O café faz mal à saúde?

Seja em casa, no restaurante ou no café, para muitas pessoas é difícil resistir-lhe após a refeição. Há também quem não o dispense logo pela manhã ou ao lanche, puro ou misturado com leite. Falamos do café, claro, esse alimento versátil e que tem uma legião de fãs em todo o mundo. Mas também há quem não o aprecie, ou, mesmo gostando, não beba, invocando sintomas indesejáveis.

Têm sido feitos muitos estudos para determinar os efeitos da ingestão de café na saúde. As conclusões, por vezes, apontam em direções diferentes, mas, atualmente, reconhece-se que esta bebida tem alguns efeitos benéficos.

Café e saúde: o que se sabe?

Dos estudos conduzidos, são vários os efeitos na saúde associados ao café. Do lado dos potenciais benefícios do café para a saúde encontram-se a redução do cansaço e da sensação de fadiga, melhoria da concentração e do estado de alerta, entre outros. Os efeitos indesejáveis podem ser ansiedade, tremores, insónia, etc.

Apesar destes resultados, não existem alegações de saúde relativamente ao café autorizadas pela Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos (EFSA, do nome em inglês European Food Safety Authority). Tal significa que não há evidência científica que confirme os efeitos descritos. O mesmo acontece quanto à crença popular de que o café faz mal ao coração.

Existe, no entanto, um parecer da EFSA relativo à ingestão de cafeína (de todas as possíveis fontes, entre as quais café, chá e bebidas energéticas). Esta autoridade europeia de segurança alimentar reconhece que, para um adulto saudável, um consumo de 400 mg diários de cafeína (6 mg por quilo de peso corporal), em doses individuais de 200 mg, não representa um risco para a saúde.

Outros factos conhecidos acerca do consumo de cafeína:

• quem sofre de doenças cardiovasculares graves ou insónia deve evitar o consumo de cafeína;
• o consumo de cafeína deve ser reduzido em caso de úlceras gástricas ou epilepsia;
• mulheres grávidas e a amamentar devem restringir o consumo de cafeína a 200 mg por dia;
• os hipertensos devem limitar o consumo de cafeína, uma vez que a ingestão desta substância origina um aumento da pressão arterial num curto período após a ingestão (motivo pelo qual deve aguardar pelo menos 30 minutos para medir a pressão arterial após ingerir um alimento com cafeína);
• crianças e adolescentes não devem ingerir café e devem limitar a ingestão de cafeína através, por exemplo, das bebidas à base de cola.

Beber café em excesso faz mal?

Os efeitos na saúde de beber demasiado café estão relacionados com a ingestão excessiva de cafeína. Acima das doses recomendadas, os efeitos podem passar por inquietação, agitação, nervosismo, excitação, insónias, dores de cabeça, taquicardia, arritmias, aumento da frequência urinária (diurese) e problemas gástricos.

O consumo regular de cafeína pode também causar alguma habituação, ou seja, quem bebe muito café, se deixar de o consumir durante um ou dois dias, pode sentir privação. Alguns dos sintomas associados à abstinência de cafeína são, por exemplo, dor de cabeça, fadiga, diminuição do estado de alerta, sonolência, alterações do estado de humor e dificuldades de concentração, entre outros.

No Manual de Diagnóstico e Estatística das Perturbações Mentais (DSM-5), da Associação Americana de Psiquiatria, a abstinência de cafeína é considerada um transtorno. No entanto, a cafeína não pertence à lista de substâncias que causam dependência. 

Ingerir cafeína em excesso pode ainda interferir na absorção de determinados medicamentos, pelo que convém informar o seu médico se for um consumidor compulsivo de café ou outros alimentos com cafeína (chá, bebidas de cola e outros refrigerantes, bebidas energéticas, chocolate e leite achocolatado).

Quantos cafés é seguro beber por dia?

No geral, considera-se que a ingestão diária de dois ou três cafés não tem efeitos negativos. No entanto, a sensibilidade à cafeína varia muito de pessoa para pessoa.

Lembre-se ainda de que a cafeína não provém apenas do café. Convém, por isso, ter em conta todas as fontes de cafeína ao longo do dia. Eis as quantidades de cafeína presentes em algumas bebidas (em média):

• café (30 ml): 88 mg;
• bebida energética (250 ml): 74 mg;
• chá (200 ml): 47 mg;
• refrigerante de cola (330 ml): 29 mg;
• refrigerante à base de extratos de chá (330 ml): 20 mg;
• descafeinado (30 ml): 2 mg.

Se é um amante de chocolate, saiba também que 100 gramas de chocolate preto podem conter 64 mg de cafeína. Em 100 gramas de chocolate de leite, a quantidade de cafeína reduz para 16 miligramas.