5 mitos sobre a andropausa
Ao atingirem o fim dos 40 ou 50 anos, alguns homens desenvolvem sintomas como depressão, perda de líbido ou disfunção erétil. A andropausa é complexa e vai muito além das hormonas.
A "menopausa masculina", também designada andropausa, é um termo pouco útil por vezes utilizado nos media. É enganador, porque sugere que os seus sintomas resultam de uma queda súbita da testosterona na meia-idade, semelhante ao que ocorre na menopausa feminina, e isto não é verdade.
Embora os níveis de testosterona diminuam à medida que os homens envelhecem, o declínio é constante, de cerca de 1% por ano, a começar entre os 30 e os 40 anos, e é pouco provável que esta redução, só por si, cause problemas. Uma deficiência de testosterona, que se desenvolve mais tarde na vida – também conhecida como hipogonadismo tardio (LOH, do inglês low onset hypogonadism) –, pode por vezes ser responsável por estes sintomas. Mas, em muitos casos, estes não têm nada que ver com hormonas.
Cinco mitos sobre a andropausa
São mais os fantasmas que assombram os homens com a andropausa do que a realidade.
- Todos os homens têm de fazer terapia com testosterona. Não. A utilização de terapia com testosterona só está indicada para situações muito específicas. Não se recomenda a terapêutica hormonal se não existirem sinais clínicos de défice de testosterona, devido aos inúmeros riscos a que o indivíduo poderá estar sujeito.
- A andropausa traz infertilidade. A perda de 1% da testosterona total no sangue a partir dos 30 anos não torna o homem infértil.
- Adeus, desejo. A perda de testosterona, por si, não implica a perda de libido e a disfunção erétil. Fatores psicológicos e físicos, como tabagismo e problemas cardíacos, são causas possíveis.
- A andropausa é inevitável. A crise de meia-idade desencadeia alterações importantes, mas nem todos os homens passam pela andropausa.
- É uma doença que requer cuidados de saúde. É antes uma condição, suscetível de melhorar com alterações no estilo de vida.
Andropausa não é uma doença
Trata-se de um tema complexo e controverso, que polariza as opiniões dos especialistas, perante o mesmo conjunto de provas científicas, entre a promoção ou a crítica ao seu diagnóstico e tratamento.
Se alguns investigadores defendem que a andropausa é um problema médico comum a todos os homens em determinada fase das suas vidas – e, logo, uma doença que requer atenção e cuidados médicos –, outros defendem que é, antes, algo de natural e pessoal, que varia bastante de indivíduo para indivíduo e pela forma como este encara a passagem do tempo. Existe consenso entre endocrinologistas, urologistas e andrologistas quanto ao facto de uma diminuição da testosterona não corresponder necessariamente a uma situação patológica em homens de meia‑idade ou idosos.
Segundo a evidência científica, a testosterona não diminui abruptamente em determinado momento da vida, como acontece com as hormonas envolvidas na menopausa, cuja chegada determina o fim da vida reprodutiva da mulher, com consequências significativas em todo o seu organismo e na sua saúde.
Esta diferença entre os sexos não implica, porém, que a produção da hormona masculina se mantenha estável com o avançar dos anos. Além da sabedoria da experiência, a maturidade traz mesmo consigo uma redução nos níveis de testosterona. Porém, esta redução acontece lenta e progressivamente ao longo da vida, e não de um momento para o outro, como, por vezes, a mediatização da andropausa sugere.
Um dado importante é o facto de a diminuição da testosterona total sérica no sangue não ser radical, ou seja, nunca deixa de existir no corpo humano. Daí a andropausa não intervir na capacidade reprodutiva masculina, ao contrário do que sucede com a menopausa.
Testosterona diminui 1% ao ano
A testosterona diminui a um ritmo de cerca de 1% ao ano a partir dos 30 anos. Significa isto que, aos 70, os homens perderam cerca de um terço da testosterona que circulava no seu sangue pelos 30 anos. Porém, a redução da testosterona relacionada com a idade não resulta necessariamente em níveis insuficientes. A maioria dos homens idosos tem níveis normais para a sua idade e não apresenta sinais ou sintomas de hipogonadismo, ou seja, diminuição das principais funções dos testículos. Alguns desenvolvem perda de desejo sexual e disfunção erétil, depressão e outros sintomas físicos e emocionais quando atingem os 50 anos, podendo agravar-se com o envelhecimento. No entanto, estes sintomas não são específicos de uma diminuição da testosterona ou da andropausa. Podem ser causados ou intensificados apenas pelo envelhecimento, por alguns medicamentos e doenças, como depressão, obesidade, doenças cardiovasculares e pulmonares obstrutivas crónicas, e apenas fragilidade, e também por mudanças sociais.
Quando verificar níveis de testosterona no sangue?
A questão das análises hormonais para verificar os níveis de testosterona no sangue não é simples e apresenta-se refém de informação enganadora. Esta verificação apenas faz sentido numa perspetiva complementar, que inclua sintomas e sinais clínicos associados ao défice de testosterona.
No que diz respeito à terapêutica com testosterona, a informação disponível é pouco clara e transparente, dado que, pura e simplesmente, a evidência científica aponta para uma realidade desconhecida do público em geral: os sintomas de falta de testosterona são bastante limitados e variam de indivíduo para indivíduo. Estes dados contradizem a informação amplamente difundida na internet.
Agora, as boas notícias. Apesar da desinformação, é possível encontrar ajuda para lidar com os problemas que surgem com o avançar dos anos, provocados ou não por uma crise de meia-idade. Para o conseguir, numa época em que as questões ligadas à sexualidade, tanto masculina como feminina, são cada vez menos um tabu, é fundamental uma discussão aberta sobre os fatores psicológicos, sociais e culturais que envolvem esta fase da vida e tratar, antes de mais, as comorbilidades.
Uma questão de estilo
Tudo é bastante mais simples do que a publicidade e a falta de bom aconselhamento podem querer fazer acreditar. E, felizmente, mais seguro e menos dispendioso – basta escolher um estilo de vida saudável.
A aposta deve ser na prevenção e na promoção da saúde global do indivíduo como estratégias eficazes para melhorar muitos dos sintomas associados à andropausa, o que pode, inclusive, aumentar os níveis de testosterona no sangue. Em vez de "pílulas milagrosas", os truques passam por controlar o excesso de peso, evitar o consumo de tabaco e álcool, aumentar o exercício físico e tentar aprender a relaxar e a dormir bem. Por sua vez, a utilização de terapêutica com testosterona está associada a inúmeros riscos e pode ter efeitos muito graves. Os próprios doentes, influenciados pelos meios de comunicação social e por vezes com expectativas irrealistas, podem preferir um tratamento medicamentoso, por requerer menor esforço da sua parte e ser mais fácil de cumprir. Mas atenção: os suplementos e a medicina complementar, embora muito publicitados e apreciados, não se baseiam em provas. Os homens não se medem aos palmos, e ainda menos por níveis de testosterona.
Menopausa versus andropausa
A idade avança de maneira bastante diferente entre mulheres e homens.
Menopausa
Para as mulheres, há um momento definido na vida em que ocorre o fim da vida reprodutiva, diagnosticado retrospetivamente como menopausa, após 12 meses de amenorreia.
Ocorre numa idade média de 51 anos, embora fatores genéticos, autoimunes, metabólicos e ambientais possam resultar numa menopausa precoce (40 a 45 anos) ou prematura.
As mulheres são únicas entre os mamíferos por terem uma longa fase pós-reprodutiva nas suas vidas, partilhando-a apenas com algumas espécies de baleias e de elefantes.
Andropausa
É completamente diferente. Não há uma mudança abrupta na produção hormonal, mas um declínio fisiológico, lento, contínuo e muito variável da testosterona e dos seus derivados, após o aumento dramático na puberdade.
A testosterona diminui com o avançar da idade a um ritmo de cerca de 1% por ano a partir da terceira década. Os homens na casa dos 70 anos perderam cerca de um terço da testosterona que circulava nos seus 30 anos. Não é um problema de saúde, porque não resulta necessariamente em níveis insuficientes de testosterona.
A maioria dos homens idosos tem níveis de testosterona normais para a idade e não apresenta sinais ou sintomas de hipogonadismo, ou seja, uma diminuição das principais funções dos testículos.
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