Paracetamol na gravidez e autismo: autoridades dizem que não há relação
Não existem provas que permitam relacionar a toma de paracetamol durante a gravidez com o risco de alterações do neurodesenvolvimento, garantem a EMA e o Infarmed. Estes esclarecimentos surgem depois de o presidente dos EUA ter relacionado a toma deste fármaco com o autismo. Saiba o que está em causa.

O paracetamol (ou acetaminofeno) é um medicamento amplamente utilizado para reduzir a dor ou a febre, incluindo durante a gravidez. Há vários anos que a possível associação entre o uso de paracetamol na gravidez e a ocorrência de alterações do neurodesenvolvimento é alvo de investigação científica, mas os resultados disponíveis não permitem estabelecer uma relação de causalidade entre a toma deste fármaco e o autismo. Contudo, no início desta semana, o presidente dos Estados Unidos da América (EUA), Donald Trump, realizou uma conferência de imprensa na qual afirmou existir uma relação entre o uso de paracetamol durante a gravidez e a administração de vacinas com um risco aumentado de desenvolvimento de autismo.
Sem apresentar qualquer evidência científica, o presidente dos EUA recomendou ainda que as grávidas daquele país evitassem a toma de Tylenol (nome comercial do acetaminofeno nos EUA) e anunciou a intenção de alterar o calendário vacinal infantil dos EUA, para deixar de recomendar a administração da vacina contra a hepatite B em bebés.
Paracetamol "pode continuar a ser utilizado durante a gravidez", assegura Infarmed
No seguimento destas declarações, o Infarmed emitiu um comunicado em que esclarece que a evidência científica disponível não associa o uso de paracetamol durante a gravidez ao risco de malformações no feto em desenvolvimento, nem nos recém-nascidos.
O Infarmed assegura que, "quando necessário, o paracetamol pode ser utilizado durante a gravidez. Tal como acontece com qualquer medicamento para tratamento agudo, deve ser usado na menor dose eficaz, pelo período mais curto possível e com a menor frequência necessária".
A autoridade nacional do medicamento afirma ainda que as autoridades nacionais competentes na União Europeia (UE) continuarão a monitorizar a segurança dos medicamentos que contêm paracetamol.
Segurança do paracetamol na gravidez reafirmada por OMS e EMA
A Organização Mundial da Saúde (OMS) também já veio confirmar que a possível associação entre o uso de paracetamol durante a gravidez e o autismo tem sido investigada, mas os resultados obtidos até ao momento são inconsistentes. Durante uma conferência de imprensa, o porta-voz da OMS Tarik Jašarević disse ainda que "as vacinas não causam autismo" e "salvam inúmeras vidas".
Esta posição foi também corroborada pela Agência Europeia do Medicamento (EMA), que referiu não existir nova evidência que justifique mudanças nas recomendações da União Europeia quanto ao uso de paracetamol durante a gravidez.
Em 2019, a EMA reviu os estudos científicos disponíveis sobre o neurodesenvolvimento de crianças expostas ao paracetamol in utero e chegou à conclusão de que os resultados eram inconclusivos, não sendo possível estabelecer uma ligação entre a toma deste fármaco e o desenvolvimento de perturbações do neurodesenvolvimento, como o autismo.
Em caso de dúvidas fale com o seu médico assistente
O paracetamol (conhecido pela marca Ben-u-ron) é um fármaco com propriedades analgésicas e antipiréticas, amplamente usado no alívio da dor ou da febre, incluindo em contexto pediátrico e durante a gravidez.
Tal como explicado pelo Infarmed e pela EMA, os medicamentos com paracetamol continuam a ser uma opção terapêutica viável e podem ser usados durante a gravidez. No entanto, devem ser sempre utilizados na menor dose eficaz, pelo menor tempo possível, e apenas quando necessário. Em caso de dúvidas sobre a utilização de qualquer medicamento, as grávidas devem consultar um profissional de saúde.
A toma de qualquer medicamento deve respeitar a dosagem e o regime de administração indicado no folheto informativo ou recomendados pelo médico assistente. A DECO PROteste conta com uma calculadora que ajuda também a determinar a dose certa de analgésicos a dar a uma criança.
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