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O que é e como tratar a rinite alérgica

A rinite alérgica é uma doença bastante comum, mas que nem sempre é diagnosticada com rapidez. Pode dar origem a problemas mais graves, como asma, sinusite e pólipos nasais. Saiba o que é e quais são os tratamentos disponíveis para a rinite alérgica.

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04 abril 2025
Mulher a assoar-se junto a uma árvore em flor

iStock

A rinite alérgica caracteriza-se por uma reação inflamatória da mucosa nasal. Na origem da doença está a exposição a estímulos como pólenes, fungos, ácaros da poeira doméstica ou pelo de animais. Face a estes alergénios, o sistema imunológico reage, provocando inflamação.

Ao contactar com esses alergénios, pode ter espirros, nariz entupido, comichão no nariz ou na garganta, corrimento ou pingo no nariz e/ou os olhos inflamados e lacrimejantes.  

Muitos doentes convivem com a rinite alérgica durante vários anos, sem a tratarem, confundindo os seus sintomas com os de uma simples constipação.

Na Europa, a rinite alérgica afeta entre 17% e 28,5% dos adultos. Em Portugal, a sua prevalência é de 21,5% a 24% nas crianças, 27% nos adolescentes, 26,1% nos adultos e 29,8% nos idosos. A maioria dos doentes portugueses reporta sintomas, pelo menos, de gravidade moderada. Esta condição pode afetar a qualidade de vida, interferindo no sono, no trabalho e no desempenho escolar.

Rinite intermitente ou persistente

A rinite alérgica pode ser classificada como sazonal ou perene segundo as características temporais da doença e a exposição ao alergénio. No entanto, esta classificação nem sempre é aplicável. Por isso, o grupo de trabalho internacional ARIA (Allergic Rhinitis and Its Impact on Asthma), que visa orientar o tratamento e o diagnóstico da rinite alérgica e da asma, propôs uma nova classificação baseada na duração e gravidade dos sintomas.

  • A rinite é intermitente se os sintomas estiverem presentes menos de quatro dias por semana ou por menos de quatro semanas, e persistente se durarem quatro ou mais dias por semana e por um período igual ou superior a quatro semanas;
  • Na rinite alérgica leve, os sintomas não interferem na qualidade de vida e nas atividades diárias. Na moderada a grave, os sintomas são incómodos ou afetam a qualidade de vida.

A rinite pode estar presente de forma persistente, quando a pessoa se encontra exposta de forma continuada e diária ao(s) alergénio(s), como ácaros ou pelos de animais, ou manifestar-se apenas em algumas épocas do ano. Neste caso, normalmente os alergénios causadores são os pólenes e alguns fungos, e os sintomas surgem de forma intermitente. A duração e a intensidade dos sintomas dependem dos ciclos de polinização específicos e sofrem variações regionais que podem ser importantes.

Em Portugal, de janeiro a maio, são geralmente as árvores, como o pinheiro, a oliveira e o ulmeiro, que dispersam pólen. Entre maio e fins de junho, as gramíneas são responsáveis pelas maiores concentrações de pólen no ar.

O calendário polínico, disponível no site da Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica, é uma ajuda preciosa para saber quando são libertados diversos tipos de pólenes e em que zonas do País as concentrações são mais elevadas.

Também as condições meteorológicas têm um papel decisivo. A contagem de pólen tende a ser mais alta em dias secos, ensolarados e ventosos. Pelo contrário, a chuva e o frio impedem a dispersão do pólen. Junto ao mar, a concentração dos pólenes no ar é menor do que no interior do País.

Diagnóstico e tratamento para a rinite

O diagnóstico baseia-se na história clínica e num exame médico. Além da história de alergias na família, o médico faz uma avaliação em função dos sintomas:

  • espirros, sobretudo de manhã e à noite;
  • corrimento nasal transparente, que, ao descer para a garganta, provoca tosse, comichão no nariz e nos olhos;
  • nariz entupido (congestão nasal).

Se necessário, sobretudo em casos não controlados ou com sintomas de longa duração, podem ser realizados testes sanguíneos ou cutâneos. Através das análises ao sangue, é possível quantificar a imunoglobulina E, um tipo de anticorpos produzidos pelo sistema imunitário, quando se desencadeia uma reação alérgica, e detetar a alergia. Com os testes cutâneos, realizados por médicos especialistas, conseguem identificar-se as substâncias responsáveis (pólenes ou ácaros, por exemplo).

Se já sabe a que é alérgico, o primeiro passo para evitar as crises é tentar reduzir o contacto com a substância (alergénio) a que é sensível. Limpar regularmente a sua casa, evitar que os animais entrem nos quartos e não fumar em casa são algumas das medidas a tomar. Quando não são suficientes, pode recorrer também à medicação prescrita pelo médico. Anti-histamínicos, para tomar oralmente ou aplicar no nariz, aliviam sobretudo os espirros, a comichão e o corrimento nasal. Os corticoides intranasais permitem um controlo da inflamação, sendo particularmente eficazes na congestão nasal.

Para casos mais graves e não controláveis com as medidas farmacológicas descritas, muitas vezes recorre-se à imunoterapia ou dessensibilização. Esta vacina antialérgica visa habituar o sistema imunitário, de forma progressiva e controlada, através da exposição regular a quantidades crescentes de um alergénio específico a que o doente seja sensível. Atualmente, na prática clínica, a imunoterapia pode ser administrada por via subcutânea (injetável) ou sublingual (por baixo da língua).

Casa sem alergénios

A rinite alérgica é desencadeada quando o doente entra em contacto com a substância a que é sensível (por exemplo, pólen, bolores, ácaros, pó ou fumo de tabaco). Para muitas pessoas, devido à carga de pólenes no ar, a chegada da primavera é sinónimo de espirros constantes e nariz a pingar.

Por isso, a rinite alérgica é, muitas vezes, confundida com uma simples constipação. Se costuma sofrer de rinite ou tem alguém em casa com este problema, é possível reduzir a exposição aos alergénios com algumas medidas.

Veja os cuidados a ter na escolha dos materiais e limpeza do lar. 

Sala de estar
Chão Prefira superfícies laváveis. Se tiver alcatifa, convém aspirá-la várias vezes por semana, insistindo nos cantos. Use um aspirador com filtros HEPA, de preferência. Mude o saco antes de encher.
Cortinados Lave-os regularmente, pois acumulam pó.
Carpetes Sacuda ou lave regularmente as carpetes para remover pó, ácaros, pólenes e bolores.
Móveis Mantenha a mobília sem pó. É preferível usar panos húmidos. Elimine os objetos que atraem o pó, como bibelôs, peluches e revistas, ou guarde-os numa caixa.
Janelas Se for alérgico aos pólenes, mantenha as janelas fechadas durante a manhã. É nessa altura do dia que o ar está mais carregado dessas partículas. Se for alérgico aos ácaros, ventile bem a casa, de preferência com alguma exposição solar. Limpe regularmente os caixilhos e os parapeitos das janelas para evitar a formação de bolor.
Quarto
Móveis Não acumule bonecos de peluche e livros no quarto.
Guarda-roupa Mantenha a porta do guarda-roupa fechada. Se a roupa ficar guardada algum tempo, areje-a ou lave-a antes de voltar a usá-la.
Roupa da cama Lave os lençóis, as mantas e as fronhas das almofadas em água morna todas as semanas. Não os deixe na máquina de lavar molhados e seque-os completamente, para evitar a formação de bolores. Se for alérgico aos ácaros, cubra os colchões e as almofadas com capas antiácaros laváveis. Ao higienizar o colchão, certifique-se de que o aspira de ambos os lados.
Animais Mantenha o animal afastado de tapetes, cortinas e móveis estofados, como sofás ou cadeiras.  Evite a sua permanência nos quartos.
Cortinados Lave-os regularmente, pois acumulam pó.
Chão Prefira superfícies laváveis. Se tiver alcatifa, convém aspirá-la uma ou duas vezes por semana, insistindo nos cantos. Use um aspirador com filtros HEPA, de preferência. Mude o saco antes de encher.
Casa de banho
Azulejos Depois de tomar banho, seque os azulejos e as fissuras junto à banheira com uma esponja.
Ventilação Deixe arejar a casa de banho, para eliminar a humidade, propícia ao desenvolvimento de bolores.
Banheira Limpe a banheira e os azulejos com um detergente ou desinfetante que elimine os bolores.
Cortinas Se tiver cortinas de plástico no chuveiro, lave-as regularmente.

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