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Hepatite A: o que é, quais os sintomas e como prevenir

A principal medida de prevenção contra a hepatite A é a vacina. Saiba como esta doença se transmite e como prevenir o contágio.

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05 agosto 2025
Pessoa com olhos amarelados

iStock

A Direção-Geral da Saúde (DGS) apresentou em agosto uma nova estratégia para a imunização contra a hepatite A. A medida surge depois de, em junho, a DGS ter alertado para um aumento na transmissão da hepatite A no País. Nos primeiros cinco meses do ano, foram confirmados 504 casos de infeção em Portugal. Destes, 122 estavam associados a transmissão através de contacto sexual.

A hepatite A é uma infeção aguda do fígado, causada pelo vírus da hepatite A (VHA). Esta doença é muito contagiosa e pode originar surtos com pessoas infetadas durante várias semanas ou até meses. Embora raramente exija internamento hospitalar, a sua gravidade aumenta com a idade e que tenham outras patologias.

O principal modo de transmissão é por via fecal-oral através da ingestão de alimentos ou água contaminados (pode ocorrer em pessoas que viajam para zonas endémicas).

Quais os sintomas da hepatite A?

A frequência de sintomas depende da idade do doente. Geralmente, crianças com idades inferiores a 6 anos não apresentam sintomas. Já em crianças mais velhas e adultos a hepatite A provoca doença clínica em mais de 70% dos casos.

A infeção por VHA pode ser assintomática ou provocar um quadro agudo, quase sempre autolimitado, ou seja, que passa com o tempo, mesmo sem tratamento.

Os sintomas da hepatite A são:

  • febre;
  • mal-estar;
  • náuseas;
  • vómitos;
  • dor abdominal;
  • falta de apetite;
  • fadiga;
  • urina escura;
  • fezes esbranquiçadas;
  • icterícia (coloração amarelada da pele e dos olhos).

Qual o período de incubação?

O período médio de incubação é de 28 a 30 dias, variando de 15 a 50 dias. A infecciosidade máxima ocorre enquanto a infeção ainda não apresenta sintomas e a maioria dos casos é considerada não infeciosa após a primeira semana de icterícia.

O vírus da hepatite A é eliminado nas fezes em elevadas concentrações desde duas a três semanas antes, até uma semana após o aparecimento dos sintomas.

A infeção por hepatite A é grave?

A hepatite A cura-se ao fim de três a cinco semanas e não evolui para doença crónica.

A gravidade da doença aumenta com a idade, sobretudo em pessoas que tenham em simultâneo doença hepática crónica (cirrose hepática associada à hepatite B ou C, ou de outra causa).

Como se transmite?

O principal modo de transmissão é por via fecal-oral, através da ingestão de alimentos ou água contaminados (em locais com condições de saneamento básico deficitárias, como Ásia, Afica e América Central e do Sul) ou por contacto próximo com pessoas infetadas.

A transmissão através de contacto sexual tem sido associada a surtos em homens que fazem sexo com homens. O principal fator de risco está relacionado com as várias formas de contacto associadas a práticas sexuais que facilitam a transmissão fecal-oral quando um dos parceiros está infetado (sexo anal, com ou sem preservativo; sexo oro-anal).

Quais os principais fatores de risco?

O risco é maior para:

  • viajantes ou habitantes em locais com condições de saneamento básico deficitárias (Ásia, África, América Central e do Sul);
  • homens que fazem sexo com homens;
  • pessoas que usam drogas, em situação sem abrigo, com doença do fígado e com VIH.

Alguns comportamentos de risco para contrair a infeção por hepatite A são:

  • consumo de alimentos como carne mal passada, ovos mal cozidos, legumes crus mal lavados ou mal cozidos, marisco e fruta por lavar;
  • não lavar as mãos após a utilização da casa de banho, mudar as fraldas e antes de preparar os alimentos.

Como é feito o diagnóstico da hepatite A?

O diagnóstico da hepatite A requer uma avaliação detalhada da história clínica do paciente, incluindo a investigação de sintomas e a realização de exames, como análises de sangue com pesquisa de anticorpos para o vírus.

Hepatite A: qual o tratamento?

Não existe tratamento específico para a hepatite A, pelo que o tratamento é dirigido aos sintomas causados pela infeção.

Normalmente, utilizam-se medicamentos para alívio de sintomas e recomenda-se a ingestão de muitos líquidos e repouso.

A ingestão de álcool é totalmente desaconselhada e os medicamentos com metabolização hepática ou que possam ser prejudiciais para o fígado devem ser utilizados com precaução.

Como prevenir a hepatite A?

Vacina

A principal forma de prevenir a hepatite A é a vacinação

Em Portugal, recomenda-se a vacinação contra a hepatite A a grupos com risco acrescido de exposição ou de gravidade da doença. A vacina é gratuita em contexto de pré e pós-exposição, incluindo o controlo dos surtos, e no âmbito do Programa Nacional de Vacinação, em situações especiais. No contexto da medicina do viajante, a vacinação é obtida mediante prescrição médica individualizada e adquirida nas farmácias comunitárias.

Confira em seguida os contextos em que a vacinação é recomendada.

Contexto de pós-exposição

A vacina está recomendada para contactos de casos confirmados de hepatite A (coabitantes e contactos sexuais). A vacinação deve ser feita o mais precocemente possível após a última exposição, idealmente até 14 dias após a exposição, devendo ser implementada com carácter prioritário. Recomenda-se a administração de 1 dose da vacina monovalente contra hepatite A aos contactos próximos de casos confirmados, não imunes, desde que assintomáticos. Em contexto de pós-exposição/surto a vacinação é gratuita.

Contexto de pré-exposição

A vacinação contra a hepatite A está também recomendada em contexto de pré-exposição a pessoas não imunes, que apresentem, pelo menos um dos seguintes critérios:

  • pessoas com múltiplos parceiros sexuais e/ou história de práticas sexuais em grupo;
  • pessoas com parceiros sexuais anónimos;
  • história de práticas sexuais com uso de substâncias psicoativas (Chemsex);
  • pessoas envolvidas em prática de sexo comercial;
  • funcionário/as ou utilizadoras de espaços onde se pratique sexo em grupo ou sexo anónimo;
  • diagnóstico recente (nos últimos 6 meses) de infeção sexualmente transmissível (IST);
  • pessoas em profilaxia pré-exposição (PrEP) para o vírus da imunodeficiência humana;
  • profissionais de saúde com contacto direto e continuado com pessoas com hepatite A em fase aguda;
  • profissionais envolvidos na colheita e processamento de produtos biológicos de casos suspeitos ou confirmados de hepatite A;
  • pessoas com saneamento básico inadequado e/ou acesso limitado a água potável;
  • trabalhadores do setor dos serviços de águas e resíduos.

Em contexto de pré-exposição recomenda-se a administração de 1 dose da vacina monovalente contra hepatite A a pessoas não imunes, de forma gratuita.

Vacinação no âmbito do PNV em situações especiais

A vacinação contra a hepatite A no âmbito do Programa Nacional de Vacinação é recomendada e gratuita, com vacinas monovalentes, num esquema de 2 doses, aos seguintes grupos de risco:

  • pessoas candidatas a transplante hepático e pessoas com doença hepática crónica com avaliação serológica negativa;
  • pessoas sob tratamento com fatores de coagulação derivados do plasma.

Vacinação no âmbito da medicina do viajante

No âmbito da medicina do viajante, a vacinação contra a hepatite A é recomendada, mas não gratuita a pessoas viajantes ou turistas que se desloquem ou que vão residir para países de elevada endemicidade para a hepatite A, como países da América do Sul, África e Ásia. A vacinação é recomendada mediante prescrição médica individualizada, e adquirida nas farmácias comunitárias.

Medidas de reforço

Para além da vacina, são aconselhadas medidas para reforçar a prevenção da infeção, relacionadas, sobretudo, com a higiene pessoal, familiar e doméstica e com a confeção de alimentos, como por exemplo:

  • lavar e desinfetar as mãos frequentemente;
  • beber água potável ou engarrafada;
  • cozinhar bem os alimentos, nomeadamente, carne, legumes e ovos;
  • lavar e desinfetar bem os alimentos antes de os consumir;
  • manter hábitos regulares de higiene pessoal, especialmente da região genital e perianal, particularmente, antes e após o uso de instalações sanitárias e antes e após as relações sexuais.

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