Hipertensão: como prevenir e controlar
A hipertensão arterial é uma doença discreta e silenciosa, que, a longo prazo, pode ser fatal. Saiba como prevenir e controlar. Aprenda a medir os valores da pressão arterial de forma correta. Descarregue, ainda, o e-book com receitas para reduzir o risco cardiovascular.
- Especialista
- Ana Ventura
- Editor
- Rita Santos Ferreira e Fátima Ramos

A hipertensão arterial mata cerca de 10 milhões de pessoas, por ano, em todo o mundo. O mais grave é que quase metade dos adultos com hipertensão arterial não sabe que a tem. A principal forma de combater a doença passa por promover a sua prevenção.
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O que é hipertensão arterial?
É considerado hipertensão arterial (HTA) quando a pressão máxima (sistólica) é maior ou igual a 14 (140 mmHg — milímetros de mercúrio), e/ou a pressão mínima (diastólica) é maior ou igual a 9 (90 mmHg), quando medido em consultório médico. Se a medição da pressão arterial for feita em casa, considera-se hipertensão arterial quando a média dos valores medidos é superior a 135/85 mmHg.
É fulcral saber distinguir as elevações de pressão arterial ao longo do dia, por desempenhar determinadas atividades, de um aumento permanente.
Cada vez que o coração bate, bombeia o sangue para os vasos sanguíneos. E, à medida que o sangue é bombeado, cria uma pressão contra as suas paredes. Quanto mais alta for esta pressão, mais difícil é, para o coração, desempenhar as suas funções. A pressão arterial (PA) é, assim, a força exercida nas paredes das artérias, provocada pela circulação do sangue. E tem duas medidas:
- a pressão arterial sistólica — ou “máxima”, como é conhecida na gíria;
- e a pressão arterial diastólica — que conhecemos como “mínima”.
A primeira corresponde ao momento em que o coração contrai, enviando o sangue para todo o corpo. A segunda ocorre quando o coração relaxa para voltar a encher-se de sangue.
É uma doença silenciosa
Regra geral, a hipertensão arterial não provoca quaisquer sintomas nos primeiros anos de doença. Porém, nalguns casos, pode manifestar-se através de sintomas como cefaleias, tonturas, mal-estar, visão desfocada, dor no peito ou sensação de falta de ar. Sintomas estes que são comuns a outras doenças.
Com o passar dos anos, a pressão arterial elevada cria lesões nos vasos sanguíneos e em alguns órgãos vitais, como o cérebro, o coração ou os rins.
Esta doença é particularmente desafiante, porque é assintomática e silenciosa, que pode ter consequências fatais, pelo que, muitas das vezes, permanece escondida até ser detetada durante uma consulta de rotina ou evidenciada numa doença decorrente dela mesmo. A hipertensão arterial provoca lesões nas paredes das artérias, tornando-as menos elásticas e criando, assim, mais resistência. Assim, o coração tem de fazer mais força para bombear o sangue, podendo provocar insuficiência cardíaca. É responsável por cerca de metade das mortes relacionadas com doenças cardíacas e acidentes vasculares cerebrais (AVC) no mundo.
Hipertensão primária vs. secundária
A hipertensão arterial pode ser primária ou secundária. No primeiro caso, que é o mais frequente, a origem é multifatorial. Logo, não é possível identificar uma causa única. As causas estão relacionadas com hábitos e estilos de vida, tais como:
- peso elevado;
- consumo excessivo de sal;
- sedentarismo;
- ingestão de álcool.
A incidência aumenta com a idade.
Já a hipertensão arterial secundária, que representa apenas 5% a 10% dos casos, é causada por alguma síndrome ou doença preexistente. Entre as causas mais comuns estão doenças renais, a apneia do sono ou doenças nas glândulas suprarrenais (doença adrenocortical e feocromocitoma), por exemplo. Existem, ainda, medicamentos que podem causar, como efeito secundário, hipertensão arterial ou provocar o agravamento da já existente. Leia sempre o folheto informativo dos medicamentos que toma.
Meça a pressão arterial com regularidade
O diagnóstico da doença baseia-se na medição dos valores da pressão arterial e na verificação dos seus resultados. Deve fazer-se esta verificação mais do que uma vez, pois um valor isolado de pressão arterial alta não significa que a pessoa seja hipertensa.
A medição pode ser feita por um profissional de saúde, em consultório, ou pela própria pessoa em casa. Pode ser realizada uma monitorização contínua, através de um aparelho de monitorização ambulatória da pressão arterial (MAPA), durante 24 horas. A interpretação dos valores deverá ser sempre avaliada consoante o local de medição.
É crucial cruzar a informação retirada da medição feita por um profissional e a informação recolhida em casa, uma vez que podem ocorrer casos da famosa síndrome da bata branca — quando as pessoas não têm valores de pressão arterial elevados, mas, em ambiente hospitalar, ou na presença de um profissional de saúde, os valores registados estão acima dos 140/90 mmHg.
A pressão arterial deve ser avaliada três vezes com um ou dois minutos de diferença. Considere a média das duas últimas avaliações. Se medir em casa, registe a data e a hora para, depois, mostrar ao seu médico. Uma vez confirmada a existência de hipertensão arterial, devem ser feitos exames complementares, de forma a entender a sua origem e eventuais consequências.
Como medir de forma correta?
A medição deve ser feita num ambiente calmo, e o indivíduo deve estar emocionalmente descontraído e sem, por exemplo, uma urgência urinária. Não deve fumar, comer ou praticar exercício físico 30 minutos antes da medição, nem falar durante a mesma. Sente-se com as costas apoiadas, com as pernas descruzadas e os pés pousados no chão. Pouse o braço, sem roupa, na mesa. Coloque a braçadeira a meio do braço, ao nível do coração, ajuste-a e siga as instruções do dispositivo.
Como controlar a doença?
Não existe uma cura para a hipertensão arterial primária, pelo que o tratamento consiste em normalizar os valores da pressão arterial com medidas farmacológicas e comportamentais.
Cada caso deve ser avaliado com cautela para que as opções de controlo sejam as mais adequadas. Ao nível comportamental:
- controle o seu peso. Mantenha um índice de massa corporal (IMC) entre os 18,5 e os 24,9, que são os valores normais para adultos;
- faça atividade física. Evite o sedentarismo. A Organização Mundial da Saúde recomenda, pelo menos, 150 a 300 minutos, por semana, de atividade física moderada;
- reduza o stress. Promova momentos de relaxamento no seu dia-a-dia;
- tenha hábitos de sono saudáveis;
- faça uma alimentação saudável. Adote uma alimentação variada e equilibrada, ingerindo diariamente frutas e vegetais e evitando alimentos processados e gorduras animais;
- reduza o sal. Consuma, no máximo, cinco gramas diárias de sal, e não se esqueça de que o sal pode estar também presente nos alimentos processados;
- não tenha comportamentos de risco. Não fume e restrinja a ingestão de bebidas alcoólicas;
- siga à risca as prescrições médicas. Tome só os medicamentos prescritos pelo seu médico.
Em relação às medidas farmacológicas, dependendo da gravidade da HTA e do seu risco cardiovascular, poderá ter de receber tratamento anti-hipertensivo, acompanhado pelas mudanças no estilo de vida mencionadas. Consoante a idade, o sexo, o grau de hipertensão arterial, a presença de outras comorbilidades e os efeitos secundários, os médicos assistentes definem que tipo de medicação cada paciente precisa. Por vezes, a medicação tem de ser ajustada várias vezes até encontrar a combinação perfeita para um determinado caso. Siga à risca as indicações do seu médico. Se se tratar de uma HTA secundária, o tratamento pode passar por tratar a doença de base.
Como se manifesta a hipertensão em crianças e grávidas?
Existem grupos nos quais esta doença se manifesta de forma diferente. Por exemplo, na infância, a hipertensão arterial parece ser causada pela interação de fatores genéticos e ambientais, que começam a atuar precocemente. Os fatores genéticos podem resultar, por exemplo, de alterações nos mecanismos que contribuem para o controlo da pressão arterial. Já os fatores ambientais estão relacionados com um estilo de vida pouco saudável — alimentação rica em sal, obesidade infantil, stress e sedentarismo. Muitos dos casos de hipertensão infantil são também consequência de doenças renais, vasculares ou de alterações hormonais.
A medição da pressão arterial deve ser feita, anualmente, nas consultas de vigilância, a todas as crianças a partir dos três anos (exceto em crianças de grupos de risco, que, por exemplo, têm problemas cardíacos, e nas quais a medição deve ser feita mais cedo). A pressão arterial aumenta com a idade e com o crescimento corporal. Por isso, nas crianças, é impossível usar um único nível de pressão arterial. Assim, até aos 15 anos, inclusive, a hipertensão arterial é diagnosticada através da comparação da pressão arterial com a de 95% das crianças do mesmo sexo, idade e altura.
Outro grupo especial são as grávidas. Estima-se que 6% das mulheres apresentem uma perturbação hipertensiva durante a gravidez ou no puerpério. A tensão arterial elevada na mãe pode colocar ambos — a mãe e o bebé — em risco, quer durante a gravidez, quer no pós-parto, levando, por vezes, a um parto prematuro.
A tensão elevada materna pode manifestar-se de três formas:
- hipertensão crónica ou preexistente, que já existia antes de a mulher engravidar, ou começou antes da 20.ª semana de gravidez, e que se prolonga após o parto;
- hipertensão gestacional, que se desenvolve depois das 20 semanas de gravidez e desaparece nas 12 semanas após o parto;
- pré-eclâmpsia, que pode estar associada a uma das anteriores e que aparece no último trimestre da gravidez. Esta última associa a pressão arterial elevada a um aumento de proteínas na urina. Por exemplo, nascimentos prematuros, bebés com peso baixo e mortes fetais são mais frequentes em mulheres com pré-eclâmpsia.
É uma doença genética?
A hipertensão arterial é um distúrbio altamente heterogénio e multifatorial, ou seja, não tem só uma causa e pode advir de vários fatores. Se a sua origem for secundária, existem formas raras que ocorrem devido a uma única mutação genética. Já na hipertensão arterial primária, estima-se que os fatores genéticos sejam responsáveis por cerca de 30% da variação da tensão arterial em várias populações. Porém, a rotina clínica não analisa perfis genéticos, mas aposta, sim, no apelo à mudança de comportamentos, que são maior causa de hipertensão arterial.
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