LigaT: serviço de televisão com boa imagem e bom preço, mas cobertura muito limitada

Quase todas as famílias têm um serviço de televisão por subscrição, diz a Anacom. Estamos a falar de um universo de 97,8% no terceiro trimestre do ano que nos deixou. O mercado, segundo os últimos dados divulgados pelo regulador, é dominado pelo duo MEO, com 41,4% da quota, e NOS, com 36,5%, seguido à distância pela Vodafone, com 19,1%, e pela NOWO. Ainda que pratique preços muito competitivos, a cobertura geográfica limitada traduz-se nuns meros 3% do universo de subscritores.

Entretanto, um novo operador chegou ao jogo da concorrência, o LigaT, ainda mais barato, mas também ainda mais circunscrito do que a NOWO. Espera-se, a todo o momento, o arranque da Digi, presente na Roménia, em Espanha e em Itália, que se encontra em fase de testes e que irá recorrer a uma infraestrutura própria de fibra ótica. Para já, sabe-se que os preços praticados na vizinha Espanha são bastante apelativos.

A DECO PROteste analisou o serviço de televisão da LigaT, e encontrou aspetos positivos e vertentes a melhorar. À imagem de elevada qualidade, com boa oferta de canais em alta definição e ao zapping veloz, contrapõem-se questões como a ausência da app do serviço nas plataformas de smartTV da Samsung e da LG, o que condiciona o uso nos televisores dos fabricantes líderes de vendas.

A cobertura geográfica é também limitada. De início apenas nas regiões de Venda do Pinheiro, Malveira, Mafra, Caldas da Rainha e Ericeira, o serviço passou recentemente a abranger as zonas de Alcochete, Montijo, Bombarral e Torres Vedras.

Já o preço, esse, é muito interessante: menos de 5,99 euros mensais pelo pacote com 18 canais televisivos e 7,99 euros ao mês por uma versão com 29 canais. Nenhum exige fidelização. Nos planos combinados, basta somar o valor do pacote de televisão ao do pacote de internet.

App da LigaT ausente de televisores Samsung e LG

Nos serviços de televisão paga, o acesso, sobretudo no aparelho principal da habitação, tende a ocorrer por intermédio de uma caixa descodificadora, disponibilizada pelo operador no momento da subscrição. A LigaT é o único que não dispõe de box. O serviço de televisão é um add-on, ou seja, um programa que pode ser adicionado ao serviço de base, que é a internet por fibra ótica. O novo operador propõe dois planos: o TV Essencial, com 18 canais, e o TV Essencial Plus, com 29 canais.

O Essencial abrange a generalidade da programação nacional: os canais da RTP, da SIC, da TVI e da CNN, a que se junta o Duck TV, com conteúdos infantis. Estão anunciados para breve CMTV, Bola TV e Canal 11. O Essencial Plus, por sua vez, soma a estas opções um pacote com 11 canais internacionais, alguns em alta definição.

A LigaT está acessível por meio do browser da internet, de um leitor multimédia Android TV ou Google TV, de um dispositivo móvel (smartphone ou tablet) ou de um televisor compatível com a app do serviço. Existem diversos leitores multimédia Android TV, como o Chromecast com Google TV 4K/HD e o Xiaomi Mi TV Stick, já testados pela DECO PROteste. Ou seja, quem pretende usar o serviço, mas não tem um televisor com os sistemas operativos Android TV ou Google TV, tem de recorrer a um leitor multimédia que o possua – os preços começam nos 30 euros.

Quanto aos televisores, as plataformas Android TV e Google TV podem ser encontradas em vários modelos da Sony, da Philips, da TCL, da Panasonic e da Xiaomi.

A DECO PROteste sempre defendeu que o acesso ao serviço de televisão não deveria estar dependente do fornecimento de uma box pelo operador. A LigaT só lhe vem dar razão: este dispositivo não é imprescindível para usufruir das funcionalidades do serviço. Com uma app, é possível recriar o uso da caixa descodificadora e, se for possível instalá-la no televisor, ficamos com menos um aparelho, menos um comando remoto, menos consumo energético e menos lixo eletrónico.

No entanto, a LigaT também não faculta app nas plataformas de smartTV dos televisores da Samsung (Tizen) e da LG (WebOS). Os utilizadores que detenham equipamentos destes fabricantes, que dominam o mercado, são obrigados a recorrer a um leitor multimédia Android TV. Significa que a proposta da LigaT, nesta fase, estará mais vocacionada para um público-alvo jovem, que não se importe de usar o smartphone ou o tablet para ver televisão, ou para utilizadores mais à vontade com o recurso a um leitor multimédia.

Interface pobre e agendamento de gravações difícil

A app da LigaT não exige configuração inicial: depois de instalada, está pronta a usar. Minimalista, a estrutura de menus não difere muito, seja o acesso feito por telemóvel ou tablet, leitor multimédia, televisor ou browser. Apesar de bastante mais pobre do que a oferecida pelos serviços dos principais operadores, inclui funcionalidades valorizadas pelos consumidores, como a possibilidade de avançar e recuar sete dias na programação.

Gestão da lista de canais

O serviço permite definir uma lista de canais favoritos, que são destacados no menu inicial, para simplificar o acesso. Não é possível ordenar manualmente os canais, mas também não existem muitos. As opções de consulta da listagem são satisfatórias.

Guia eletrónico de programas e gravações automáticas

O acesso às gravações automáticas e ao guia eletrónico de programas é feito no mesmo menu, o que simplifica o processo. O desenho não está muito bem conseguido, face ao apresentado pelos principais operadores, mas a navegação é simples.

O guia eletrónico de programas permite, tal como nos serviços da MEO, da NOS, da Vodafone e da NOWO, recuar ou avançar sete dias na programação.

Para localizar uma série da qual se conheça o nome ou o canal, basta usar a lupa, que abre uma caixa de pesquisa. Ao inserir os primeiros carateres, surgem correspondências de canais e programas. Está ainda prevista a possibilidade de reproduzir desde o início um conteúdo selecionado no guia eletrónico, útil para programas apanhados a meio.

Agendamento e gestão das gravações

Nos principais serviços, iniciar a gravação de um programa em curso é uma tarefa muito simples; na LigaT, é inexplicavelmente complexa. Por exemplo, se aceder ao separador dos canais favoritos para reproduzir um conteúdo, não consegue depois iniciar a gravação. Mas, fazendo o acesso pelo separador Canal, no instante em que escolhe um conteúdo, surgem as possibilidades de gravar, ver ao vivo ou reproduzir desde o início. Ainda assim, escolhida uma opção de reprodução, deixa de ser possível fazer a gravação. Já o agendamento de gravações via guia eletrónico de programas é muito simples.

Pausar a emissão ao vivo

Trata-se de mais um exemplo de uma funcionalidade simples noutros operadores, que, aqui, tem complicações evidentes. Pausar uma emissão televisiva em direto só ocorre de forma satisfatória quando o acesso se processa via browser. Se for usada a app para telemóvel, um leitor multimédia ou um televisor, a barra de navegação desaparece. Tão-pouco existe forma de avançar um conteúdo em pausa. Aliás, no acesso por televisor, nem sempre é possível pausar a emissão.

Zapping de canais

O zapping da LigaT é bastante mais rápido do que o proposto pelos principais operadores. Nestes, alterna-se o canal e espera-se pela imagem e pelo som. Na ligaT, o zapping permite ir trocando de canal de forma veloz, com a imagem e o som a ficarem imediatamente disponíveis.

Qualidade da imagem e oferta de canais HD e 4K

A imagem agrada bastante, com quase todos os canais de televisão em alta resolução (HD). No pacote TV Essencial Plus, está ainda incluído um canal em resolução ultra-HD (4K): o Funbox UHD. Também disponível noutros operadores, oferece sobretudo conteúdos 4K (documentários, turismo, lifestyle, música, etc.).

Ligação de internet por fibra ótica rápida e estável

A LigaT anuncia internet com velocidades de download e upload simétricas que variam entre 500 Mbps (Wi-Fair) e 10 Gbps (Wi-Fast & Furious). A DECO PROteste verificou ainda a estabilidade da rede. Para o efeito, subscreveu o serviço de televisão com a modalidade Wi-Fair e, durante algumas semanas e em diferentes alturas do dia, efetuou medições, com ligação por cabo de rede e por wi-fi, e a várias distâncias do router. Contudo, as medições ocorreram num único ponto de acesso, pelo que se impõe cautela quanto à extrapolação dos resultados para a experiência da generalidade dos utilizadores.

Na ligação por cabo de rede, foram medidas velocidades de download médias de 505 Mbps, ou seja, alinhadas com o valor teórico máximo, e de 448 Mbps de upload. Os tempos de latência rondaram os 3 milissegundos, o que é, igualmente, um excelente indicador.

Já para a análise do desempenho da rede wi-fi, foram feitas medições junto ao router fornecido (Wi-Fi 6), na banda dos 5 GHz. Novamente, foram obtidas excelentes velocidades de download e upload, assim como valores de latência muito reduzidos.

As medições do desempenho do wi-fi numa divisão adjacente à do router devolveram resultados de download e upload muito interessantes: 480 e 434 Mbps, respetivamente, com tempos de latência de 6 milissegundos, que continuam a ser excelentes.