Alergia a medicamentos: conheça os sintomas e o tratamento
As reações alérgicas a medicamentos ocorrem, sobretudo, na toma de antibióticos como a penicilina ou análogos. Conheça os sintomas e saiba como reagir.
- Especialista
- Ana Ventura
- Editor
- Sofia Frazoa e Alda Mota

As reações de hipersensibilidade a medicamentos (RHM) traduzem-se numa reação adversa inesperada depois de tomar um medicamento prescrito, na dose correta, para uma determinada doença. Nem sempre é possível, de imediato, distinguir uma alergia de outra reação adversa medicamentosa (RAM), como dores de estômago, sonolência e falta de apetite. Seja como for, qualquer reação adversa a medicamentos deve ser reportada ao Infarmed através do portal RAM.
As alergias a medicamentos, tal como as restantes alergias, ocorrem devido a uma reação imunológica exagerada, depois de contactar com o alergénio. A alergia a um medicamento não tem de acontecer na primeira vez em que o toma. Pode ocorrer depois de várias tomas em que não houve qualquer reação. Além disso, a reação pode ser desencadeada por uma pequena dose de fármaco, mesmo que seja menor do que a dose aprovada para uma determinada doença.
O risco de desenvolver alergias aumenta com a idade. Além da tendência genética e hereditária, a alergia a medicamentos é mais frequente nas mulheres. A existência de outras alergias ou certas doenças infeciosas, como o VIH ou a mononucleose infeciosa (conhecida como doença do beijo), também aumenta a predisposição para as alergias aos medicamentos.
Reações alérgicas aos medicamentos: sintomas e culpados
As reações alérgicas a medicamentos podem acontecer em todos os fármacos, mas são mais comuns em antibióticos como a penicilina e os seus derivados, anestésicos gerais, contrastes usados para exames como TAC, anti-inflamatórios não esteroides (AINEs), entre outros.
Se uma pessoa for alérgica a determinado princípio ativo, como, por exemplo, a um AINE, este apresentará reação alérgica sempre que o corpo entre em contacto com o princípio ativo, independentemente de ser administrado por via oral (comprimidos ou xaropes, por exemplo), por via endovenosa, em gotas oculares ou em creme de aplicação tópica.
Alergia cruzada
Também com os medicamentos pode dar-se uma alergia cruzada. O mesmo tipo de alergia pode surgir quando se tomam outros medicamentos com uma composição química semelhante à do medicamento que provocou a reação. Se tiver uma alergia à penicilina, por exemplo, tem mais probabilidade de ser alérgico a outros antibióticos do mesmo grupo, como a amoxicilina e a ampicilina.
É de salientar que, além do princípio ativo presente nos medicamentos e que é responsável pela ação farmacológica, os medicamentos são constituídos por outras substâncias necessárias à formulação (excipientes) que também podem ser responsáveis por reações alérgicas.
As alergias a medicamentos podem ter diversas apresentações clínicas e são consideradas imediatas se ocorrerem nas primeiras seis horas após a administração do medicamento ou não imediatas se ocorrerem depois disso.
Os sintomas da alergia a medicamentos são diversos e variam de leves a manifestações mais graves. Incluem vários tipos de alterações.
Na pele: vermelhidão, comichão, inchaço, descamação, aparecimento de bolhas ou aspeto de queimadura;
Respiratórias: falta de ar, rinorreia (pingo no nariz), crise de espirros, crise de asma.
Gastrointestinais: náuseas, vómitos, dor abdominal e diarreia.
Cardiovasculares: diminuição brusca da tensão arterial.
Do ritmo cardíaco ou neurológicas: perda de consciência.
As reações mais graves ocorrem quando dois ou mais sistemas são afetados (anafilaxia), o que pode envolver hipotensão grave (choque anafilático).
Diagnosticar e tratar alergias a medicamentos
Devido à abundância de sintomas associados à alergia a medicamentos, o diagnóstico é particularmente desafiador.
Para descobrir se se trata de uma verdadeira alergia, o médico socorre-se da história clínica do doente. A lista dos medicamentos que tomou recentemente e uma descrição detalhada dos sintomas (início e duração) são informações essenciais. Nalguns casos, como o da alergia à penicilina ou à insulina, pode também recorrer-se aos testes cutâneos.
Depois de identificado, deve-se parar a toma do medicamento responsável pela alergia. Muitas vezes, pode também ser necessário recorrer a medicação com corticosteroides ou anti-histamínicos, para tratar as erupções cutâneas e a urticária, ou com broncodilatadores, para sintomas de asma. Outro tratamento possível é a dessensibilização, que consiste na administração de doses crescentes do medicamento que provoca a alergia, para induzir no organismo uma tolerância ao medicamento.
Cuidados a ter
Comunique sempre ao seu médico qualquer reação adversa a medicamentos e não se esqueça de algumas recomendações.
- Nunca tome medicamentos como antibióticos por iniciativa própria. Leia sempre o folheto informativo, para verificar se o medicamento que vai tomar não contém a substância a que é alérgico.
- Sempre que consultar um médico pela primeira vez, informe-o das suas alergias ou outras reações a medicamentos.
- Para saber se há medicamentos com uma estrutura química semelhante àquela a que é alérgico e evitar alergias cruzadas, esclareça-se junto do seu médico ou farmacêutico.
- Faça uma lista dos produtos a que é alérgico e traga-a sempre consigo na carteira. Se tiver uma alergia grave, em caso de acidente, também pode ser útil utilizar uma pulseira com indicação da substância "perigosa" ou colocar uma etiqueta na sua identificação.
- O sol e os medicamentos não são bons companheiros e podem dar origem a reações fotoalérgicas ou fototóxicas. No primeiro caso, a radiação absorvida pelo medicamento torna-o um alergénio, provocando reações como urticária ou eczema. Já as reações fototóxicas não implicam o sistema imunitário. A pele pode tornar-se mais sensível à luz, por ação do sol e dos medicamentos que são absorvidos pela pele. Por isso, enquanto estiver a tomar um medicamento, reduza a sua exposição à luz solar direta.
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