Sapatilhas de corrida: como testamos

A DECO PROteste submeteu sapatilhas de corrida para iniciantes que correm algumas vezes por semana a várias provas em laboratório. Além disso, todos os modelos são avaliados por praticantes habituais desta modalidade.

Quais os modelos analisados?

Os modelos selecionados destinam-se a ser usados em superfícies planas e firmes, como asfalto ou calçada, e são neutros, ou seja, para pessoas com uma rotação neutra do calcanhar e tornozelo, largura de pé e amortecimento padrão, segundo o fabricante. Foram analisados exemplares para homem e mulher, quando as marcas os diferenciam. Basicamente, os para homem são mais largos e, por isso, um pouco mais pesados. De resto, são em tudo iguais.

Foram excluídos modelos para atletas de alta competição e com solas adaptadas a trilhos de montanha (trail), por exemplo.

Laboratório não poupou as sapatilhas

As sapatilhas foram analisadas sob todos os ângulos – peso, medição da altura do drop (diferença de altura entre o calcanhar e a parte frontal do pé), entre outros – e submetidas a vários testes em laboratório. Além de analisarem o conforto, estabilidade e capacidade de absorção do impacto a cada passada, os peritos submeteram cada modelo em teste a duras provas de resistência ao desgaste.  

Testes biomecânicos

A DECO PROteste reuniu um grupo de 32 praticantes habituais de corrida (16 homens e 16 mulheres) sem excesso de peso. Foi-lhes pedido para completarem voltas numa pista de corrida com cada um dos modelos em teste. Os utilizadores estavam equipados com um sensor na parte inferior das costas (Runeasi).

Esta prova permitiu recolher dados sobre vários fatores biomecânicos importantes em sapatilhas de corrida para amadores.

• Estabilidade dinâmica. Este teste fornece informações sobre o esforço exercido com oscilações laterais da bacia, as quais afetam a corrida para a frente. Quanto mais energia os corredores perdem, maior a tensão corporal. 
• Capacidade de absorção do impacto vertical. Mediu-se a intensidade do impacto das passadas e a velocidade com que esse impacto passa do pé para a bacia. Quanto maior o impacto vertical e a rapidez com que este atinge os quadris, maior a tensão corporal dos praticantes e o risco de lesões ao nível dos músculos, dos tendões e das articulações.  
• Travagem. Este teste revela se a configuração dos sapatos prejudica a fluidez e velocidade das passadas. Sapatos mal concebidos podem afetar o desempenho do desportista.

Testes de desgaste

Todas as sapatilhas foram ainda submetidas a provas exigentes de durabilidade, para avaliar a sua resistência ao desgaste.

• Resistência da sola à abrasão. Para verificar a resistência da sola, esta foi medida antes e depois das provas dos participantes na pista.
• Resistência da colagem ou das costuras que ligam a parte superior do calçado à sola. Com um dinamómetro, mediu-se a força necessária para rasgar ou descolar o calçado.
• Resistência da sola à flexão. Um aparelho dobrou 30 mil vezes cada modelo em teste para verificar se há risco de o calçado se rasgar ou descolar na parte frontal, na zona de flexão dos pés.
• Absorção do impacto. Um robô comprimiu o apoio do calcanhar de cada sapato 100 mil vezes, o que equivale a cerca de 200 quilómetros percorridos. Este parâmetro revela se a absorção do impacto ao nível do calcanhar é mantida após um uso prolongado. 
• Resistência aos rasgões ou descolagem. Usando um dinamómetro, mediu-se a força necessária para rasgar ou descolar o tecido dos sapatos.

Teste de utilização

De nada servem sapatilhas de corrida muito resistentes se, depois, não agradarem a quem as vai utilizar. Por esse motivo, todos os modelos foram testados por 32 pessoas (16 homens e 16 mulheres) que têm o hábito de correr. Avaliaram, numa escala de 1 a 10, o conforto e a estabilidade de todos os modelos em teste após várias voltas a uma pista de corrida.