Saúde com desconto

A saúde não tem preço, diz-se amiúde. Mas tem custos, e quase sempre demasiado elevados para quem não pode socorrer-se do SNS. Muitos consumidores procuram, por isso, alternativas que possibilitem aceder a cuidados no setor privado sem desfigurar a carteira. Seguros, planos e cartões proliferam no mercado, vendendo a ideia de que a saúde, mesmo fora do SNS, está ao alcance de todos e por pouco.

E o que é certo é que estes produtos popularizaram-se entre os portugueses, confundindo-se tantas vezes. Marketing oportunista e contratos pouco claros têm certamente culpas no cartório, não tornando óbvias as diferenças que separam os planos e os cartões dos seguros. Quantos consumidores reportaram ter adquirido um plano de saúde, que não oferece mais do que descontos, pensando ter contratado um seguro?

Ciente das expectativas defraudadas dos consumidores, a ASF, autoridade supervisora dos seguros, recomendou recentemente às companhias que evitem usar o termo "plano" para diferenciar os pacotes de coberturas dos seus seguros e que sejam mais explícitas na informação pré-contratual e contratual. Uma recomendação que deveria ser uma obrigação, no entender da DECO PROteste.

Mas também os contratos dos planos de saúde pecam por falta de informação clara acerca dos serviços, descontos, duração e forma de cancelar o contrato, o que suscita centenas de reclamações junto da organização de defesa do consumidor. Também, por isso, entende aquela que a supervisão dos planos e cartões seja assegurada por um regulador próprio, e não pela ASAE. Uma área tão sensível quanto a saúde merece melhores cuidados.