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Quanto pode poupar se escolher o medicamento mais barato

Há medicamentos genéricos mais caros do que outros genéricos. Escolher os mais baratos pode valer centenas de euros de poupança ao consumidor, revela estudo da DECO PROteste. Saiba em que circunstâncias tem direito de opção na farmácia, como descobrir o medicamento mais barato e quanto é possível economizar.

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27 novembro 2024
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comprimidos em cima de notas de euro

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Muitos portugueses gastam mais do que o necessário em medicamentos, porque, na grande maioria das vezes, não compram a alternativa mais barata disponível no mercado. A conclusão é de um estudo da DECO PROteste feito com base numa recolha de preços no site do Infarmed realizada em julho. E quanto poderiam poupar se o fizessem? Para responder a esta questão, a organização de consumidores analisou o preço de 112 fármacos das 200 marcas com maior volume de vendas em Portugal, em 2023. Verificou, para cada um, qual o medicamento mais barato disponível no mercado. Da amostra fizeram apenas parte medicamentos sujeitos a receita médica e com grupo homogéneo.

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O que são grupos homogéneos de medicamentos?

Os grupos homogéneos são conjuntos de fármacos com as mesmas substâncias ativas, em quantidade e qualidade, e igual forma farmacêutica, dosagem e via de administração, entre os quais se encontra, pelo menos, um genérico (em geral, há mais). Assim sendo, do ponto de vista terapêutico, é indiferente optar por um ou outro dos fármacos do grupo. O mais racional seria, pois, comprar o mais barato. Contudo, dos 112 medicamentos mais consumidos e analisados, apenas seis primavam por serem os menos dispendiosos, na primeira quinzena de julho, altura em que foram recolhidos os preços no site do Infarmed. Ou seja: na grande maioria da amostra, o consumidor poderia poupar na fatura da farmácia. Enfatiza-se a palavra consumidor, dado que o valor a cargo do Estado é o mesmo para todos os medicamentos do grupo homogéneo. Isto porque as percentagens de comparticipação definidas por lei não se aplicam ao preço de venda ao público (PVP), mas ao chamado preço de referência. Este, por regra, corresponde à média dos cinco medicamentos mais baratos do grupo homogéneo. Um exemplo: imaginemos que o preço de referência de um destes grupos é 10 euros, e a comparticipação de 37 por cento. O custo para o Estado é de 3,7 euros em todos os medicamentos do grupo homogéneo, cabendo o restante ao consumidor. Assim, dependendo do valor da comparticipação, em euros, o medicamento tanto pode ser disponibilizado ao utente gratuitamente como por um valor relativamente próximo do preço de venda ao público.

Preço no guia de tratamento: podem cobrar-me mais?

Quando é emitido o guia de tratamento referente a um medicamento prescrito por princípio ativo – como ibuprofeno ou paracetamol –, a chamada denominação comum internacional (ou DCI), à frente da validade da receita aparece a indicação de que a prescrição "custa-lhe, no máximo, x euros, a não ser que opte por um medicamento mais caro". O valor que é indicado nesta frase significa que existem alternativas mais baratas à venda, mas também mais caras, e corresponde ao custo mais elevado do conjunto dos cinco medicamentos mais baratos que pode escolher com aquela prescrição. Para usufruir do valor máximo de comparticipação, o utente deve solicitar o medicamento genérico mais barato e não deve pagar mais do que o valor indicado na frase.

Já se a expressão for "Este medicamento custa-lhe, no máximo, x euros", não há hipótese de ter acesso a um medicamento mais barato. O valor indicado corresponde ao custo a pagar pelo utente, uma vez que não existe qualquer alternativa ao medicamento prescrito.

Consumidores exigem mais informação ao consumidor

Os medicamentos são um fardo pesado para muitos consumidores, ainda mais porque a maioria não está a escolher os de menor preço. Não será certamente por vontade de pagar mais. Importa apostar na formação dos doentes e facilitar o acesso à informação para que possam fazer escolhas informadas e conscientes. Os farmacêuticos têm um papel crucial nesta área, pela proximidade com os utentes, mas campanhas mediáticas também podem contribuir para a literacia.

Ao nível prático, a receita médica devia incluir o preço e o nome do medicamento mais barato do grupo homogéneo, para que o paciente pudesse pedi-lo diretamente na farmácia.

A DECO PROteste exige também o cálculo dinâmico do preço de referência, de modo a incluir sempre os cinco medicamentos mais baratos do grupo homogéneo, sejam da marca original, sejam genéricos, que se encontram à venda em cada momento.

Por fim, e mais importante, é preciso que o Estado reforce o investimento na prevenção, de modo a promover o bem-estar, reduzir a probabilidade de doença e, assim, o recurso à medicação. É a melhor forma de poupar.

 

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