Dicas

Reduzir o risco de acidente vascular cerebral

O acidente vascular cerebral é uma das principais causas de morte e incapacidade em Portugal. Em 2024, o INEM encaminhou, em média, 22 casos suspeitos de AVC por dia para os hospitais. Aprenda a reduzir os fatores de risco e a reconhecer os sintomas. Saber agir rapidamente pode salvar vidas, minimizar as complicações e favorecer a  recuperação do doente.

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16 outubro 2025
pessoa desmaiada no chão após AVC

iStock

Não fumar, manter o colesterol, a diabetes e a tensão arterial controlados, praticar atividade física regularmente e manter um peso saudável contribuem para a saúde dos vasos sanguíneos e ajudam a reduzir o risco de acidente vascular cerebral (AVC). Metade dos AVCs podem ser prevenidos através do controlo da pressão arterial e deixando de fumar.

O que é um AVC? 

O AVC ocorre quando o fornecimento normal de sangue ao cérebro é interrompido, devido ao bloqueio , o chamado AVC isquémico, ou à rutura de uma artéria, o AVC hemorrágico.

Seja de natureza isquémica, a mais comum, ou hemorrágica, o resultado é o mesmo: uma parte do cérebro deixa de ser devidamente irrigada, o que provoca perda súbida da função neurológica. A pessoa pode, por exemplo, apresentar dificuldade em falar ou ficar paralisada em metade do corpo.

Esta é a doença vascular cerebral mais frequente no mundo: uma em cada 4 a 6 pessoas terá um AVC na vida, apontam as estimativas. 

Em Portugal, o AVC está entre as principais causas de morte da população, sendo também, no conjunto das doenças cardiovasculares, o maior causador de morbilidade e de potenciais anos de vida perdidos. Em 2023, foi responsável por 9177 mortes, ou seja, 7,8% do total de óbitos, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística (INE). Em 2024, o Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) encaminhou 7886 doentes com suspeita de AVC para os hospitais adequados, através da Via Verde do AVC, ou seja, uma média de 22 por dia. Esta linha é ativada através do 112, quando são identificados sinais de alerta.

AVC: que funções são afetadas?

O cérebro controla várias funções corporais, tais como:

  • função motora;
  • equilíbrio;
  • linguagem;
  • visão.

As manifestações de um AVC vão depender da zona do cérebro lesada e da extensão dos danos causados pela falta de irrigação.

Algumas sequelas do AVC podem ser mais ligeiras, outras mais graves, algumas são reversíveis e outras permanentes, mas todas podem afetar a qualidade de vida do doente. As manifestações mais comuns são os distúrbios da função motora, que incluem, por exemplo, fraqueza dos membros de um lado do corpo, problemas de postura e dificuldade em andar. A capacidade de raciocínio, a memória e a linguagem também podem ser afetadas.

Pode também haver alterações do humor e comportamento, como apatia, ansiedade e depressão, e alterações sensoriais, como dor neuropática – por exemplo, a dor central pos-AVC, que resulta dos danos causados no sistema nervoso central.

As terapias de reabilitação são fundamentais para recuperar as funcionalidades afetadas. Segundo o IMEM, 70% das pessoas podem ter uma vida independente com tratamento precoce e reabilitação. Nos casos mais graves, o AVC pode levar à morte ou deixar sequelas, como perda de capacidades e estados de dependência total.

Quem corre maior risco de sofrer um AVC?

Jovens, idosos, homens ou mulheres, qualquer pessoa pode sofrer um AVC. Por isso, é importante identificar os fatores que podem facilitar ou predispor para a sua ocorrência.

Apesar de existirem fatores de risco incontornáveis, como a idade, o sexo e a história familiar ou pessoal, outros há que podem que, mediante controlo e tratamento adequado, podem ser minimizados e ter menos impacto no risco de AVC. Entre estes, destacam-se os seguintes:

  • sedentarismo;
  • hipertensão arterial e fibrilação auricular;
  • tabagismo;
  • colesterol elevado;
  • diabetes;
  • excesso de peso;
  • consumo excessivo de sal e de bebidas alcoólicas;
  • uso de drogas ilícitas.

Seguir uma alimentação saudável, rica em legumes, fruta e cereais, e pobre em sal, açúcares e gorduras saturadas, associada à prática regular de exercício físico, é o ponto de partida para prevenir um AVC. Os fumadores devem procurar ajuda para deixar o tabaco.

Nos casos em que o acidente vascular cerebral resulta de doenças crónicas subjacentes, como a aterosclerose ou as arritmias cardíacas, é essencial um acompanhamento médico regular para diminuir o risco de novos episódios.

Sinais de alerta para AVC

Reconhecer os sintomas e agir rapidamente é essencial. Existem três grandes sinais de alerta que permitem reconhecer um AVC. São vulgarmente conhecidos por “3F” (de face, fala e força):

  • desvio da face (boca ao lado);
  • perda da fala ou dificuldade na fala;
  • falta de força num membro (braço ou perna).

Além destes sintomas, podem ocorrer, subitamente, outras manifestações, como:

  • dormência (sensação de formigueiro) num braço ou numa perna;
  • alterações da marcha ou desequilíbrio; 
  • visão dupla ou perda do campo de visão;
  • confusão mental;
  • dor cabeça intensa e súbita e, em alguns casos, perda de consciência.

Aprenda a detetar os 3 F e ensine a família e os amigos

Na presença de sinais suspeitos de AVC, peça à pessoa para sorrir e para levantar os braços, e tente conversar. Se o sorriso for assimétrico, se só conseguir levantar um braço ou se tiver dificuldade em falar, ligue de imediato para o 112.

Registe a hora, para saber indicar quando o AVC teve início, e mantenha a calma, para responder às perguntas que forem colocadas. Colaborar com os profissionais do Centro de Orientação de Doentes urgentes (CODU) é fundamental para uma triagem e encaminhamento corretos de todas as situações suspeitas de AVC.

Tenha em consideração que o acidente vascular cerebral é sempre uma emergência médica que deve ser atendida o mais rapidamente possível. A evolução e o prognóstico são melhores em doentes que beneficiam de cuidados de saúde adequados nas primeiras horas após o evento. Em regra, quanto menor for o período entre o aparecimento dos primeiros sintomas e o início do tratamento, menor será o risco de mortalidade e de complicações pós-AVC. O tratamento rápido e adequado na fase aguda pode reduzir as taxas de morte e incapacidade em 50 por cento.

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