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Funções para otimizar o som dos televisores são pouco eficazes

A DECO PROTeste procurou, e testou em laboratório, funções destinadas a melhorar o som do televisor e, sobretudo, a perceção dos diálogos. Conclusão? Nem todas as marcas as contemplam e, mesmo quando o fazem, os resultados podem não ser os mais afinados. Saiba como contornar as limitações.

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03 novembro 2023
Homem com aparelho auditivo a ver televisão

iStock

Um filme não é um jogo de futebol, e um documentário não envolve as mesmas exigências de uma música. Para cada conteúdo reproduzido no televisor, é possível ajustar os parâmetros sonoros com programas predefinidos. Melhor ainda? Já existem televisores com modos inteligentes, que se adaptam automaticamente aos conteúdos que estão a ser visionados. E não se trata apenas de uma questão de gosto. Os utilizadores com dificuldades auditivas podem tirar especial proveito de funções destinadas a melhorar o som e, sobretudo, a perceção dos diálogos.

A DECO PROTeste levou a laboratório um televisor com 55 polegadas, de gama alta, por cada um dos principais fabricantes, e investigou a oferta de ajustes, a sua eficácia e o interesse para o utilizador. As funções analisadas? Regulação automática do volume sonoro, amplificação dos trechos vocais e sistemas que adaptam o som do televisor ao ambiente, todas com potencial para melhorar a captação dos diálogos.

Chegou à conclusão de que tais funcionalidades ainda não são uma prioridade para as marcas e, mesmo quando estão presentes, nem sempre revelam eficácia – veja os resultados do teste. Merece destaque, pela positiva, o Sony XR-55A80K, seguido de perto pelo LG OLED55C24LA. Mas estes televisores são caros, com preços mínimos que rondam os 1200 euros. Explore alternativas no comparador de televisores da DECO PROTeste.

Os resultados deste estudo, que incluiu ecrãs de gama alta, podem ser extrapolados para os restantes aparelhos de cada fabricante, ainda que com restrições. Se o efeito já é discreto em televisores avançados, sê-lo-á ainda mais em modelos com colunas de som de qualidade inferior.

Programas predefinidos, o que são?

Destinados a alterar o som do televisor de forma simples, os programas predefinidos estão em todos os televisores em maior ou menor número, ainda que com nomes diversos. Eis os mais comuns.

O modo Padrão ou Standard é o mais recomendado para a maioria dos utilizadores, pois mantém alguma dinâmica no som e um leque de frequências vasto e equilibrado.

O modo Cinema ou Filme traz mais impacto sonoro aos filmes. Tende a aumentar a gama dinâmica, sublinhando as diferenças entre uma cena silenciosa e a explosão que se segue. Podemos ver este modo como o oposto do Night mode, que era frequente nos sistemas de cinema em casa e nos amplificadores AV, e que reduzia a gama dinâmica e as diferenças sonoras, para que se pudesse ver um filme à noite, de modo silencioso. Se o televisor tiver uma função de som envolvente (surround), o modo Cinema irá beneficiar dessa capacidade.

O modo Música serve para isso mesmo. Quando está ativado, o televisor mostra menor atenuação dos baixos e dos agudos, o que afeta um pouco a perceção dos diálogos.

O modo Desporto, no geral, amplifica a reprodução das frequências médias e tenta criar um palco sonoro mais aberto, por forma a tornar, por exemplo, os comentários mais percetíveis. Mas o som torna-se mais artificial.

Já com o modo Discurso ou Diálogo, a ideia é tornar os diálogos mais percetíveis. Também aqui são evidenciadas as frequências médias, onde está integrada a voz humana.

Outros modos de calibrar o som no televisor

A calibração automática por microfone está presente em vários televisores, normalmente, mais avançados e com microfone no comando. Como funciona? O utilizador senta-se no local em que vê televisão e segura o comando junto ao peito ou à cabeça. O televisor emite um conjunto de frequências durante uns minutos, e vai recolhendo e analisando o som. Desta forma, consegue determinar características acústicas do local, como o reflexo das frequências nas paredes, e fazer as retificações aconselháveis. Há alguns anos, os ajustes automáticos vinham em kits de cinema em casa e amplificadores AV. Na altura, era fornecido um microfone para a configuração, pois não estava integrado no comando. A DECO PROTeste verificou, porém, que nem sempre estes ajustes obtêm melhorias expressivas no som.

Não sendo recente, o ajuste automático do volume está na maioria dos televisores. Destina-se a atenuar as diferenças de volume, por vezes, bem percetíveis, quando se alterna entre canais de televisão ou entre fontes de vídeo (por exemplo, ao passar dos canais de televisão para um vídeo do YouTube ou da Netflix). Embora tenham alguma eficácia, a DECO PROTeste constatou que estes sistemas nunca evitam por completo as flutuações do som.

Alguns televisores começam a incluir ainda modos inteligentes. As marcas dizem recorrer a inteligência artificial, para obterem a adaptação automática do som ao conteúdo em reprodução. Por exemplo, o televisor identifica estar na presença de um filme, e torna o som mais dinâmico, ou, ao começar um jogo de futebol, centra-se nas frequências médias.

Modos de som pouco convincentes

Para a análise do impacto dos ajustes, foram usadas sequências de vídeo com conversações em ambientes calmos e com ruído. Vejamos, caso a caso, como se comportaram.

No Samsung QE55S95B, o painel de utilizadores a que a DECO PROTeste recorre em testes de áudio não detetou nenhuma melhoria na parte vocal, com a função Active Voice Amplifier. Aliás, nem se percebe quando está ou não ligada. A opção Adaptive Sound+, que diz incidir na sonoridade geral, e não apenas na parte vocal, torna os diálogos algo mais percetíveis. Mas isso parece acontecer tanto para as vozes, como para todos os sons na mesma gama de frequências. Ou seja, a Samsung não conta com nenhuma solução que aumente a nitidez da parte vocal de forma eficaz.

No LG OLED55C24LA, um modelo entretanto substituído pelo OLED55C34LA, o modo Clear Voice Pro torna o som menos impactante, com menos graves, e gera flutuações de volume. Mas, de facto, as vozes tornam-se mais fáceis de entender, mesmo com bastante ruído de fundo. O ajuste automático a partir do som recolhido pelo microfone do comando (AI Acoustic Tuning) não deixou grande impressão. No mais favorável dos cenários, as melhorias sonoras são muito subtis.

No Philips 55OLED807, o uso da predefinição Dialogue aumenta um pouco os agudos, mas as vozes não ficam tão mais nítidas assim. Por sua vez, o sistema de calibração automática do som teve um efeito notório, mas não necessariamente para melhor. A reprodução dos baixos ficou atenuada, e a qualidade geral do som piorou. Porém, os diálogos melhoraram um pouco. A Philips inclui outra opção, com resultados um pouco melhores, mas que exige trabalho a localizar nos menus: o Personal mode – Clear dialogue.

No Sony XR-55A80K, a predefinição Dialogue resulta numa sonoridade mais centrada nas frequências médias, que torna a parte vocal bastante mais percetível. O ajuste automático por microfone consegue alguma separação dos canais do som, mas discreta.

No Panasonic TX-55LZ1000E, a utilização da predefinição Speech não trouxe diferenças percetíveis. Mesmo a opção Dialogue enhancement resultou apenas em pequenas melhorias da parte vocal.

No Hisense 55U8HQ, a predefinição Speech, vocacionada para os diálogos, tornou a perceção das vozes algo pior – o corte das frequências baixas não parece bem definido. O melhor é não o escolher, se quiser as vozes mais percetíveis...

Feitas as contas, não pode dizer-se que as funções oferecidas pelos fabricantes convençam. Mas há formas de melhorar o som. Explore as dicas da DECO PROTeste.

As opções para otimizar o som falham? Saiba como resolver

As soluções dependem das circunstâncias. Por isso, a DECO PROTeste imaginou três cenários.

Membro da família com dificuldades auditivas

O familiar que tem limitações auditivas pode usar auscultadores sem fios (por exemplo, com bluetooth ou um modelo específico para televisor), e regular o volume sonoro à sua vontade, enquanto os restantes recebem o som como normalmente. Muitos televisores já permitem separar o som proveniente das colunas (speakers) daquele que é fornecido aos auscultadores. Quando não é o caso, ao ligar os auscultadores, o som das colunas é cortado.

O som do televisor tem baixa qualidade

A solução passa por ligar outro aparelho ao televisor, que permita melhorar a qualidade sonora. Atualmente, o equipamento mais usado para o efeito é a barra de som (soundbar). Mas também pode recorrer à velha aparelhagem estéreo, a um kit de cinema em casa ou a um amplificador AV.

O som é bom, mas os diálogos são pouco percetíveis

Pode experimentar um modo predefinido do tipo Diálogo, se existir. Já se o televisor tiver equalizador, incremente as frequências médias e atenue as extremas (agudos e graves). Como a voz está situada na faixa das frequências médias, este truque deve aumentar a perceção dos diálogos.

Como ligar um aparelho externo ao televisor

Se o televisor não devolve a melhor das sonoridades, o mais simples é ligá-lo a uma barra de som ou a um kit de cinema em casa. Não tão prático, também é possível usar um amplificador ou uma aparelhagem.

Ligação HDMI

As barras de som (soundbars) e os amplificadores de áudio mais recentes trazem uma ligação HDMI, que é a solução mais simples e completa para estabelecer a ponte com o televisor. Permite, por exemplo, usar o comando do televisor para ajustar o som do amplificador externo. Não tem ligação HDMI? Veja se pode usar as saídas de áudio digitais, do tipo ótico ou coaxial.

Saída audio out

Não tem ligações digitais? Use a saída audio out, do tipo RCA estéreo, ou uma tomada estéreo de 3,5 mm, ambas pré-amplificadas, para ligar o televisor a um amplificador ou a uma aparelhagem. No geral, a ligação é feita com duas fichas (uma branca e outra vermelha) ou com um jack de 3,5 mm. É ainda possível usar a saída de auscultadores, se puder definir, no menu do televisor, que quer fazê-lo como audio out.

 

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