Dicas

Atenuar sintomas da menopausa com medicamentos e cuidados diários

Afrontamentos, irritabilidade, falta de concentração e problemas de sono são alguns dos sintomas associados à menopausa. Conheça os tratamentos médicos e os cuidados diários que ajudam a minimizar os incómodos.

14 outubro 2022
Senhora de meia-idade a refrescar-se com um leque vermelho

iStock

A menopausa é um processo biológico natural e perfeitamente normal da vida da mulher. Mas os sintomas da menopausa podem tornar esta etapa desafiante.

O climatério é o período da vida da mulher compreendido entre o pleno potencial e a incapacidade reprodutiva. Ao longo do climatério, ocorre um declínio progressivo da sua função ovárica. Compreende três fases:

  • pré-menopausa – período que, no sentido lato, engloba toda a idade fértil até à menopausa;
  • peri-menopausa – compreende a transição para a menopausa e o primeiro ano após a menopausa;
  • pós-menopausa – período que se inicia com a última menstruação.

Apesar de serem muitas vezes confundidos, o climatério e a menopausa dizem respeito a momentos diferentes. A menopausa propriamente dita é determinada pela última menstruação e representa a falência ovárica definitiva. Em termos clínicos, diagnostica-se após um ano de amenorreia (ausência de menstruação) sem outra causa identificada.

Com que idade se entra na menopausa?

Nos países europeus, em média, a menopausa ocorre aos 51 anos da mulher, mas geralmente ocorre entre os 45 e os 55 anos. Em alguns casos, pode manifestar-se mais cedo, antes dos 45, mas habitualmente depois dos 40 anos (menopausa precoce) ou mais tarde, depois dos 54 anos (menopausa tardia). Tudo depende da mulher e da sua história clínica e familiar.

Pode resultar de um acontecimento natural relacionado com o envelhecimento ou ser consequência de tratamentos médicos ou cirúrgicos (menopausa iatrogénica).

Fumar, a ausência de gravidezes, a exposição a químicos tóxicos e sofrer de doenças como epilepsia ou diabetes de tipo 1 são alguns exemplos de fatores que estão associados à menopausa precoce. Já a ocorrência de várias gravidezes, o excesso de massa corporal e o elevado QI na infância relacionam-se com a menopausa tardia.

Quais os principais sintomas da menopausa?

A menopausa afeta cada mulher de forma diferente. Algumas mulheres atravessam esta fase praticamente sem queixas, enquanto outras vivenciam-na de forma conturbada. A transição para a menopausa implica alterações nos níveis das hormonas estrogénio e progesterona, e com ela chegam as manifestações características do período, muitas vezes desconfortáveis e com impacto na qualidade de vida.

A curto prazo, há a destacar a ocorrência de afrontamentos, suores noturnos, as alterações do sono e as perturbações emocionais. A médio prazo podem surgir a síndrome geniturinária da menopausa (caracterizada por problemas urinários e vaginais) e, possivelmente, alterações cutâneas. Como repercussões mais tardias, destacam-se as complicações cardiovasculares, a osteoporose e as alterações metabólicas.

Irregularidades menstruais

As alterações do ciclo menstrual podem iniciar-se quatro a oito anos antes da menopausa. Numa primeira fase, os ciclos podem ser regulares mas tornam-se mais curtos. Mais tarde, tornam-se irregulares até cessarem por completo.

Afrontamentos e suores noturnos

Sintomas vasomotores – como afrontamentos e suores noturnos – ocorrem na transição menopáusica, afetam mais de 70% das mulheres e são considerados frequentes ou intensos em mais de 30% dos casos. Começam tipicamente por uma sensação súbita de calor que dura cerca de dois a quatro minutos, associada frequentemente a transpiração abundante e, ocasionalmente, a palpitações. Podem também ser acompanhados de calafrios, tremores e sensação de ansiedade.

Em alguns casos, os sintomas vasomotores manifestam-se predominantemente à noite, podendo interferir com a qualidade do sono. A sua frequência é variável, mas podem ocorrer mais de dez vezes por dia.

Habitualmente, estes sintomas mantêm-se durante sete a dez anos, mas em alguns casos podem manifestar-se por várias décadas.

Alterações cognitivas, do humor e de sono

Muitas mulheres na menopausa referem alterações associadas a um estado de maior ansiedade e irritabilidade, dificuldade em dormir, diminuição da qualidade do sono, fadiga, depressão e problemas de concentração e de memória.

Problemas vaginais e urinários e alterações sexuais

Estima-se que a síndrome geniturinária afete entre 27% e 84% das mulheres, manifestando-se através de sintomas como:

  • secura, ardor e irritação vaginais;
  • dor e desconforto ao urinar;
  • infeções urinárias recorrentes.

Embora muitas mulheres permaneçam sexualmente ativas durante o climatério, pelo menos metade refere sintomas de disfunção sexual, incluindo redução da libido (desejo sexual reduzido), perturbações do orgasmo e ardor e/ou dor durante as relações sexuais.

Problemas de pele

As alterações hormonais da menopausa resultam numa diminuição importante do colagénio dos tecidos, com consequente diminuição da espessura e elasticidade da pele. Outras possíveis alterações são:

  • despigmentação ou pigmentação heterogénea da pele;
  • alopécia androgénica (perda de cabelo);
  • aumento da pilosidade facial.

Alterações cardiovasculares, metabólicas e osteoarticulares

A longo prazo, o risco de aparecimento de doenças cardiovasculares e de osteoporose aumenta, e torna-se mais difícil a mulher manter o peso habitual.

Terapêutica hormonal de substituição e outros tratamentos

Quando os sintomas da menopausa reduzem a qualidade de vida, não há que ter medo de recorrer a tratamentos para os atenuar. Não existem truques ou terapêuticas que resultem com todas as mulheres, mas, com acompanhamento médico e os cuidados adequados, é possível ultrapassar ou minimizar a maioria das queixas.

A terapêutica hormonal de substituição (THS) consiste na reposição das hormonas em falta no organismo e está recomendada no tratamento dos sintomas e dos efeitos físicos e psicológicos associados à deficiência de estrogénios. Esta terapêutica continua a ser a mais eficaz no alívio dos afrontamentos e suores noturnos e da atrofia vulvovaginal.

A terapêutica hormonal de substituição pode ser feita utilizando estrogénios, progestativos ou a combinação de ambos (estroprogestativos). Estes medicamentos podem ser administrados por via oral (em comprimidos), por via transdérmica (adesivos, gel ou spray na pele) ou por via vaginal (cremes ou óvulos).

Tendo em conta que esta terapêutica comporta riscos, a decisão sobre o tipo de opção a seguir, bem como da sua dose, a duração e a via de administração deve ser partilhada entre o médico e a mulher. Devem ser ponderados os benefícios e os riscos individuais da terapêutica hormonal de substituição, e a decisão deve ser reavaliada anualmente.

O que tomar quando a terapêutica hormonal não é indicada?

Há alguns casos em que a terapêutica hormonal não está indicada, porque os riscos superam os benefícios, tais como:

  • mulheres com cancro da mama ou outros tumores estrogeniodependentes;
  • existência de doenças cardiovasculares;
  • risco de tromboembolismo venoso.

Afrontamentos

Podem ser usados, por exemplo, antidepressivos, antiepiléticos, clonidina ou oxibutinina.

Atrofia vulvovaginal

São recomendadas soluções hidratantes e lubrificantes.

Suplementos alimentares

Nalguns casos, a par do tratamento farmacológico, são recomendados suplementos alimentares, por exemplo, com ómega-3 ou vitamina E e fitoestrogénios, apesar de existir evidência limitada sobre a sua eficácia.

9 dicas para minimizar os sintomas da menopausa

  1. Para enfrentar calores e afrontamentos, vista-se por camadas, de forma a poder ir tirando peça a peça. Evite tecidos sintéticos e roupas apertadas.
  2. Se sente stresse, ansiedade, irritabilidade e dificuldade em dormir, dedique-se a atividades relaxantes, como ioga, tai chi ou mindfulness.
  3. Realize tarefas que ajudem a estimular a memória e a concentração, como palavras cruzadas, sopas de letras ou puzzles. Se a falta de memória começar a interferir nas suas atividades diárias, é aconselhável conversar com o seu médico.
  4. Pratique exercício físico. A atividade física promove a saúde mental e a sensação de bem-estar, ajudando no combate às alterações de humor e à ansiedade. Contribui ainda para manter o peso e diminui o risco de doenças cardiovasculares e de fraturas devido a osteoporose.
  5. Siga uma dieta saudável. Para um melhor controlo dos afrontamentos e do peso, fique longe do açúcar e evite alimentos muito processados e ricos em gordura, bem como os muito condimentados e com cafeína. Modere também a ingestão de sal e proteínas e reforce a ingestão de alimentos ricos em cálcio e vitamina D, que ajudam a preservar os ossos.
  6. Evite o consumo de refeições muito pesadas e picantes à noite, pois podem potenciar os afrontamentos e os distúrbios de sono. O mesmo acontece com as bebidas alcoólicas e as que incluem cafeína.
  7. Reduza o desconforto vaginal recorrendo a hidratantes e lubrificantes vaginais, tais como lubrificantes à base de água, cremes, géis, entre outros. Aconselhe-se com o seu médico ou farmacêutico.
  8. Durma num ambiente calmo. Para ter um sono descansado, evite usar dispositivos eletrónicos antes de se deitar e procure um ambiente silencioso. Com o quarto ventilado e a uma temperatura amena, diminui a probabilidade de suores noturnos.
  9. Deixe de fumar. O tabagismo é um dos fatores que surgem associados à menopausa precoce. Além disso, as mulheres fumadoras têm risco agravado de outros efeitos da menopausa, como por exemplo problemas cardiovasculares e osteoporose.

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