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Intolerância à lactose no bebé: causas, sintomas e tratamento

A intolerância à lactose é uma condição pouco frequente em bebés, mas pode acontecer. Saiba no que consiste, que sintomas identificar e o que fazer se suspeitar que o seu bebé tem este problema.

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03 outubro 2023
Grande plano de biberão com leite, deitado sobre uma mesa azul clara

iStock

Um terço da população portuguesa sofre de intolerância à lactose, estima a Sociedade Portuguesa de Gastroenterologia. Este problema manifesta-se através de desconforto intestinal, com diferentes sintomas.

O que é intolerância à lactose?

A intolerância à lactose é um problema causado pela deficiência de lactase, uma enzima. O organismo não produz lactase em quantidade suficiente para digerir completamente a lactose.

A lactose é o principal açúcar do leite, incluindo o humano, não apenas o de vaca, cabra e ovelha. Este açúcar pode, por isso, ser encontrado não só no leite, mas também nos derivados (como iogurte e queijo) e em todos os alimentos elaborados com esses ingredientes: pão, bolos, puré de batata instantâneo, crepes, pudins, gelados, pizzas, etc.

A lactose é composta por moléculas mais pequenas de outros dois açúcares (glicose e galactose). Para que a lactose seja bem digerida, estas moléculas têm de ser separadas, e é aqui que entra em ação a lactase, que se encontra no intestino.

Quando não existe lactase suficiente no organismo, nem todas moléculas de glicose e galactose são separadas, e o intestino não consegue absorver adequadamente estes nutrientes. O resultado é nefasto: abdómen inchado, cólicas, flatulência, náuseas, vómitos e diarreia são sintomas frequentes.

Causas de intolerância à lactose

A deficiência de lactase, que está na origem da intolerância à lactose, pode ter várias causas.

  • Défice primário de lactase: é a causa mais comum de intolerância à lactose, afetando 70% da população mundial, mas ocorre muito raramente em crianças com menos de dois anos. A partir dessa idade, dá-se naturalmente uma redução progressiva da produção da enzima, em graus e velocidades que variam de pessoa para pessoa.
  • Défice secundário de lactase: provocada por danos nas vilosidades do intestino delgado, que levam à diminuição da produção de lactase. Pode manifestar-se em qualquer idade, mas é mais comum na infância, devido a gastroenterite viral, giardíase (infeção parasitária do intestino delgado), doença celíaca e doença de Crohn. Regra geral, resolve-se no espaço de um a dois meses, dependendo da causa.
  • Défice de lactase no desenvolvimento: bebés que nascem prematuros (entre as 28-37 semanas de gestação) têm maior probabilidade de apresentar este tipo de intolerância. Esta condição é temporária, já que melhora com a idade (maturação intestinal).
  • Défice congénito de lactase: é um distúrbio muito raro, no qual os bebés afetados não conseguem decompor a lactose do leite materno ou de fórmula. Este tipo de intolerância caracteriza-se por diarreias abundantes que surgem após a introdução de leite. Os sintomas melhoram com o início de fórmula sem lactose. A restrição de lactose deve manter-se por toda a vida, embora crianças mais velhas e adultos possam vir a tolerar pequenas quantidades, dependendo da gravidade da doença.

A reação de pessoas com intolerância à lactose pode variar dependendo da quantidade de lactose consumida, do grau de deficiência de lactase, da composição da flora intestinal e da sensibilidade individual.

Quais são os sintomas de intolerância à lactose no bebé?

A intolerância à lactose nos bebés manifesta-se, sobretudo, sob a forma de diarreias graves, que podem causar irritação e escoriação perianal. Alguns bebés podem também sentir dor e distensão abdominal. Os sintomas podem ter início meia hora a uma hora após a ingestão de produtos lácteos.

Geralmente, o bebé com intolerância à lactose desde as primeiras semanas de vida apresenta um choro persistente e difícil de consolar.

Tratamento da intolerância à lactose no bebé

Pensa que o seu bebé pode ter intolerância à lactose? Consulte o médico assistente (médico de família ou pediatra), para que seja feito o diagnóstico correto.

O tratamento deverá sempre ser estipulado pelo médico. Passa, regra geral, por reduzir de forma substancial o consumo de alimentos ricos em lactose.

No entanto, se a produção de lactase estiver completamente ausente, o leite e todos os produtos derivados terão de ser eliminados na totalidade da alimentação. Nestes casos, é importante consultar a lista de ingredientes dos produtos, para identificar possíveis fontes de lactose.

Não deve fazer alterações à dieta do seu bebé sem o aconselhamento do profissional de saúde. Nesta fase, os produtos lácteos são essenciais para o normal desenvolvimento dos ossos, devido ao importante teor em cálcio.

É, por isso, fundamental encontrar alternativas, para que o bebé não seja privado de nutrientes necessários ao desenvolvimento.

  • Se o bebé ainda for alimentado exclusivamente com leite (materno ou adaptado), a solução poderá ser uma fórmula com baixo teor de lactose ou mesmo sem lactose, adequada à fase de desenvolvimento.
  • Na altura da diversificação alimentar, pode incluir alimentos ricos em cálcio (sardinha, espinafre e leguminosas, por exemplo).

Existe também a possibilidade de dar ao bebé lactase em gotas. Trata-se de um suplemento alimentar que contribui para uma melhor digestão da lactose. A necessidade da sua utilização deve ser sempre analisada pelo médico.

A intolerância à lactose melhora, geralmente, à medida que os bebés vão crescendo. Deverá também ser o médico a planear a reintrodução da lactose na dieta do bebé. Este açúcar contribui para a absorção do cálcio e para a riqueza da flora intestinal (embora não seja indispensável), pelo que, não havendo contraindicação, não é recomendado ser definitivamente eliminado da alimentação.

Intolerância à lactose e alergia à proteína do leite de vaca são a mesma coisa?

Apesar de serem frequentemente confundidos, trata-se de dois problemas distintos. Na alergia ao leite, há uma reação imunológica, e os sintomas são, geralmente, mais exuberantes.

Vários sistemas de órgãos podem ser afetados: pele, sistema gastrointestinal e sistema respiratório. Neste caso, o problema não é o açúcar do leite, mas a proteína presente no leite de vaca.

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