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Depressão pós-parto: saiba identificar os sinais de alerta

A depressão pós-parto tem um impacto negativo na saúde da mulher e pode afetar o equilíbrio e as dinâmicas de todo o agregado familiar. É importante saber no que consiste esta doença e reconhecer os sinais de alerta, pois pode ser tratada. Mais importante ainda: é possível preveni-la.

18 julho 2023
Mulher sentada num sofá repousa a cabeça na mão esquerda enquanto segura bebé com o braço direito.

iStock

Tristeza persistente, desinteresse pelas atividades do dia-a-dia, insónias, falta de apetite... No limite, ideias de morte ou suicídio. Estes e outros sintomas podem ser indicadores de depressão e surgir, também, durante a gravidez ou após o nascimento de um filho (regra geral, nas primeiras quatro semanas que sucedem o parto, mas podendo desenvolver-se até ao primeiro ano de vida do bebé).

É a chamada depressão pós-parto. Estima-se que mais de 10% das mulheres grávidas e que deram à luz recentemente experienciam depressão.

Apesar de não se saber ao certo o que causa a depressão pós-parto, é possível prevenir e tratar esta doença. É importante estar-se atento aos sinais de alerta.

Qualquer mulher pode ter uma depressão pós-parto?

Sim, mas existem circunstâncias que aumentam esse risco, como:

  • adolescência;
  • história pessoal ou familiar de depressão;
  • gravidez ou parto anterior com depressão pós-parto associada;
  • ansiedade durante a gravidez;
  • gravidez não desejada;
  • gravidez de risco;
  • parto anterior traumático;
  • parto prematuro;
  • parto complicado e/ou dificuldade em amamentar;
  • história de abuso físico ou sexual;
  • falta de apoio sociofamiliar e financeiro;
  • privação de sono;
  • hábitos alimentares pouco saudáveis.

Como saber se uma mulher tem depressão pós-parto?

Os sintomas são, no geral, semelhantes aos da depressão, mas com a particularidade de terem início no periparto, ou seja, podem ocorrer durante a gravidez ou quatro semanas após o parto. Na prática clínica também é aceite que a depressão pós-parto se possa manifestar até ao primeiro ano de vida do bebé.

Assim sendo, caso a mulher apresente alguns dos seguintes sintomas depressivos, durante um período de pelo menos duas semanas, poderá estar a sofrer de depressão pós-parto:

  • tristeza prolongada;
  • perda de interesse ou prazer por realizar as atividades quotidianas;
  • perturbações do sono e do apetite;
  • retardamento ou agitação psicomotora;
  • fadiga e/ou falta de energia;
  • sentimentos de inutilidade ou culpa excessiva ou inapropriada;
  • dificuldades de concentração;
  • ideias de morte ou suicídio.

O sintoma de tristeza prolongada (humor deprimido) e/ou o sintoma de diminuição de interesse ou prazer pelas atividades quotidianas devem sempre estar presentes, enquanto critérios de diagnóstico.

Estes sintomas costumam ser acompanhados de sentimentos como irritabilidade, ansiedade, sentir-se assoberbada, distanciamento ou desinteresse em relação ao bebé, insatisfação com a função materna, alteração da relação com o parceiro, falta de confiança, baixa autoestima, entre outros.

Que consequências pode ter a depressão pós-parto?

A depressão pós-parto tem um impacto negativo na saúde da mãe e na relação desta com o bebé, o que também poderá ter implicações no desenvolvimento emocional, social e cognitivo da criança. Pode levar a falhas na amamentação, a uma diminuição dos cuidados à criança (por exemplo, não seguir o plano de consultas ou de vacinação, alheamento e falta de estimulação do bebé), ou, pelo contrário, a uma procura excessiva dos serviços de saúde.

As consequências negativas desta doença extravasam habitualmente para os restantes elementos do agregado familiar. É comum o comportamento de uma mulher com depressão pós-parto originar discórdia/tensão entre o casal, que pode levar também a um quadro depressivo do pai, sobretudo nos primeiros três a seis meses após o nascimento do bebé.

Como ajudar uma mulher com sintomas de depressão pós-parto?

Pode ser difícil para uma mulher falar abertamente sobre os sintomas de depressão. Existe alguma pressão da sociedade para que as mulheres se apresentem felizes e com boa aparência após o parto, ou saibam imediatamente o que fazer quando lhes põem o bebé nos braços.

Se perceber que uma mulher próxima de si apresenta os sintomas de depressão pós-parto, sobretudo de forma continuada (durante pelo menos duas semanas), além de oferecer os seus préstimos no cuidado da casa e do bebé, deve aconselhá-la a ser avaliada por um médico.

O que deve uma mulher com sintomas de depressão pós-parto fazer?

Deve procurar o seu médico de família, ginecologista ou obstetra, para ser avaliada e, se necessário encaminhada para um psiquiatra ou outro profissional de saúde mental. Existem instrumentos, como a escala de depressão pós-parto de Edimburgo, que ajudam a fazer o diagnóstico.

Outros problemas de saúde podem ter sintomas semelhantes aos da depressão, como doenças da tiroide ou deficiências vitamínicas. É, por isso, essencial a avaliação clínica.

A depressão pós-parto pode ser tratada com sessões de psicoterapia com terapia cognitiva e comportamental, intervenções psicossociais (por exemplo, aulas de preparação para o parto, visitas a casa por profissionais de saúde) e/ou medicação (existem antidepressivos seguros mesmo durante a gravidez e a amamentação).

Com tratamento adequado, a maioria dos casos de depressão pós-parto resolve-se em alguns meses. Se esta doença não for tratada, podem ocorrer novos episódios depressivos, com as consequências negativas já conhecidas para a mãe, a criança e a família.

Como prevenir a depressão pós-parto?

Se tem antecedentes de depressão e/ou ansiedade, deve falar com o seu médico ainda antes da gravidez, para saber identificar os sintomas de depressão pós-parto. Deve também realizar avaliações médicas durante a gravidez e após o parto, para detetar possíveis sintomas o mais cedo possível.

Eis alguns comportamentos que pode adotar para prevenir a depressão pós-parto:

  • descanse sempre que possível (mesmo que não consiga dormir, aproveite as visitas para tirar algum tempo só para si);
  • faça, sempre que possível, exercício físico adequado à sua condição;
  • mantenha hábitos alimentares saudáveis;
  • partilhe os trabalhos domésticos e os cuidados ao bebé com o seu parceiro e/ou filhos mais velhos, se já conseguirem ajudar (peça ajuda sempre que precisar);
  • passe tempo com amigos e familiares com quem se sinta bem;
  • procure estar com outras mães recentes, para partilhar experiências e opiniões;
  • não alimente expectativas irrealistas (por exemplo, conseguir ter a casa sempre arrumada). Uma mulher não tem de cumprir determinados padrões de perfeição para ser uma boa mãe.

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