Meu querido SNS
A revolução tem de começar pelas bases, e essas são os cuidados de saúde primários, porque esses, sim, resolvem muitos dos problemas de saúde.

O serviço nacional de saúde (SNS) parece estar a desmoronar-se a cada dia. São as urgências fechadas, o tempo de espera sem fim por consultas, a falta de médicos de família... Basta estar atento às notícias para ficar em aflição. E se me acontecesse a mim? E se fosse aos meus?
Há milhares de pessoas a quem acontece mesmo. Há quem sinta na pele a urgência de uma pulseira amarela durante 14 ou 20 horas, a pensar no que lhe poderá acontecer. Há quem durma na fila do centro de saúde para garantir uma consulta do dia e nem sempre lá chega. E há a mortalidade infantil a subir.
A grande decisão política visível para resolver os problemas foi multiplicar as linhas telefónicas do SNS 24. São úteis, mas não resolvem. A revolução tem de começar pelas bases, e essas são os cuidados de saúde primários, porque esses, sim, resolvem muitos dos problemas de saúde. E são esses que podem atuar na prevenção, assim haja recursos humanos e materiais.
O inquérito da DECO PROteste mostra que os utentes estão satisfeitos com o médico de família. Mas 16% dos portugueses não o têm. A grande prioridade tem de ser a atribuição de uma equipa de saúde a mais utentes. Também é preciso criar mecanismos que facilitem o acesso a quem não tem esse privilégio. A articulação entre serviços e o trabalho dos profissionais em verdadeira equipa, independentemente do nível de cuidados, é crucial para que o doente não se perca na teia do sistema. E é preciso apostar na prevenção.
A teoria é sabida. Mas, a cada Governo, a rota muda e nunca saberemos se a anterior levaria a bom porto. É preciso um pacto de regime que garanta continuidade, que ponha o utente em primeiro lugar. Pela saúde do País.
Sabia que...?
52% das consultas não urgentes com o médico de família demoraram, pelo menos, um mês até se concretizarem, segundo o estudo de 2024 da DECO PROteste. No início do milénio, o mesmo acontecia em apenas 22% dos casos.
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