Black Friday sem black fraude

Chega novembro e, com ele, o entusiasmo da Black Friday. O e-mail enche-se de "últimas oportunidades", as redes sociais fervilham de anúncios e as lojas online prometem o impossível. É o paraíso do consumidor, mas, cada vez mais, também o dos burlões.

Apesar de o Banco de Portugal assegurar que a fraude em pagamentos continua residual, o isco tende a aumentar nesta época do ano, quer pelo elevado volume de compras online, o que cria maior superfície de ataque para os cibercriminosos, quer pelo facto de o consumidor agir de forma mais impulsiva e estar menos atento a burlas. De acordo com análises recentes de empresas de cibersegurança, três em cada quatro mensagens com o tema "Black Friday" são fraudulentas. E especialistas em segurança digital alertam que, só nas primeiras semanas de novembro, o número de novos domínios registados com o termo "blackfriday" duplicou em relação ao ano anterior, muitos criados apenas para enganar consumidores.

Perante este cenário, a prevenção continua a ser o melhor desconto. Desconfiar de preços demasiado baixos, confirmar o endereço do site e evitar clicar em mensagens suspeitas são gestos simples que fazem a diferença. Mas a proteção do consumidor não pode depender só da sua vigilância. Os operadores de mercado têm de adotar uma postura mais ativa, garantindo que as promoções são reais e não fruto de manipulação prévia de preços, como tantas vezes acontece, segundo as análises da DECO PROteste às promoções da Black Friday. Bancos e prestadores de serviços de pagamento devem também reforçar a autenticação forte nos pagamentos e criar sistemas de deteção precoce de transações suspeitas, especialmente em períodos de campanhas maciças. Por sua vez, as plataformas digitais e redes sociais devem assumir maior responsabilidade na verificação e remoção rápida de anúncios fraudulentos, impondo regras de transparência aos anunciantes.

A Black Friday pode ser uma celebração de boas compras, se todos fizerem a sua parte. Uma boa promoção continua a sê-lo cinco minutos depois. Uma burla, nem por isso.