Tosse convulsa: quais os sintomas e como tratar?
A tosse convulsa é uma doença infecciosa aguda que compromete o aparelho respiratório, sobretudo a traqueia e os brônquios. Em Portugal, os casos têm aumentado em idade pediátrica. Conheça os sintomas e saiba o que fazer para prevenir e tratar a tosse convulsa.

Também denominada tosse coqueluche ou pertússis, a tosse convulsa é uma doença infecciosa aguda, causada pela bactéria Bordetella pertussis. Compromete o aparelho respiratório, principalmente a traqueia e os brônquios.
É uma doença endémica na União Europeia e em todo o mundo, com picos a cada três a cinco anos.
Em Portugal, registou-se um aumento do número de novos casos de tosse convulsa. Só nos primeiros quatro meses de 2024 foram notificados 200 casos, bastante mais do que a totalidade dos casos em 2023 (22 casos) e do último ano antes da pandemia (66 casos em 2019).
A maioria dos casos confirmados no primeiro quadrimestre ocorreu em idade pediátrica (86%), sobretudo nas crianças entre os 10 e os 13 anos (21%) e com idade inferior a 1 ano (20 por cento).
Destes valores, 22% dos casos pediátricos ocorreram em crianças sem evidência de vacinação ou com esquema vacinal incompleto, e oito casos (5%) em lactentes abaixo da idade de vacinação. O internamento ocorre, na maioria, nos casos com idade inferior a um ano (74 por cento).
Sintomas de tosse convulsa
O quadro clínico da tosse convulsa caracteriza-se por três fases:
- fase catarral (de uma a duas semanas) – neste período ocorre inflamação e corrimento nasal, tosse não produtiva e febre baixa, com sintomas do trato respiratório alto;
- fase paroxística (de duas a seis semanas) – durante esta fase, há um agravamento da tosse com momentos de intensidade, que podem ser acompanhados de cianose (coloração azulada da pele e dos lábios) e inchaço da língua. Tipicamente, existe um ruído inspiratório (guincho) e a tosse pode provocar o vómito. A tosse é mais frequente no período noturno e agrava-se com o choro ou com a deglutição. O exame físico é geralmente normal;
- fase de convalescença (de duas a seis semanas) – nesta fase há uma diminuição progressiva da intensidade e da frequência da tosse. O ruído inspiratório e os vómitos desaparecem. A fase de convalescença pode prolongar-se durante meses, com episódios recorrentes de tosse, desencadeados por infeções respiratórias virais.
Também podem ocorrer formas atípicas de doença em recém-nascidos e lactentes, em que a fase catarral é muito curta ou mesmo ausente, não há guincho inspiratório, apneia e dificuldade respiratória; ou em crianças vacinadas, adolescentes e jovens adultos, em que a sintomatologia é menos pronunciada, podendo manifestar-se como tosse persistente.
Complicações da doença
Em situações mais complicadas, a tosse convulsa pode dar origem a pneumonia, infeção do ouvido médio, perda de apetite, desidratação, convulsões, perturbações cerebrais, hérnias, fraturas de costelas, prolapso retal e episódios de paragem respiratória. Os casos mais graves podem mesmo levar à morte, mais comum em crianças pequenas, que morrem de pneumonia ou devido à falta de oxigénio no cérebro.
Como se transmite a tosse convulsa?
A tosse convulsa transmite-se de pessoa para pessoa, através de gotículas de saliva expelidas pelo espirro ou tosse. Também pode ser transmitida pelo contacto com objetos contaminados com secreções do doente. O período de contágio é mais intenso na primeira semana.
Esta doença pode mesmo ser transmitida por alguém que tenha apenas uma forma ligeira de tosse convulsa ou por quem seja assintomático. O período de incubação é de 7 a 10 dias, podendo variar de 5 a 21 dias.
Apesar de poder ocorrer em qualquer idade, os grupos etários mais frequentemente diagnosticados com tosse convulsa são os bebés com menos de um ano e os adolescentes entre os 10 e os 20 anos de idade. No entanto, um número crescente de adultos está a ser diagnosticado com tosse convulsa.
Por norma, todas as pessoas que não tenham cumprido o seu esquema de vacinação correm o risco de contrair a doença. Além disso, a imunização não se prolonga no tempo, pelo que é possível ter tosse convulsa mais do que uma vez na vida.
Prevenir a tosse convulsa
A vacinação é a medida preventiva mais importante, que reduziu drasticamente a incidência da doença. No Programa Nacional de Vacinação (PNV) está contemplada a administração de cinco doses da vacina pertussis acelular (DTPa) contra difteria, tétano e tosse convulsa, segundo o esquema de vacinação: dois, quatro, seis e 18 meses e cinco anos.
Esta vacina é dada apenas aos dois meses nos bebés. Para evitar este período sem imunidade, as grávidas são vacinadas para poderem transmitir a imunidade aos filhos, deixando-os protegidos entre o nascimento e a administração da primeira dose.
Vacinação das grávidas
As mulheres grávidas são vacinadas, em cada gravidez, com uma dose única contra a tosse convulsa da vacina DTPa. No caso das gestantes, a vacina deve ser administrada entre as 20 e as 36 semanas de gestação, idealmente após a ecografia morfológica (recomendada entre as 20 e as 22 semanas) e antes das 32 semanas.
A vacina não poderá originar tosse convulsa, uma vez que não contém quaisquer bactérias vivas.
Diagnóstico e tratamento
O diagnóstico da tosse convulsa faz-se, maioritariamente, por observação clínica. No entanto, podem ser realizados exames laboratoriais para pesquisa da bactéria, pelo que, na presença de sintomas, deve consultar um médico.
Após colheita de secreções para pesquisa da bactéria, sempre que se suspeite de tosse convulsa, o tratamento recomendado é a toma de antibiótico. Este tratamento é eficaz para prevenir a doença na fase de incubação, uma vez que elimina a Bordetella pertussis da nasofaringe, limitando o contágio. Na fase catarral, a terapêutica com antibiótico diminui ou elimina os sintomas. Na fase paroxística, não altera o estado clínico.
Gostou deste conteúdo? Junte-se à nossa missão!
Subscreva já e faça parte da mudança. Saber é poder!
O conteúdo deste artigo pode ser reproduzido para fins não-comerciais com o consentimento expresso da DECO PROTeste, com indicação da fonte e ligação para esta página. Ver Termos e Condições. |