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Perfumes e brumas íntimas: quais os riscos?

São cada vez mais os exemplos de perfumes e brumas íntimas à venda no mercado. Mas a utilização destes produtos, que prometem eliminar os odores naturais da região genital, tem riscos associados. Conheça-os.

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22 janeiro 2025
Plano aproximado da zona do tronco e anca de uma mulher em lingerie, que segura um ramo de orquídias brancas

iStock

Desenvolvidos para serem aplicados na região genital, com a promessa de oferecerem uma sensação de frescura e odor agradável, os perfumes íntimos, na forma de spray, aerossóis ou brumas, podem, na verdade, ter riscos para a saúde ginecológica, nomeadamente um impacto negativo na flora vaginal e na pele da zona genital. 

Explicamos os riscos da utilização destes produtos e como prevenir infeções vaginais.

Riscos da utilização de perfumes íntimos

Por ser uma zona delicada e vulnerável a irritações, reações alérgicas e infeções, há vários riscos associados à utilização de perfumes íntimos na zona da vulva.

Irritação e alergias

pele da vulva é sensível e, por isso, as fragrâncias e conservantes presentes nos perfumes íntimos podem causar irritações, vermelhidão, prurido e até dermatites de contacto alérgicas, nos casos mais graves. 

Infeções vaginais

A utilização contínua de perfumes íntimos pode enfraquecer a barreira natural da pele e alterar a flora vaginal, o que, por sua vez, facilita o desenvolvimento de infeções como candidíase vaginal, vaginose bacteriana e até infeções urinárias recorrentes. Por deixarem a pele da região genital húmida, estes perfumes podem também promover o desenvolvimento de fungos e bactérias. 

Há vários tipos de bactérias que residem de forma natural na vagina. É o caso das bactérias do tipo lactobacilos, que mantêm a acidez normal da vagina e a ajudam a manter-se saudável, prevenindo o crescimento de certas bactérias que causam infeções. A utilização de produtos inadequados é um dos fatores que podem, por isso, contribuir para o desequilíbrio da flora vaginal e do número destas bactérias, o que, por sua vez, pode causar infeções como a vaginose bacteriana, uma alteração no equilíbrio do microbioma vaginal.

Cerca de 50% das mulheres com vaginose bacteriana não têm sintomas. O sintoma mais frequente é um corrimento branco-acinzentado, fino e homogéneo que reveste as paredes da vagina, provocando um com odor intenso (semelhante a peixe), não irritativo. O diagnóstico é feito por um médico, com base nos sinais e sintomas, e pode ser apoiado por testes laboratoriais. Já o tratamento depende da causa e pode implicar a toma de antibióticos como metronidazol ou clindamicina.

Atraso na deteção de problemas na zona genital

A vagina produz, de forma natural, secreções que ajudam a eliminar as bactérias e a manter o equilíbrio saudável da flora vaginal. É este processo que garante que a região íntima permanece saudável e limpa sem a necessidade de produtos.

Os odores na zona íntima são normais e variam de pessoa para pessoa, podendo ser influenciados por fatores como dieta, nível de atividade física e ciclo menstrual. Já a presença de um odor intenso e desagradável pode ser sinal de que existe uma infeção. Ao mascarar estes odores, o uso de perfumes íntimos pode atrasar a ida ao ginecologista. 

Como fazer uma higiene adequada e prevenir infeções

A vulva, a região púbica, a região perianal e a raiz das coxas devem ser higienizadas com água corrente e com produtos de higiene suaves. Esta é a melhor forma de prevenir o desenvolvimento de infeções vaginais.

Os perfumes, talcos ou lenços humedecidos (toalhitas) devem ser evitados. Prefira sempre um sabonete suave ou um gel de banho suave, à base de detergentes/tensioativos sintéticos, preferencialmente sem perfume. O sabonete e o gel devem ser bem enxaguados e a introdução de água ou de outros produtos no interior da vagina (lavagens vaginais) deve ser evitada.

Por fim, a zona genital deve ser cuidadosamente seca, de frente para trás, com toalhas secas e limpas que não agridam a região, para evitar a propagação de bactérias do ânus para a vagina.

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