em casa, aproveite uma consulta com o seu médico para lhe perguntar quais os fármacos que pode usar para problemas de saúde ligeiros.
Se tiver em casa medicamentos prescritos (a si ou a outra pessoa) para uma determinada situação, não os tome por sua iniciativa, mesmo que os sintomas lhe pareçam iguais. Fale, primeiro, com o profissional de saúde que o acompanha.
Analgésico: o mais indicado
Paracetamol é a primeira opção para a dor de cabeça e o ibuprofeno o mais indicado para dores menstruais. Siga as instruções de uso.
As dores ligeiras a moderadas mais comuns podem ser tratadas com analgésicos não sujeitos a receita médica. Apesar de bem tolerados pela maioria da população, estes medicamentos têm contraindicações e podem produzir reações adversas. A utilização adequada reduz o risco.
Deve consultar o médico se os sintomas piorarem ou sentir dor acompanhada de vómitos, tonturas e perturbações visuais. Faça o mesmo se a parte de trás da cabeça for afetada ou tiver o pescoço rígido.
Dor de cabeça: o que tomar?
Pode ser sintoma de doença, como a gripe, ou ser desencadeada por ansiedade ou causas desconhecidas. A primeira opção para o alívio do sofrimento deve ser o paracetamol. Pode tomar três a quatro comprimidos diários de 500 miligramas.
Este medicamento é contraindicado para doentes com problemas de fígado ou que sofram de alcoolismo. Na maioria dos restantes pacientes, causa poucas reações adversas, se tomado corretamente. Porém, a utilização prolongada pode causar lesões no fígado e a sobredosagem aguda está associada a problemas no pâncreas e insuficiência renal.
Como reduzir as dores menstruais?
Também conhecida por dismenorreia, a dor menstrual pode ser causada pelas hormonas responsáveis pelas contrações uterinas dolorosas. Se a intensidade for moderada, pode tomar 400 miligramas de ibuprofeno, duas a três vezes por dia. Caso este não resolva, convém consultar o médico.
O ibuprofeno não é recomendado para quem tem úlcera gastrointestinal ou toma ácido acetilsalicílico. Na lista de reações adversas, figuram a irritação gastrointestinal, a úlcera no estômago com hemorragia e a contração involuntária dos brônquios.
Paracetamol ou anti-inflamatório para as dores musculares ou musculoesqueléticas
Pode resultar de danos nos músculos, devido a atividades diárias, traumas ou acidentes, como quedas e fraturas, postura incorreta ou movimentos repetitivos, entre outros.
Na primeira linha do tratamento encontra-se o paracetamol. Se não resultar, pode optar por um anti-inflamatório. Existem produtos em pomada e gel com menos reações adversas do que, por exemplo, os comprimidos, por serem absorvidos apenas no local da dor.
Alguns destes medicamentos, como o cetoprofeno, podem causar fotossensibilidade, que se manifesta por vermelhidão na pele aquando da exposição à luz solar.
Quando tomar medicamentos, mesmo que não sujeitos a receita médica, procure obter o máximo de informação sobre os fármacos junto do médico ou farmacêutico. Escreva os aspetos mais importantes ou peça ao profissional para fazê-lo, para não se esquecer. Para ajudá-lo, deixamos-lhe a lista dos principais elementos a conhecer:
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nome do princípio ativo;
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para que serve;
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existem alternativas mais baratas;
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qual a forma farmacêutica (comprimidos, injeções, etc.). Caso esta não lhe agrade, porque, por exemplo, tem dificuldade em engolir ou as agulhas lhe causam ansiedade, pergunte ao médico se há alternativa;
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quando tomar: horário, antes ou depois de comer, intervalo entre tomas, etc. Se as indicações não lhe convierem, fale com o médico sobre eventuais alternativas;
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o que fazer se se esquecer de tomá-lo;
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quando parar o tratamento;
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interações: se os seus efeitos influenciam ou são influenciados por outras substâncias, como medicamentos, alimentos ou bebidas alcoólicas. Na prática, deve saber que substâncias evitar enquanto toma o fármaco;
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efeitos secundários ou sintomas indesejados que podem ocorrer durante o tratamento, se o medicamento for tomado de acordo com as indicações;
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contraindicações, isto é, situações em que não deve tomar;
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quando começa a fazer efeito e como reconhecer se está a funcionar;
-
como conservar.
Como ler o folheto informativo
O folheto informativo do medicamento contém uma série de informações úteis para o doente, como a dose habitual a tomar, em que situações usar, efeitos adversos e contraindicações, entre outros aspetos. O médico ou farmacêutico dão a informação mais importante, mas esta não dispensa a leitura do folheto informativo. Apresentamos-lhe algumas dicas para ajudar a entender a informação. Os dados podem estar organizados de outra forma (por exemplo, as interações com medicamentos e alimentos, muitas vezes, aparecerem juntas) ou serem menos exaustivos, mas convém saber o que esperar de um folheto.
Marca do medicamento: o nome de fantasia que o laboratório farmacêutico dá ao fármaco.
Princípio ativo: a substância com propriedades terapêuticas, que vai atuar contra a doença ou sintoma (por exemplo, ácido acetilsalicílico).
Titular da autorização de introdução no mercado: laboratório que comercializa o medicamento.
Lista de excipientes: ingredientes sem efeito terapêutico, aos quais é adicionada a substância ativa. Em geral, são usados para dar sabor, cor, consistência, etc.
Forma farmacêutica: apresentação física do medicamento, por exemplo, comprimidos, cápsulas ou xarope.
Grupo terapêutico: é o grupo a que o medicamento pertence. Inclui os que têm as mesmas propriedades terapêuticas. Por exemplo: antibióticos e anti-inflamatórios.
Quantidade de substância ativa: quantidade de princípio ativo por unidade (por exemplo, por comprimido, mililitro de xarope, etc.).
Indicações terapêuticas: para que é usado o medicamento. Por exemplo: dor ligeira a moderada ou febre.
Contraindicações: casos em que não deve ser usado. O ácido acetilsalicílico, por exemplo, não deve ser tomado por doentes com asma, alergias ou desidratação, entre outros.
Precauções: situações em que a toma do medicamento requer algum cuidado. Por exemplo, é preciso adaptar a dose nos insuficientes renais e idosos.
Avisos: conselhos para situações particulares. Nalguns casos, não é recomendável conduzir, porque o medicamento causa sonolência, noutros, deve evitar apanhar sol, etc.
Interação com outros medicamentos: alguns medicamentos interferem na ação de outros, diminuindo ou aumentando o respetivo efeito ou provocando reações indesejáveis. Por exemplo: os medicamentos antiácidos aumentam o efeito diurético (eliminação de urina) do ácido acetilsalicílico.
Interação com alimentos: alguns alimentos e bebidas diminuem ou aumentam o efeito de certos medicamentos ou causam reações indesejáveis. Por exemplo, as bebidas alcoólicas podem aumentar o efeito sedativo dos ansiolíticos e anti-histamínicos. O queijo e o vinho, por sua vez, podem causar uma subida brusca da tensão arterial em pessoas que tomam certos antidepressivos.
Posologia: define a forma de tomar o medicamento: quantidade, frequência e hora da toma, bem como a duração do tratamento. Por exemplo: um comprimido de 500 mg, duas vezes por dia.
Sobredosagem ou intoxicação: como reconhecer uma intoxicação e o que fazer no caso de tomar uma quantidade de medicamento superior à recomendada.
Modo de administração: por que via é tomado ou aplicado o medicamento. Por exemplo, via oral, para os comprimidos, retal, para os supositórios, e tópico, para as pomadas e cremes.
Efeitos adversos ou secundários: reações indesejáveis do medicamento, quando tomado como recomendado. No caso do ácido acetilsalicílico, são indicadas, por exemplo: irritação gástrica, perda gastrointestinal de sangue e aumento do tempo da hemorragia.
Conservação: onde deve ser guardado, de modo a manter as suas propriedades: local fresco e seco, longe da luz, no frigorífico, etc.
Data de validade: na maioria dos casos, aparece na embalagem, mas também pode constar do folheto, sobretudo, no caso dos medicamentos preparados (reconstituídos) em casa ou na farmácia, como alguns antibióticos para crianças. Nestes, é fundamental que o folheto indique o prazo de validade após a reconstrução. Noutras situações, como nas gotas para os olhos e certos xaropes, é indispensável saber durante quanto tempo podem ser usados, depois de abertos.
Certos medicamentos, como os laxantes e os antidepressivos, exigem cuidados. Alguns podem, por exemplo, criar habituação, resistências ou ter um efeito contrário ao pretendido. Há também medicamentos que aumentam a sensibilidade da pele à luz solar (são fotossensibilizantes).
O consumo abusivo de antibióticos, em situações desnecessárias ou quando não se faz o tratamento até ao fim, aumenta as resistências das bactérias e dificulta o combate às infeções. Resultado: é necessário passar para antibióticos cada vez mais "potentes", podendo chegar ao ponto em que nenhum resulta contra a infeção.
Neste processo, os microrganismos tornam-se, a pouco e pouco, insensíveis à ação destes medicamentos. Por isso, devem ser reservados para as doenças em que são imprescindíveis, só devem ser tomados quando o médico os receitar e seguindo à risca as suas indicações. Nunca deverá interromper um tratamento com antibióticos, mesmo que já se sinta melhor.
As benzodiazepinas são os fármacos mais receitados dentro da categoria dos ansiolíticos e indutores do sono. Estes medicamentos podem causar habituação, sendo necessário tomar uma dose cada vez maior, para obter o mesmo efeito. Provocam dependência física e psíquica. Reduzem o estado de alerta, causam sonolência e podem alterar os padrões de sono. O doente pode sonhar e acordar mais, o que causa irritabilidade. Por isso, devem ser tomados apenas quando o médico os recomenda e nas doses indicadas.
O tratamento deve ser tão curto quanto possível. No final, é necessário reduzir as doses gradualmente, para que o organismo se desabitue. A paragem repentina provoca sintomas de ressaca: ansiedade, insónia, irritabilidade, náuseas, dor de cabeça e tensão muscular, tremores e palpitações.
Os descongestionantes e sprays nasais podem ser eficazes, mas apenas quando usados de forma esporádica. A sua utilização sistemática leva a que sinta o nariz tapado em permanência. Para interromper o uso prolongado de descongestionantes, deverá começar por aplicar o spray de forma alternada: num dia, aplica-o numa narina e, na outra, soro fisiológico ou água do mar esterilizada; no dia seguinte, troca. Repita a operação até ficar com o nariz destapado. Outra forma de se desabituar do spray é usar o produto diluído em água, até o nariz recuperar.
Os laxantes facilitam a eliminação das fezes, e são dos medicamentos de venda livre mais vendidos. Se usados com frequência, podem criar habituação e favorecem a perda de potássio, cuja carência pode ocasionar debilidade muscular e prisão de ventre. Passa a precisar deles sempre, para ir à casa de banho.
Cuidados redobrados com idosos e a toma de medicamentos
A maioria dos idosos toma vários medicamentos, sendo necessário especial cuidado com as interações. Além disso, o seu organismo processa-os mais devagar e demora mais tempo a eliminá-los.
As alterações fisiológicas causadas pela idade aumentam a probabilidade de interações dos medicamentos. O fígado deixa de cumprir em pleno a sua função, permitindo a passagem de maior quantidade de medicamentos para o sangue. Este, por sua vez, pode ser mais lento a distribuí-los pelo organismo e a levá-los até aos rins, que também demoram mais a eliminá-los. Consequência: os medicamentos permanecem mais tempo no organismo. Por isso, a possibilidade de interações entre vários fármacos é maior.
Além das questões fisiológicas, os mais velhos, em geral, também necessitam de tomar vários medicamentos, muitas vezes, em simultâneo, o que aumenta os riscos. A somar a tudo isto, há dificuldades em seguir as indicações de tratamento dadas pelo médico, porque se esquecem ou compreendem mal. As dificuldades de movimentação e de organização, os problemas visuais e a diminuição da destreza podem também afetar o bom uso dos medicamentos. Muitos destes doentes têm dificuldade em abrir as embalagens, medir quantidades, partir comprimidos e ler ou lembrar-se das instruções.
Assim, é indispensável encontrar estratégias para lhes facilitar a vida. Algumas dicas:
-
mantenha os medicamentos na embalagem original ou coloque-os num distribuidor. Escreva o horário da toma em letras grandes ou faça um desenho que demonstre esta informação;
-
em alternativa, pode imprimir o nosso calendário e colá-lo, por exemplo, no frigorífico, anotando o nome e indicações de toma de cada medicamento;
-
se tem dificuldades de visão, mesmo com as lentes "atualizadas", pode socorrer-se de uma lupa para ler, por exemplo, os folhetos informativos;
-
não tome medicamentos sujeitos a receita médica por sua iniciativa. O mesmo se aplica a outros produtos, como suplementos de vitaminas ou produtos naturais;
-
mantenha o seu médico a par de tudo o que toma. Quando for à consulta, leve a lista (ou as caixas) dos medicamentos e outros produtos;
-
sempre que tiver dúvidas ou sentir alguma reação inesperada, fale com o médico ou farmacêutico;
-
não coloque medicamentos diferentes na mesma embalagem. Dá azo a enganos.
Os alimentos podem aumentar ou reduzir a eficácia dos medicamentos e provocar efeitos indesejados. As interações resultam, por vezes, num novo efeito adverso e são suscetíveis de mudar a forma como o organismo usa os nutrientes. Estes fenómenos são mais comuns com os medicamentos tomados por via oral, como comprimidos e cápsulas, que seguem o percurso dos alimentos.
O impacto das interações depende de vários fatores, como a idade, a alimentação, eventuais doenças e a quantidade de enzimas envolvidas no metabolismo (transformação) dos fármacos. Os idosos são mais sensíveis a estes efeitos cruzados: consomem mais medicamentos, sofrem alterações que reduzem as funções metabólicas e a capacidade de excretar as substâncias e nem sempre seguem uma alimentação equilibrada.
Mais eficazes com alimentos
- Os anti-inflamatórios e os diuréticos devem ser tomados com alimentos, pois irritam o estômago.
- Os betabloqueadores, para a hipertensão, também precisam da companhia da comida. De contrário, fazem baixar demasiado a pressão arterial.
- Os antifúngicos, como o iatraconazol, funcionam melhor com alimentos. O posaconazol deve ser tomado 20 minutos após uma refeição. A griseofulvina tem mais eficácia com alimentos gordos.
- Entre os antipsicóticos, substâncias para tratar a esquizofrenia, a ziprasideona deve ser acompanhada por alimentos. No caso de outros fármacos para estas patologias (aripiprazola, clozapina, olanzapina, etc.), é indiferente se o estômago está ou não vazio.
- Os sedativos e os hipnóticos tanto podem ser tomados com a refeição como após.
- O levodopa, para a doença de Parkinson, deve ser ingerido com comida e muita água, para favorecer a absorção.
Com o estômago vazio
- Os inibidores da enzima de conversão da angiotensina, para a hipertensão, devem ser tomados uma hora depois das refeições.
- Já os glicósidos, usados no tratamento de arritmias cardíacas, são administrados uma a duas horas depois de comer.
- De preferência, tome os inibidores da bomba de protões (para as úlceras), os antibióticos e os medicamentos para o hipotiroidismo com o estômago vazio ou, pelo menos, cerca de uma hora antes de comer. Exceção: as cefalosporinas (antibióticos), que devem ser tomadas após a refeição.
- Os medicamentos para a tuberculose podem ser ingeridos uma hora antes ou duas horas depois de comer.
- Entre os fármacos contra a malária, a halofantrina não deve acompanhar gorduras, que aumentam muito a sua concentração e, assim, podem conduzir a um efeito tóxico. Tome a mefloquina logo depois da refeição.
- Não ingira as substâncias contra infeções por parasitas com gorduras, pois podem causar um efeito tóxico.
Não misturar com bebidas alcoólicas
- O álcool potencia a sonolência provocada pelos anti-histamínicos, usados contra as alergias.
- A combinação de bebidas alcoólicas com analgésicos como o paracetamol danifica o fígado. Já em conjunto com os anti-inflamatórios, podem causar hemorragias no estômago.
- Misturado com fármacos para controlar a dor (opioides), o álcool pode provocar coma ou a morte.
- Em conjunto com os broncodilatadores, para tratar problemas respiratórios, podem surgir náuseas, vómitos, dores de cabeça e irritabilidade.
- Com as estatinas, para o colesterol, aumenta o risco de danos no fígado.
- O álcool aumenta a sonolência provocada pelos antidepressivos, antipsicóticos, ansiolíticos e medicamentos para a doença bipolar. Dependendo da dose, há risco de morte.
Combinados com a cafeína
- Os broncodilatadores, para os problemas respiratórios, se tomados com café, podem causar náuseas, vómitos, dores de cabeça e situações de irritabilidade.
- No caso dos antipsicóticos, para a esquizofrenia, aumenta a absorção da clozapina, o que pode dar origem a efeitos adversos (por exemplo, palpitações).
- Em conjunto com antibióticos como a enoxacina, a ciprofloxacina ou a norfloxacina, faz disparar o nível de cafeína no organismo. Podem surgir palpitações, excitação, alucinações e tremores (efeitos típicos da cafeína).
Interações mais frequentes
Substância ativa | Produtos a evitar |
---|---|
Anti-inflamatórios | Bebidas alcoólicas |
Alguns antibióticos (ciprofloxacina, tetraciclinas e quinolonas) |
Laticínios |
Estatinas (colesterol) | Bebidas alcoólicas e toranja |
Broncodilatadores (problemas respiratórios) | Bebidas alcoólicas e cafeína |
Varfarinas (anticoagulantes do sangue) | Bebidas alcoólicas e alimentos ricos em vitamina K (espinafres, brócolos, couve-de-bruxelas, etc.) |
Ansiolíticos | Bebidas alcoólicas |
Inibidores da enzima de conversão da angiotensina (hipertensão) | Alimentos ricos em potássio (banana, laranja, legumes, etc.) |
Diuréticos | Alimentos em geral e, sobretudo, os ricos em potássio (banana, laranja, legumes, etc.) |
Bifosfanatos (osteoporose) | Todos os alimentos. Tome em jejum |
Alguns problemas de saúde, como diarreias ligeiras e constipações, na maioria das vezes, curam-se sem necessidade de recorrer a medicamentos. Para aliviar os sintomas, pode pôr em prática algumas medidas.
Diarreia e prisão de ventre: como tratar
Em casos de diarreia, o mais importante é manter o organismo hidratado e ter alguns cuidados alimentares, para que o trânsito intestinal volte ao normal.
-
Beba muitos líquidos, em especial água e caldos ricos em minerais.
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Coloque um pouco mais de sal na comida. Este retém água, contribuindo para a hidratação do organismo.
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Substitua o pão fresco por torradas ou tostas.
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A banana, cenoura, arroz, massa e a batata ajudam a reduzir o trânsito intestinal.
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Modere o consumo de produtos lácteos, como leite, natas e queijo fresco.
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Evite os legumes verdes, como couves e nabiças. Estes aceleram o trânsito intestinal.
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Evite alimentos com muitas gorduras, como fritos, molhos, charcutaria e temperos.
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Pode também recorrer a uma solução de reidratação (à venda nas farmácias), que ajuda a repor os líquidos.
Se o problema se mantiver por mais de dois (crianças) ou três dias (adultos), tiver dores abdominais frequentes, sangue ou muco nas fezes, vómitos graves, ao ponto de não conseguir beber um copo de água, ou se o doente for um bebé, deve consultar o médico.
A prisão de ventre é, na maioria dos casos, um problema intestinal passageiro e sem gravidade. Para regularizar o trânsito intestinal, basta seguir algumas regras dietéticas e ajustar certos hábitos.
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Ingira mais fibras alimentares, aumentando o consumo de legumes, fruta e, sobretudo, cereais. O farelo de arroz integral, aveia e trigo são boas fontes de fibras.
-
Beba muitos líquidos, dando preferência à água (pelo menos, dois litros por dia).
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Procure ir à casa de banho sempre na mesma altura do dia. O funcionamento intestinal aumenta ao acordar e após as refeições.
-
Não iniba, nem ignore, a necessidade de ir à casa de banho. Mas também não convém fazer um esforço excessivo. Se não conseguir expelir as fezes que se encontram no reto, tente pressionar a zona abdominal com a mão, para ajudar.
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Pratique exercício físico regularmente.
-
Use laxantes apenas como último recurso. Estes medicamentos, se usados com frequência, tornam o intestino "preguiçoso".
Se os sintomas resistirem a estas medidas durante mais de três semanas, a prisão de ventre alternar com diarreia ou for acompanhada de dores e espasmos abdominais, vómitos persistentes, sangue nas fezes ou perda de peso, deve consultar o médico.
Aliviar os sintomas de gripes e constipações
Não há medicamentos para curar a gripe, nem a constipação, embora possamos utilizar analgésicos e antipiréticos, para aliviar as dores e a febre. Convém, ainda, ter alguns cuidados para evitar o contágio e facilitar as secreções.
-
Descanse tanto quanto possível.
-
Mantenha a casa arejada e o ambiente húmido.
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Lave as mãos com frequência.
-
Use lenços de papel (um por cada vez que se assoar).
-
Beba chá quente com mel e limão, para ajudar a acalmar a garganta.
-
No caso das crianças que ainda não conseguem assoar-se, é importante limpar-lhes o nariz com soro fisiológico várias vezes por dia (por exemplo, de duas em duas horas).
Em geral, a gripe melhora entre três a cinco dias e a constipação, em sete dias. Caso os sintomas se mantenham com intensidade, por um período maior, convém consultar o médico.
Todos temos um armário de farmácia em casa. O recheio depende da composição da família: se houver bebés, são necessárias formulações infantis, como supositórios ou xaropes; no caso doentes crónicos, terá de haver medicação específica.
Os medicamentos destinados a sintomas comuns, como dor e febre, podem ser úteis em qualquer lar. É o caso dos analgésicos e antipiréticos, como paracetamol, ácido acetilsalicílico e ibuprofeno. Lembre-se, contudo, de que só deverá tomar, por iniciativa própria, medicamentos não sujeitos a receita médica.
Estes, apesar de relativamente seguros, não estão isentos de riscos. Por exemplo, o uso prolongado de paracetamol pode prejudicar o fígado e a sobredosagem afetar o pâncreas. Os doentes com problemas de fígado não devem tomá-lo. Da lista de reações adversas do ibuprofeno e do ácido acetilsalicílico constam a irritação gastrointestinal, a contração involuntária dos brônquios e úlceras gástricas com hemorragia.
Se costuma ter dores musculares, há vantagem em dispor de analgésico em creme ou pomada, como ibuprofeno, benzidamina, diclofenac e etofenamato. Caso sinta a pele irritada após a aplicação, deixe de usar.
Nariz tapado e feridas exigem descongestionantes e desinfetantes
No inverno, pode ser útil ter um descongestionante nasal à mão (por exemplo, fenilefrina ou oximetazolina) para usar em SOS, quando o soro fisiológico ou a água do mar não forem suficientes para manter o nariz desentupido, por exemplo, enquanto dorme. Não use descongestionantes mais de cinco dias seguidos.
O armário pode incluir também um antissético para desinfetar feridas maiores (na maioria dos casos, basta lavar com água corrente). Opte, por exemplo, por iodopovidona ou clorohexidina.
Um termómetro, gaze, fita adesiva, ligaduras, pensos rápidos, uma tesoura de pontas redondas e uma pinça são outros componentes úteis de qualquer farmácia caseira.
Condições de conservação
Guarde a sua farmácia num local fresco e seco (a casa de banho não é recomendada, por ser habitualmente húmida) e inacessível às crianças. Se possível, feche-a à chave. O lugar deve ser bem iluminado, para evitar erros, mas ao abrigo da luz solar. Separe os medicamentos por categorias (para dores, feridas, etc.) e guarde sempre o folheto informativo.
O número do Centro de Informação Antivenenos (800 250 250) deve estar acessível, para uma eventual necessidade. Esta linha esclarece sobre o que fazer, por exemplo, se alguém tomou medicamentos que não devia, ingeriu detergente ou qualquer outro produto tóxico.
Quando for de férias, além dos medicamentos que toma habitualmente, convém levar, por exemplo, um analgésico para fazer face a uma dor repentina.
Ao preparar as malas para a viagem, não se esqueça de incluir os medicamentos precisa de tomar. Leve em quantidade superior ao necessário, para o caso de ter de ficar mais dias ou de alguns se deteriorarem.
Se viajar de avião, coloque os medicamentos que toma habitualmente na bagagem de mão. A outra pode perder-se.
Caso precise de transportar medicamentos líquidos (xaropes, aerossóis) em quantidade superior a 100 mililitros no avião, leve a respetiva receita ou uma declaração médica a indicar que precisa do medicamento, de preferência, escrita em inglês e francês. Para os medicamentos injetáveis, como a insulina, é necessária uma autorização do Instituto de Aviação Civil para transportar a seringa.
Caso vá para o estrangeiro, à cautela, pode pedir ao seu médico ou farmacêutico para lhe indicarem o nome dos seus medicamentos no país de destino. Assim, se houver algum problema com os que transporta, pode substituí-los. Se levar também uma receita ou uma declaração médica com pormenores da sua doença, pode ter a vida facilitada, por exemplo, se necessitar de medicamentos ou de recorrer aos serviços de saúde.
Previna-se e junte um analgésico, para combater uma dor repentina, um antissético, para tratar feridas ou cortes acidentais e pensos rápidos.
Coloque os medicamentos num recipiente resistente, separados de outros produtos. Separe, ainda, os fármacos que toma habitualmente dos que leva para um mal-estar ocasional.
No destino, guarde-os num local fresco, de fácil acesso para os adultos, mas fora do alcance das crianças.
A toma de alguns medicamentos, se combinada com a exposição ao sol, aumenta a sensibilidade da pele à luz solar (fotossensibilidade), o que pode levar ao desenvolvimento de doenças da pele. Podem surgir reações fototóxicas e fotoalérgicas e outras mais raras, como a pseudoporfiria, caracterizada pelo aumento da fragilidade da pele, aparecimento de bolhas e eritema (vermelhidão da pele, que desaparece à pressão).
Estas reações de fotossensibilidade resultam da toma oral/intravenosa ou da aplicação tópica (sobre a pele) de medicamentos com substâncias que são ativadas pela luz. A maioria destas substâncias é ativada por comprimentos de onda dentro do alcance dos raios UVA. Porém, há também substâncias cujo pico de absorção ocorre com a ação de raios de luz visível e raios UVB.
As reações fototóxicas são relativamente frequentes e podem surgir numa única toma de uma grande concentração do medicamento ou substância fotossensibilizante. Clinicamente têm aspeto semelhante às queimaduras solares graves.
Estas reações resultam de danos provocados pelos compostos ativados pela luz sobre o tecido celular e, em alguns casos, sobre o DNA. Surgem minutos a horas após a exposição solar e apenas nas zonas da pele que estiveram expostas.
As reações fotoalérgicas são respostas imunitárias, mediadas pelas células, aos medicamentos/substâncias fotossensibilizantes. São mais raras do que as reações fototóxicas, mas podem ser provocadas por pequenas concentrações do fotossensibilizante, se a sua toma for continuada (nunca surgem no primeiro contacto).
Assemelham-se às dermatites de contacto alérgicas e costumam incidir apenas sobre a área da pele que esteve exposta ao sol. Porém, quando as reações são agressivas ou prolongadas, podem alastrar para zonas geralmente cobertas. Manifestam-se 24 a 72 horas após a exposição combinada à substância e à luz.
Caso observe sintomas deste tipo de reação, deve evitar aquilo que a causou. Ou seja: parar a toma do medicamento e proteger-se do sol, evitando a exposição e aplicando protetor solar que tenha proteção contra os UVA. Para aliviar os sintomas, aplique compressas molhadas e corticoesteróides tópicos.
Medicamentos fotossensibilizantes mais comuns
Classificação |
Medicamento |
Reação
Fototóxica
|
Reação
Fotoalérgica
|
Antibióticos |
Tetraciclinas (doxiciclina) |
Sim |
- |
Quinolonas (ciprofloxacina, levofloxacina, ofloxacina) |
Sim |
- |
|
Sulfonamidas (sulfadiazina) |
Sim | - |
|
Anti-inflamatórios não esteroides |
Ibuprofeno |
Sim | - |
Cetoprofeno |
Sim | Sim | |
Naproxeno |
Sim | - |
|
Celecoxib |
- |
Sim | |
Diuréticos |
Furosemida |
Sim | - |
Hidroclorotiazida |
Sim | - |
|
Retinoides | Isotretinoína |
Sim | - |
Acitretina |
Sim | - |
|
Hipoglicémicos/Antidiabéticos |
Sulfonilureias (glipizida) |
- |
Sim |
Antidislipidémicos |
Estatinas (atorvastatina, fluvastatina, lovastatina, pravastatina, sinvastatina) |
Sim | Sim |
Antipsicóticos (ou neurolépticos) |
Fenotiazinas (cloropromazina, flufenazina) |
Sim | Sim |
Antifúngicos |
Itraconazol |
Sim | Sim |
Voriconazol |
Sim | - |
|
Outros medicamentos | Amiodarona |
Sim | - |
Diltiazem |
Sim | - |
|
Dapsona |
- |
Sim |
Os medicamentos de marca são mais eficazes do que os genéricos?
Os genéricos têm de ter a mesma composição em qualidade e quantidade de substância ativa, bem como a mesma forma de apresentação e dosagem dos medicamentos de marca. O seu efeito terapêutico é o mesmo e a eficácia semelhante (comprovada através de testes). Quem opta pelos genéricos não fica, pois, mais mal servido e paga, no mínimo, 35% a menos do que quem escolhe a marca de referência.
Os medicamentos novos são mais eficazes do que os antigos?
Nem sempre. Para ver uma substância ativa aprovada pelo Infarmed, o fabricante apenas tem de provar que é mais eficaz do que o placebo (produto sem princípio ativo). Não é necessário apresentar estudos comparativos com medicamentos já existentes para o mesmo efeito, embora haja uma Recomendação da União Europeia neste sentido.
Há medicamentos sem riscos para a saúde?
Não. Todos os medicamentos têm efeitos adversos e, em quantidades superiores às recomendadas, podem causar intoxicações. Contudo, os seus benefícios para a saúde superam os riscos.
Por que motivo alguns medicamentos são de receita médica obrigatória e outros não?
Os medicamentos não sujeitos a receita médica, em geral, destinam-se a situações repentinas e de curta duração, que podem ser tratadas sem supervisão médica, como os sintomas da constipação e gripe. Os seus efeitos negativos são bem conhecidos e sabe-se que os seus riscos são reduzidos, porque já são usados há muito tempo. Os medicamentos sujeitos a receita médica, em geral, exigem maiores precauções de utilização e vigilância médica.
Os produtos naturais são sempre seguros?
Não. Estas substâncias também apresentam efeitos adversos, que não são necessariamente menores do que os dos produtos químicos. Além disso, a quantidade e pureza das substâncias são difíceis de "controlar".
Como funcionam os medicamentos homeopáticos?
Os tratamentos homeopáticos baseiam-se no princípio de "cura pelo semelhante", ou seja, a substância que provoca o mal cura-o. Esta substância é diluída, seguindo regras precisas, através de um processo chamado dinamização. Até à data, não existem estudos que comprovem a sua eficácia.
Se o comprimido for muito grande, posso parti-lo e tomá-lo em duas vezes?
Depende. Alguns comprimidos apresentam uma pequena ranhura que permite que sejam partidos. Perde-se sempre uma pequena parte do medicamento, mas esta perda é preferível a não tomar. De qualquer forma, pode perguntar ao seu médico se não existe uma alternativa (por exemplo, xarope ou granulado). Comprimidos revestidos ou de libertação prolongada não devem ser partidos (a não ser por recomendação médica). As cápsulas também não devem ser abertas.