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Fica mais caro subscrever serviços de streaming na app ou no site?

Quer ouvir música a partir de um serviço de streaming, sem pausas para anúncios? Tem interesse num plano premium do LinkedIn ou do X? Mas será que os preços são diferentes consoante os serviços sejam subscritos na app ou no site? A DECO PROteste foi investigar.

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10 março 2025
Homem deitado no sofá em casa, com phones, ouve música com o telemóvel

iStock

As apps são como os chapéus: há muitas, e para muitas ocasiões. A razão de tanta popularidade não pode ser separada da vertente prática no acesso a bens e serviços. Mas não há só vantagens, e um inconveniente muito relevante pode ser o preço. É possível uma compra envolver custos diferentes consoante se concretize na app ou no site do vendedor.

A esmagadora maioria das apps recorrem a dois sistemas operativos: o Android e o iOS. E a Google e a Apple, que os desenvolveram, cobram a quem produz as apps, para estarem presentes nas suas lojas: a Play Store e a Apple Store. Uma percentagem de cada compra ocorrida nas apps fica com a Google e a Apple, que, no entanto, não são as únicas a proceder assim. Outras lojas, como a Microsoft Store e a Huawei AppGallery, seguem o exemplo.

Quanto cobram a Apple e a Google para uma app estar nas suas lojas?

No caso da Apple, a taxa é de 30%ou 15%, para empresas com menos de um milhão de dólares de receita no ano anterior. Ora, se um serviço cobrar 10 euros por uma subscrição mensal, e esta tiver sido efetivada na app para iOS, a Apple recebe 3 euros por cada pagamento recorrente. Já se o mesmo serviço for subscrito online, e não através da app alojada na Apple Store, nenhum extra será cobrado.

A Google também segue a regra dos 15% até ao primeiro milhão de dólares e dos 30% acima deste limiar. Mas, nas subscrições, não vai além de 15%, e alguns serviços conseguem até negociar um valor inferior. Além disso, ao contrário do que sucede no contexto da Apple, existem alternativas. Uma app desenhada para Android pode ser disponibilizada noutras lojas ou mesmo descarregada num site.

Prática desleal da Apple castigada pela Comissão Europeia

A Apple não permite outras vias. Mais: impedia os serviços que alojam as suas apps na Apple Store de informarem os utilizadores de que a subscrição online poderia ser mais barata. Injusta, anticoncorrencial e ilegal, esta prática justificou, em março de 2024, uma multa de 1,8 mil milhões de euros, imposta pela Comissão Europeia. Mas não basta. A Euroconsumers, de que a DECO PROteste faz parte, quer que os lesados sejam compensados. Como tal, iniciou uma ação coletiva em Portugal, Espanha, Itália e Bélgica, para que as vítimas do abuso de poder da gigante tecnológica recebam o valor cobrado em excesso.

A quem se destina? A todos os utilizadores do sistema iOS (iPhone e iPad) que, desde 2013, tenham pago a mais pelas subscrições, feitas através de apps na Apple Store, de serviços de música que não sejam da Apple, como Spotify, Deezer, YouTube Music, Soundcloud, Tidal e Qobuz. Ao todo, trata-se de meio milhão de lesados nos quatro países. Poder é sinónimo de responsabilidade, não de abuso.

Preços do streaming de áudio e de vídeo e de serviços populares

E como têm reagido os serviços a estas taxas abusivas da Apple? A DECO PROteste comparou os preços dos serviços de streaming de vídeo e áudio mais populares, como Netflix, Amazon Prime Video, Disney+, Spotify e Deezer, e averiguou se praticam os mesmos preços independentemente da plataforma onde é feita a subscrição, ou se há diferenças. Para ajudar os consumidores, juntou ainda à análise os planos pagos de outros serviços populares, como Uber, Glovo, X ou LinkedIn.

Chegou à conclusão de que alguns não distinguem plataformas, mas que muitos optam por aumentar os preços das subscrições, quando feitas na app para iOS, penalizando quem usa o ecossistema Apple.

Foi, até 2023, o caso do Spotify, serviço de streaming de música, que aumentou a mensalidade dos utilizadores de iOS, de 6,99 para 8,99 euros. Nesse ano, deixou de permitir a subscrição na sua app iOS.

Outras duas gigantes do streaming, a Netflix e a Disney+, têm prática idêntica. Nos três casos, ao acederem à área de subscrição na app para iOS, os utilizadores são redirecionados para o site dos serviços.

Nada disto se traduz na impossibilidade de usar o Spotify, a Netflix ou a Disney+ na app para iOS. O que está vedado é a subscrição por esta via. De resto, qualquer que seja o serviço, o mais interessante é subscrever online e usar na plataforma mais conveniente.

Streaming de áudio discrimina subscrição na app

A DECO PROteste verificou que, no geral, os serviços de streaming de vídeo não acusam alteração de preço entre as subscrições no site ou nas apps.

No streaming de áudio, porém, há vários casos em que a adesão fica mais cara nas apps, sobretudo iOS. No Napster e no SoundCloud Go+, por exemplo, a subscrição pelo site fica, respetivamente, 2 e 3 euros mais barata.

Já no Qobuz Studio, há um preço para site, de 10,99 euros, outro para Android, 2 euros superior, e um terceiro para iOS, 4 euros mais caro do que o primeiro.

Por sua vez, o Deezer Premium pratica uma mensalidade de 11,99 euros no site e na app para Android, e de 3 euros mais na versão para iOS.

Também o YouTube Music Premium Individual, um serviço da Google, exige mais 3 euros mensais, sobre os 7,99 euros correspondentes à subscrição no site e na app Android, quando aquela ocorre em ambiente da rival Apple.

Finalmente, o caso da Tidal não faz grande sentido: o preço é mais barato na app para iOS do que no site – e não há app para Android.

Serviços populares também encarecem subscrição na app

Outros serviços populares foram chamados à análise, para averiguar se a tendência de preços mais elevados nas apps se confirmava, e foi o que se verificou em alguns casos.
Do lote dos escolhidos, só a Glovo, a Strava e a Uber aplicam igual preço à subscrição nas três plataformas.

Depois, há os que penalizam apenas a app para iOS, como o Google One e o YouTube Premium Mensal, ambos da Google, e os que o fazem nos dois casos, como o LinkedIn Premium Mensal Career e o X Premium Mensal.

Ainda se verificam diferenças no preço das moedas virtuais do TikTok (TikTok coins), usadas para recompensar os criadores de conteúdos.

O que retirar daqui? Apps podem ser muito práticas. Mas não interessa o serviço: a menos que a subscrição pelo site seja impossível, como no caso do Tinder Plus Mensal, não são o melhor lugar para aderir. Subscreva online e use onde quiser.

 

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