Endometriose: mulheres vão ter faltas justificadas a partir de abril
Já foi publicada a lei que cria um regime de faltas justificadas ao trabalho e às aulas para as mulheres que sofram de dores incapacitantes por endometriose ou adenomiose. Com este regime, que entra em vigor em abril, as pessoas que sofrem destas doenças vão poder faltar justificadamente ao trabalho e às aulas, sem perda de direitos, até três dias consecutivos por mês.

Já foi publicada a lei que, a partir de abril, vai permitir que as mulheres com endometriose ou adenomiose tenham direito a faltas justificadas ao trabalho e às aulas, até três dias consecutivos por mês, sem perdas de direitos, incluindo retribuição e antiguidade. De acordo com a lei, a prescrição médica que atesta a endometriose ou a adenomiose com dores incapacitantes deverá ser entregue ao empregador e servirá de prova de justificação de falta, sem necessidade de renovação mensal.
Quem sofra de dores grave e incapacitantes provocadas pelas mesmas patologias durante o período menstrual tem também direito a faltar justificadamente às aulas até três dias consecutivos por mês, sem quaisquer perdas de direitos. A prescrição médica deve ser entregue à instituição de ensino e também não carece de renovação mensal.
A legislação cria ainda um regime de comparticipação nos medicamentos destinados ao tratamento e alívio de sintomas da endometriose e adenomiose, progestagénios ou outros, prescritos no Serviço Nacional de Saúde (SNS) por um médico especialista, e pretende garantir que as pessoas com endometriose ou com adenomiose possam preservar a sua fertilidade, através da criopreservação dos seus ovócitos. Caberá ao SNS a disponibilização de uma resposta para a colheita e o armazenamento.
A Direção-Geral da Saúde (DGS) terá agora de elaborar as normas e as orientações técnicas a implementar em todas as unidades de saúde, no prazo de 90 dias. Estas normas e orientações técnicas deverão depois ser implementadas no imediato em todas as unidades do SNS.
Saiba o que é a endometriose, como se diagnostica ou qual o tratamento.
O que é a endometriose?
A endometriose é uma doença crónica que afeta, sobretudo, mulheres em idade reprodutiva e que pode impactar significativamente a qualidade de vida e a fertilidade. Atualmente, estima-se que cerca de 10% das mulheres em idade reprodutiva sofram de endometriose. Destas, metade pode enfrentar infertilidade.
O endométrio é a camada interna que reveste o útero e reage às hormonas femininas, preparando-se para receber um embrião em caso de gravidez. Se a gravidez não ocorrer, o endométrio é eliminado durante a menstruação. Nas mulheres com endometriose, células semelhantes às do endométrio crescem fora do útero. Este tecido fora do útero também passa por ciclos de crescimento e descamação, o que desencadeia inflamação crónica, fibrose e a formação de lesões. Essas lesões são mais comuns nos ovários e nas trompas de Falópio, bem como nos tecidos e órgãos próximos ao útero, como o intestino e a bexiga. Mas, em casos mais raros, essas lesões podem afetar áreas mais distantes do abdómen, como o pulmão.
Não são conhecidas as causas exatas da endometriose e não há forma de a prevenir ou curar. No entanto, os sintomas podem ser tratados com medicamentos ou, em alguns casos, com cirurgia.
Quais os sintomas da endometriose?
A apresentação da endometriose é variável. Em alguns casos pode ser assintomática, mas noutros pode manifestar-se com dor pélvica intensa e sintomas em órgãos distantes como o pulmão.
Os sintomas mais frequentes são:
- dor cíclica incapacitante que coincide com a menstruação (dismenorreia);
- dor durante a relação sexual (dispareunia);
- dor pélvica crónica;
- dor abdominal ou lombar;
- dor com a defecação e ao urinar;
- dor pélvica aguda associada com rotura, hemorragia ou infeção de um endometrioma (quisto ovárico).
Os sintomas podem também incluir:
- hemorragia uterina anómala;
- dificuldades em engravidar (estima-se que cerca de 50% das mulheres em ciclos de procriação medicamente assistida por razões de infertilidade sejam mulheres com endometriose);
- fadiga;
- sintomas gastrointestinais inespecíficos, entre outros.
Os sintomas da doença podem melhorar após a menopausa, mas nem sempre acontece.
Como se diagnostica a doença?
Para chegar a um diagnóstico, pode ser necessário:
- avaliação médica detalhada. O médico pode suspeitar de endometriose com base na relação dos sintomas com o ciclo menstrual, na presença de dor pélvica crónica e nos resultados de exame físico;
- exames complementares de diagnóstico. O recurso a exames como ecografias transvaginais ou ressonâncias magnéticas pode ajudar a determinar a localização e a extensão da endometriose;
- investigação cirúrgica. A laparoscopia exploratória ajuda a visualizar e a fazer biopsia do tecido endometrial fora do útero, confirmando o diagnóstico da doença.
Qual o tratamento para a doença?
A endometriose não tem cura e requer um tratamento personalizado, considerando a gravidade dos sintomas da doente, a localização da doença, as possíveis complicações em órgãos adjacentes, o desejo de gravidez futura ou a idade da paciente. O tratamento deve ter também em conta as preferências individuais da mulher.
Atualmente, existem várias opções terapêuticas para ajudar a gerir os sintomas, nomeadamente medicamentos ou cirurgia.
Medicamentos
- Analgésicos: anti-inflamatórios não esteroides (AINE) e analgésicos, como ibuprofeno e naproxeno, para alívio da dor.
- Terapêuticas hormonais: medicamentos análogos da hormona libertadora de gonadotrofinas (GnRH) e métodos contracetivos podem ajudar a controlar a dor, embora possam não ser adequados para quem deseja engravidar, e incluem as pílulas, os dispositivos intrauterinos hormonais, os anéis vaginais, os implantes, as injeções e os adesivos.
Cirurgia
Em alguns casos, a cirurgia pode ser necessária para remover lesões de endometriose.
As opções cirúrgicas mais comuns incluem:
- laparoscopia: procedimento minimamente invasivo que permite identificar e remover o tecido endometrial;
- histerectomia: remoção do útero e, em algumas situações, dos ovários e das trompas de Falópio. Regra geral, esta opção só é considerada quando os outros tratamentos falham.
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