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Tradições de Natal em Portugal

Mercados e árvores de Natal, doces e vinho quente: o Natal em Portugal já inclui costumes estrangeiros, mas há terras que não deixam esquecer as heranças locais e atraem milhares de pessoas.

  • Editor
  • Marlene Marques/Marlene On The Move
15 dezembro 2022
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Caretos de Ousilhão

Turismo de Vinhais

Depois de Madeira, Arcos de Valdevez, Serra da Estrela, Nazaré e Coimbra, desafiámos Marlene Marques, do blogue Marlene On The Move, para preparar um roteiro com as melhores tradições de Natal pelo País. O barulho torna-se até ensurdecedor. Dezenas de chocalhos e gaitas entoam num chinfrim de sons. O cérebro tenta acompanhar, ao mesmo tempo que, pelos olhos, entram as cores garridas dos fatos vestidos por jovens aos saltos. Pulam, correm, abanam os transeuntes com quem se cruzam. A energia é contagiante, e de religioso parece ter pouco.

Em Varge e Ousilhão, entre outras localidades de Trás-os-Montes, os Caretos são uma tradição antiga. Pela altura do Natal, os rapazes destas vilas encarnam criaturas diabólicas, com fatos feitos de lã e tecido, em tons de vermelho e outras cores. Põem máscaras que lembram o diabo e correm as freguesias, causando o caos. Mas o ambiente não é de medo. Pelo contrário. É de festa e alegria. A celebração tem raízes pagãs e pretendia marcar, não só o solstício de inverno, como também a passagem dos rapazes à idade adulta. Hoje, tem um papel importante, ao não deixar esquecer as heranças culturais entre os dias de Natal e de Reis. Noutras terras de Portugal, a tradição está no presépio. A Marinha Grande é uma delas. Na terra do vidro, por esta altura, nasce aquele que é um dos maiores presépios do País.

O Presépio de Filipe Ferreira começou há mais de 20 anos na varanda de uma casa, na freguesia da Comeira. Hoje, ocupa uma área de cerca de 50 metros quadrados no Edifício da Resinagem, no centro histórico da Marinha Grande. Com mais de mil peças, os detalhes são aqui postos à prova dos olhares mais curiosos. Das figuras tradicionais do presépio às criações que remetem aos costumes portugueses, o movimento colocado em muitas das peças deste presépio, como nos moinhos ou nos sinos da igreja, dá-lhe vida e segura ainda mais a atenção dos visitantes. Por outro lado, no Sabugal, os elementos naturais conquistam quem lá vai. Em 1100 metros quadrados, o maior presépio natural do País recria ambientes e cenas da Natividade, em cenários feitos com troncos de árvores, heras e musgos recolhidos na região.

Fogo, bananas e castanhas

Neste tempo de convívio e, ao contrário do que seria de esperar, nas terras mais frias do País sai-se à rua para marcar a ocasião. Em Braga, nas horas que antecedem a consoada, centenas de pessoas acotovelam-se na Rua do Souto. O momento é de desejos de boas festas… e de “comer uma banana e beber um banano” (leia-se um copo de Moscatel). A tradição do “Bananeiro” começou no tempo em que as iguarias de Natal não estavam ao alcance de todos, e perdura até aos dias de hoje entre os bracarenses.

Já em Aldeia Viçosa, na Serra da Estrela, o fruto é outro: a castanha. O Magusto da Velha nasceu na Idade Média, resultado da última vontade de uma importante habitante local, que incumbiu à igreja que distribuísse castanhas e vinho pelo povo. Como resultado, todos os anos, a 26 de dezembro, são lançados do topo da torre da igreja cerca de 160 quilos de castanhas e distribuídos 50 litros de vinho.

Também na Serra da Estrela, na Guarda, se realiza o Madeiro de Natal, uma grande fogueira que aquece a noite da consoada. E há outras localidades por Portugal a seguirem a tradição, como Bragança, Castelo Branco, Penamacor e Portalegre. Por aqui, são o calor e o crepitar das chamas que atraem a população e fazem do lugar um ponto de encontro e de celebração.

Informações úteis

O carro é o principal meio de transporte para chegar a muitas destas localidades. Nalguns casos, precisa de atravessar zonas de montanha. Muitas celebrações fazem-se na rua, em cidades do Norte e do Interior, pelo que conte com temperaturas que podem atingir os 0ºC. Proteja-se do frio.

Quando ir

As principais tradições de Natal portuguesas decorrem na noite da consoada, como é o caso do Madeiro. Mas outras, como os Caretos ou os presépios, começam semanas antes. Informe-se junto das câmaras municipais ou das juntas de freguesia, para obter mais informações sobre o melhor momento.

Doces tradicionais

Descubra em Trás-os-Montes as migas doces, e, nas Beiras, as filhós do joelho. Já no Ribatejo, as azevias são feitas de batata-doce ou grão. 
No Alentejo, o destaque vai para o bolo podre, enquanto no Algarve é 
o bolo de mel a estrela.

Outros eventos de Natal

As festas de Natal não se esgotam aqui. Outras localidades chamam as atenções no último mês do ano, como é o caso de Óbidos e a sua Vila Natal, ou Priscos, com o maior presépio vivo da Europa.

Sites úteis para saber mais

Município de Vinhais

Presépio ao vivo de Priscos

Óbidos Vila Natal

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