Metade dos portugueses dizem-se pouco informados sobre eleições europeias
Inflação, custo de vida e guerra preocupam muitos portugueses. Metade conhece mal os programas dos partidos que vão a votos para o Parlamento Europeu, a 9 de junho. Boa parte de quem pretende votar opta pelas mesmas cores políticas dos escrutínios nacionais.
As eleições para o Parlamento Europeu, a 9 de junho próximo, nomeiam os eurodeputados dos 27 Estados-membros da União Europeia (UE), os quais votam sobre matérias com influência nas políticas de cada país. Mas uma fatia considerável de portugueses (56%) sente-se mal informada sobre os programas eleitorais dos grupos políticos com assento no Parlamento Europeu. E só 13% afirmam estar munidos de informação sobre as eleições. A decisão sobre o partido a votar é tomada com base na informação dos programas eleitorais (41%) ou seguindo a cor política que apoiam ao nível nacional. A ausência de informação disponível para decidir é a justificação de um terço de quem afirma não pretender votar a 9 de junho. Porém, a maioria dos inquiridos reconhece o impacto positivo das políticas europeias no seu dia-a-dia e a proteção conferida aos consumidores.
Estes são alguns dos resultados de um inquérito da DECO PROteste, realizado entre 18 e 21 de março últimos, para auscultar o conhecimento que os portugueses têm sobre as eleições europeias, a satisfação com as políticas da UE e o funcionamento das suas instituições. Do inquérito, resultaram 1003 respostas válidas de inquiridos entre os 18 e os 74 anos. Para avaliar o seu grau de conhecimento sobre este tema, responda ao quiz Conhece bem a União Europeia.
A Euroconsumers, da qual a DECO PROteste faz parte, organiza, a 15 de maio, um webinar sobre as eleições europeias. Está aberto à participação do público em geral. O encontro conta com a presença de Isabelle Pérignon, responsável europeia pela política de defesa do consumidor, e com eurodeputados dos principais partidos: Partido Popular Europeu, Partido dos Socialistas Europeus, Partido Aliança dos Democratas e Liberais pela Europa, Partido Democrático Europeu, Partido Verde Europeu, Aliança Livre Europeia e Partido dos Conservadores e Reformistas Europeus.
União Europeia geriu bem a pandemia, diz maioria dos inquiridos
Como encaram os portugueses a atividade da UE nos últimos cinco anos? À frente, posiciona-se a gestão da pandemia da covid-19, que merece boa avaliação de quase 70% dos inquiridos. Quase metade aprova a forma como tem sido tratada a segurança digital, a sustentabilidade e a transição verde.
Pelo contrário, os critérios adotados para lidar com a inflação e o custo de vida, o fluxo migratório na Europa e a guerra entre Israel e a Palestina são criticados por mais de metade dos inquiridos. O controlo da crise energética e da guerra entre a Rússia e a Ucrânia também não é pacífica, merecendo apenas a aprovação de cerca de um quarto das pessoas que responderam.
O que preocupa mais os portugueses? A inflação e a subida do custo de vida. Mas também o conflito entre a Rússia e a Ucrânia, o fornecimento e o preço da energia, as alterações climáticas e uma possível nova guerra mundial. Temas que angustiam sobretudo os inquiridos mais avançados na idade.
A abordagem da UE a uma nova pandemia merece a confiança de 41% dos inquiridos. Quanto a ameaças cibernéticas e a uma possível nova guerra mundial, cerca de um terço dá crédito à estratégia europeia. Menor confiança vale a política que a UE tem empreendido em relação ao conflito entre Israel e a Palestina.
Os próximos cinco anos concentram-se em preocupações específicas. Garantir alimentos saudáveis e sustentáveis e medicamentos disponíveis e baratos, assegurar que os direitos dos consumidores são respeitados e combater os esquemas financeiros online são apontados pelos inquiridos como as grandes prioridades até 2029.
Instituições europeias: 19% desconhecem como funciona
A maioria dos inquiridos (57%) mostrou um conhecimento limitado sobre o funcionamento das instituições europeias, tendo acertado numa média de três a cinco questões, num questionário de oito. Apenas um quarto dos inquiridos está bem informado, enquanto 19% revelaram um desconhecimento generalizado acerca da UE.
O modo como o número de deputados do Parlamento Europeu é determinado e como são eleitos, a rotatividade entre países da presidência do Conselho Europeu e a forma de aprovação das diretivas são os temas nos quais se revelam maiores dúvidas. Já o envolvimento dos governos de cada Estado-membro nas decisões, logo seguido da distinção entre Parlamento Europeu e Comissão Europeia, são as questões que menos dúvidas geram. A idade joga um papel fundamental: os maiores de 55 anos estão mais bem informados.
Que medidas foram aprovadas pela União Europeia?
Proteção dos menores nas redes sociais, aumento da proteção dos consumidores em relação aos fornecedores de energia, cibersegurança nos aparelhos, direito de mudar de fornecedor de eletricidade ou de telemóveis a qualquer momento ou ainda a abolição dos custos de roaming são tidos como resoluções bastante importantes. Mas a verdade é que a maioria das pessoas que responderam ao inquérito se sente pouco esclarecida sobre tais assuntos. Estas medidas legislativas foram aprovadas pela UE. Porém, em geral, só metade de quem respondeu ao inquérito o sabia.
Políticas europeias com impacto positivo
No dia-a-dia, sentem a influência das decisões do Parlamento Europeu? O otimismo vence, com alguma expressão: 65% dos portugueses acreditam que as políticas europeias têm um impacto positivo na sua vida. O nível de proteção dado aos consumidores é considerado elevado por quase 30%, sobretudo entre os inquiridos mais novos (dos 18 aos 35 anos). Um aspeto sobre o qual a situação financeira de quem responde é decisiva. A perceção de quem passa por dificuldades económicas influencia a sua perspetiva sobre a proteção dos consumidores: 34% das pessoas em situação frágil consideram-se pouco protegidas. E, nos últimos cinco anos, o que mudou nessa defesa do consumidor? Mais de metade (53%) dos portugueses responde que nada mudou.
Europa deve focar-se nas gerações futuras
O papel político e económico internacional da União Europeia é consensual entre os portugueses. Mas sobretudo o bem-estar das gerações futuras deve estar na base das decisões políticas. Esta é uma afirmação que a esmagadora maioria dos inquiridos subscreve. Bem como colocar os interesses europeus acima dos interesses de cada país que integra o espaço europeu. Contudo, por outro lado, mais de 60% de quem colaborou no inquérito se sentem, primeiro, portugueses, e só depois europeus.
Que o futuro dos cidadãos passa pela implementação de políticas ambientais e por uma transição ecológica não oferece dúvidas a grande parte dos inquiridos. Quanto a questões relacionadas com impostos, 68% defendem a existência de uma política fiscal europeia integrada.
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